Em meio a um cenário de estabilização do mercado automotivo, a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) anunciou, no início de outubro, uma leve elevação em sua previsão de vendas de veículos novos no Brasil para 2024. A entidade ajustou sua estimativa de crescimento de 14,7% para 15,1%, totalizando 2,65 milhões de unidades vendidas até o final do ano. O principal fator para essa correção foi o bom desempenho dos segmentos de caminhões e ônibus, os quais apresentaram um crescimento significativo nos últimos meses.
Aumento nas vendas de caminhões e ônibus impulsiona o setor
A revisão nas projeções de vendas foi motivada, em grande parte, pela evolução nos segmentos de caminhões e ônibus. A Fenabrave aumentou sua previsão para o crescimento das vendas de caminhões, de 12% para 18,5%, enquanto a expectativa para os ônibus, que inicialmente era de estabilidade, passou para uma alta de 5%. Esse desempenho acima do esperado reflete o fortalecimento do setor de transporte de cargas e de passageiros que vêm demonstrando uma recuperação consistente ao longo de 2024.
Por outro lado, a previsão para os licenciamentos de carros de passeio e veículos comerciais leves, que compõem a maior parte do mercado, foi mantida. A entidade projeta um crescimento de 15%, com expectativa de atingir 2,5 milhões de unidades até o final do ano. Essa estabilidade na projeção para o segmento reflete uma retomada mais lenta, porém contínua, das vendas de carros de passeio, especialmente diante das dificuldades macroeconômicas que o setor enfrentou nos últimos anos.
Fenabrave revela que desempenho do setembro: queda mensal, mas avanço anual
Em setembro de 2024, as vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus somaram 236.353 unidades, o que representou uma leve queda de 0,4% em relação a agosto. Apesar da pequena retração no comparativo mensal, o número representa um crescimento expressivo de quase 20% em comparação com o mesmo período de 2023. No ano anterior, as vendas foram impactadas por um movimento de antecipação de compras motivado por incentivos do governo federal, o que acabou distorcendo os números.
O desempenho de setembro também mostrou uma recuperação nas vendas diárias de veículos. Segundo a Fenabrave, o volume de emplacamentos por dia útil chegou a 19,7 mil unidades, superando os 18,2 mil de julho e os 19,2 mil de agosto. Esses meses, até então, registravam os maiores volumes de vendas do ano, o que reforça a ideia de que o mercado está em fase de estabilização, com um bom ritmo de comercialização de veículos.
José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, destacou em comunicado que esse cenário é um sinal positivo para o setor. “Isso mostra que o mercado está se estabilizando com um bom volume de vendas e que as projeções da Fenabrave estão assertivas”, afirmou Andreta. Ele também ressaltou que, apesar do aumento dos juros pelo Banco Central em agosto, não houve impacto significativo na oferta de crédito para o financiamento de veículos, o que manteve o fluxo de vendas constante.
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Financiamento e juros: impacto moderado no setor automotivo
A estabilidade nas vendas de veículos novos em um cenário de juros elevados é um dos pontos que chama a atenção. O aumento da taxa Selic, promovido pelo Banco Central em agosto de 2024, não teve um impacto direto sobre a concessão de crédito para financiamentos de automóveis. Embora as taxas de financiamento tenham ficado mais altas, as condições de acesso ao crédito não foram drasticamente alteradas, permitindo que o mercado continuasse a crescer.
Esse fenômeno pode ser explicado, em parte, pela demanda reprimida nos últimos anos, quando os consumidores adiaram a compra de veículos novos devido à pandemia e às incertezas econômicas. Agora, com uma economia em recuperação e uma maior oferta de crédito, o setor automotivo tem conseguido se manter resiliente, com vendas em alta mesmo em um ambiente de juros altos.
Além disso, o avanço tecnológico nos modelos de financiamento e a diversificação das opções oferecidas aos consumidores têm contribuído para manter o mercado aquecido. Bancos e financeiras estão criando soluções mais flexíveis para a aquisição de veículos, como planos de pagamento mais longos, juros fixos em parte dos contratos e opções de leasing, o que facilita a vida do consumidor que busca trocar de carro ou adquirir um veículo novo.
Perspectivas para o setor em 2024
Com o ajuste positivo nas previsões de vendas e o bom desempenho de segmentos estratégicos como o de caminhões e ônibus, as expectativas para o mercado automotivo em 2024 continuam favoráveis. A Fenabrave projeta que, até o final do ano, o Brasil deve licenciar 2,65 milhões de veículos, com destaque para a recuperação dos modelos pesados e comerciais leves.
Entretanto, a entidade ainda alerta para a necessidade de acompanhar de perto a evolução das condições macroeconômicas, como a política de juros e a inflação, que podem impactar o poder de compra dos consumidores nos próximos meses. Além disso, a oferta de crédito e os incentivos do governo federal continuarão sendo fatores cruciais para a manutenção do crescimento do setor.
Em suma, o cenário atual é de otimismo cauteloso para o mercado automotivo. A estabilização das vendas, aliada a projeções positivas para o restante do ano, sugere que 2024 pode ser marcado como o ano de recuperação para o setor de veículos novos no Brasil, impulsionado pela alta demanda em segmentos estratégicos e pela resiliência do consumidor brasileiro.
