Apostas: presidente da Febraban defende proibição do uso de cartões

Nesta quinta-feira (12), durante um evento em São Paulo, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, defendeu a proibição imediata do uso de cartões de crédito para o pagamento de apostas eletrônicas e esportivas. A fala de Sidney surge em um contexto de preocupações crescentes com o aumento da inadimplência no Brasil, impulsionadas pelo crescimento das apostas online.

Segundo Sidney, o uso de cartões de crédito em sites de jogos online compromete a renda das famílias brasileiras, levando ao endividamento e à inadimplência. “Eu particularmente entendo – e essa é uma posição pessoal – que o governo deveria usar todos os meios legais para proibir, imediatamente, o uso do cartão de crédito para a realização de jogos”, afirmou o presidente da Febraban. Ele ressaltou que a proibição já existe, mas ainda não está sendo aplicada com eficácia. Por isso, causa um impacto negativo no consumo das famílias.

Impactos econômicos causadas por apostas

A proposta de Sidney é baseada na preocupação de que o uso de crédito para apostas pode agravar o quadro de inadimplência, o que afeta a economia de forma mais ampla. O presidente da Febraban destacou que o uso descontrolado dos cartões já tem reflexos na capacidade das famílias de manter seus pagamentos em dia. O aumento das apostas, aliado à facilidade de usar o crédito, tem levado muitos apostadores a se endividarem, o que pode gerar um efeito cascata no mercado financeiro, com a elevação dos juros e restrição de crédito.

O aumento da inadimplência nas apostas esportivas também preocupa o setor bancário, já que isso pode elevar os riscos para concessão de crédito no país. “O cartão é um produto fundamental e seu uso para apostas já está afetando o consumo das famílias e aumentando a inadimplência”, reforçou Sidney.

Regulação do mercado de apostas

A questão do controle das apostas esportivas e eletrônicas no Brasil já vem sendo discutida há algum tempo. Em abril deste ano, o Ministério da Fazenda anunciou que as apostas eletrônicas no Brasil só poderão ser pagas por meio de Pix, transferências bancárias ou débito a partir de janeiro de 2025. Essa medida faz parte da nova regulamentação das bets.

No entanto, Sidney defende que essa proibição precisa ser antecipada, pois visa controlar o impacto imediato na economia e prevenir o superendividamento das famílias brasileiras. Ele afirmou que a Febraban está analisando o efeito das apostas no crescimento do endividamento e ressaltou a importância de um controle mais rigoroso sobre a atividade.

Segundo o presidente da Febraban, o uso de cartões de crédito para apostas pode ainda pressionar a taxa de juros para concessão de crédito, uma vez que o risco de inadimplência cresce junto com o aumento das apostas.

Preocupações com o superendividamento

Sidney mencionou que a facilidade de acesso aos sites de apostas, aliada ao uso de crédito, pode levar muitas pessoas a um cenário de superendividamento, comprometendo sua saúde financeira. O superendividamento é um problema grave no Brasil que afeta milhões de brasileiros que não conseguem pagar suas dívidas e manter o consumo básico. As apostas, embora reguladas, apresentam um risco adicional para a estabilidade financeira das famílias.

O presidente da Febraban acrescentou que já tratou do tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e destaca que é preciso tomar medidas mais rápidas para conter o avanço desse problema.

Embora a medida para bloquear o uso de cartões de crédito já esteja prevista para entrar em vigor no início do próximo ano, Sidney acredita que essa mudança precisa ser antecipada para evitar maiores danos à economia e ao sistema financeiro.

A Febraban, por sua vez, já tem monitorado os efeitos da prática na economia, em especial no comportamento de crédito das famílias brasileiras. A preocupação é que, sem uma regulamentação mais imediata, o número de pessoas endividadas com jogos eletrônicos continue a crescer, afetando não apenas as finanças pessoais, mas também a economia de maneira geral.

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Proibição e impacto no setor de apostas

A regulamentação do mercado é um tema controverso no Brasil. Enquanto alguns defendem que o setor deve ser mais controlado para evitar problemas de inadimplência e superendividamento, outros argumentam que o crescimento desse mercado pode gerar receitas significativas para o governo e impulsionar o turismo e o entretenimento.

A proibição do uso de cartões de crédito, embora vista como uma medida necessária por Sidney, pode impactar diretamente o volume de apostas, uma vez que muitos usuários dependem dessa forma de pagamento. A expectativa é que o uso exclusivo de Pix, transferências e débitos possa diminuir o número de apostadores, ao tornar o processo menos acessível para aqueles que não têm recursos imediatos para gastar em apostas.

A defesa de Isaac Sidney para antecipar a proibição do uso de cartões de crédito em apostas eletrônicas reflete uma preocupação crescente com o endividamento das famílias e a estabilidade do sistema financeiro. Com a inadimplência em alta e o aumento das apostas esportivas, a antecipação da medida pode ser uma forma de mitigar os impactos negativos na economia e proteger os consumidores de se afundarem em dívidas.

O governo federal, por meio do Ministério da Fazenda, já indicou que está ciente do problema, mas a entrada em vigor da nova regulamentação ainda está prevista para 2025. Com a pressão da Febraban, a antecipação dessa medida pode ser um passo importante para controlar o avanço do endividamento no Brasil.

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