13º salário: como calcular o pagamento?

Entenda como fazer o calculo do 13º e outras questões sobre o pagamento

O 13º salário, um benefício anual aguardado por milhões de brasileiros, tem o potencial de injetar uma quantia expressiva na economia do país. De acordo com estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o pagamento da gratificação natalina em 2024 pode movimentar mais de R$ 321 bilhões.

Esse montante considerável é resultado da expectativa de que cerca de 92,2 milhões de trabalhadores brasileiros recebam, em média, R$ 3 mil a título de décimo terceiro salário. Instituído no Brasil em 1962, esse benefício tem se consolidado como uma importante fonte de renda para as famílias brasileiras, especialmente no final do ano, período em que as despesas costumam aumentar.

Calendário destacando prazos de pagamento do 13º salário
Descubra como calcular o 13º salário, quem tem direito, prazos de pagamento e os descontos aplicados |Foto: Reprodução/Freepik

A injeção desse volume de recursos na economia pode estimular o consumo, impulsionando diversos setores, como comércio, serviços e indústria. Além disso, o décimo terceiro salário contribui para a melhora do poder aquisitivo da população, estimulando a economia e gerando novos empregos.

Para esclarecer as principais dúvidas sobre o décimo terceiro salário, segue abaixo um guia completo com as perguntas mais frequentes sobre o tema.

Até quando devo receber a primeira parcela?

A primeira parcela do décimo terceiro salário deve ser recebida até o dia 29 de novembro, próxima sexta-feira. É crucial ficar atento a esse prazo, pois ele é estabelecido por lei. A segunda parcela, por sua vez, tem como data limite o dia 20 de dezembro.

Ao cumprir esses prazos, as empresas garantem que seus funcionários recebam a gratificação natalina de forma correta e dentro do período determinado pela legislação trabalhista.

Quem tem direito ao décimo-terceiro?

Trabalhadores que possuem vínculo empregatício formal, ou seja, aqueles que estão registrados sob a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), assim como servidores públicos, aposentados e pensionistas, têm direito ao 13º salário.

Esse benefício consiste no pagamento de uma gratificação anual equivalente a um salário, que visa complementar a renda dos trabalhadores e proporcionar recursos extras, principalmente para as celebrações de fim de ano.

A partir de 15 dias trabalhados em um mesmo emprego, o trabalhador já adquire o direito ao 13º salário. O valor a ser pago é proporcional ao tempo de serviço durante o ano.

É importante ressaltar que alguns casos especiais podem influenciar o recebimento do 13º salário. Trabalhadores dispensados por justa causa, ou seja, aqueles que foram demitidos por algum motivo grave, não têm direito a essa gratificação.

Por outro lado, aqueles que foram dispensados sem justa causa têm direito ao pagamento proporcional do 13º salário, juntamente com as demais verbas rescisórias.

Os trabalhadores que estão de licença maternidade, afastados por motivo de doença ou acidente de trabalho também têm direito ao 13º salário. Nesse caso, o pagamento é efetuado normalmente, considerando o período em que o trabalhador esteve afastado.

É cobrado algum imposto?

Sim. Ao receber o 13º salário, é comum notar uma diferença entre o valor da primeira e da segunda parcela. Isso ocorre porque, na segunda parcela, são descontados o Imposto de Renda e as contribuições previdenciárias (INSS).

Esses descontos incidem sobre o valor total do benefício, sendo calculados e retidos diretamente na fonte pagadora. Diferentemente da primeira parcela, que é paga de forma integral, a segunda parcela já vem com esses valores deduzidos, resultando em um valor líquido menor para o trabalhador.

Como é calculado o décimo-terceiro?

O décimo terceiro é o pagamento de um salário extra ao trabalhador no final de cada ano, que corresponde a 1/12 da remuneração por mês trabalhado. Para saber o valor, basta dividir a remuneração integral (salário bruto) por 12 e multiplicar pelo número de meses trabalhados.

Para um salário bruto de R$ 2 mil, considerando alguém que tenha trabalhado todo o ano (12 meses), por exemplo, a primeira parcela seria de R$ 1 mil e a segunda, de R$ 919,90, após desconto de 9% do INSS – nessa faixa de salário, não há desconto de imposto de renda.

A função econômica e social do 13º Salário

O 13º salário não é apenas um direito trabalhista; ele também desempenha um papel essencial na economia brasileira. Todos os anos, o pagamento desse benefício movimenta bilhões de reais, impulsionando o consumo e ajudando a aquecer setores como o comércio e os serviços, especialmente no período de festas de fim de ano. Em 2024, por exemplo, estima-se que o 13º salário injete mais de R$ 320 bilhões na economia, beneficiando cerca de 85,5 milhões de brasileiros.

Do ponto de vista social, o 13º salário é uma ferramenta de redistribuição de renda. Ele permite que trabalhadores tenham um reforço financeiro para lidar com as despesas de fim de ano, como presentes, viagens e contas atrasadas. Além disso, muitas famílias utilizam esse recurso para poupar, investir ou quitar dívidas, melhorando sua saúde financeira.

Por que é um direito, e não um bônus ?

Um dos principais equívocos relacionados ao 13º salário é vê-lo como um “presente” ou um “bônus”. Na verdade, ele é um direito conquistado e está diretamente ligado à quantidade de trabalho realizado ao longo do ano.

A lógica por trás do benefício é matemática: o ano possui 52 semanas, que divididas por 4 (a média de semanas em um mês), resultam em 13. Assim, o 13º salário é uma forma de compensar o trabalhador pelas semanas excedentes que ele trabalhou.

Segundo a educadora financeira Mila Gaudencio, compreender o 13º salário como um direito, e não como um ganho inesperado, ajuda o trabalhador a administrar melhor o recurso. Quando se entende que esse dinheiro é fruto de esforço e dedicação, há uma tendência maior em utilizá-lo de maneira consciente e planejada.

O 13º salário é um marco das conquistas trabalhistas no Brasil. Ele simboliza a força dos movimentos sindicais e a capacidade dos trabalhadores de se organizarem para alcançar direitos fundamentais. Além disso, o benefício é uma prova de que a luta por melhores condições de trabalho não é apenas legítima, mas também essencial para garantir dignidade e justiça social.

Mais do que uma gratificação, o 13º salário é um exemplo de como os direitos trabalhistas são construídos e consolidados ao longo do tempo. Sua história nos lembra que avanços sociais não vêm sem esforço e que a organização e a mobilização continuam sendo ferramentas poderosas para a construção de um país mais justo e igualitário.

O contexto histórico e a luta pela conquista

A história do 13º salário no Brasil é marcada por movimentos trabalhistas que datam das primeiras décadas do século XX. Inspirados por conquistas semelhantes em outros países, como a Itália fascista, onde o benefício foi implementado em 1937 como uma medida obrigatória para algumas categorias, os trabalhadores brasileiros começaram a reivindicar algo similar.

No entanto, a realidade no Brasil era bem distinta. No início, algumas empresas ofereciam cestas básicas ou pequenos presentes como forma de gratificação natalina. Esse gesto, que era voluntário e esporádico, não atendia às reais necessidades dos trabalhadores, especialmente em períodos de alta inflação e crise econômica.

Os anos 1940 e 1950 foram marcados por greves e mobilizações para transformar o abono de Natal em um direito consolidado. Em 1943, durante a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os trabalhadores pressionaram para incluir a gratificação natalina no texto legal, mas o benefício não foi incorporado.

Ainda assim, a luta continuou. Um exemplo emblemático ocorreu em Santo André (SP), quando operários da Pirelli paralisaram suas atividades para reivindicar o benefício, inspirando mobilizações em outras regiões do país.

Foi apenas nos anos 1960, com o fortalecimento dos sindicatos e o aumento das pressões sociais, que o movimento ganhou força política suficiente para alcançar a aprovação do 13º salário como lei. O cenário político era intenso: o Brasil enfrentava altas taxas de inflação, um crescimento da dívida externa e um ambiente polarizado entre forças de direita e esquerda.

Nesse contexto, a greve geral de 1962, ocorrida logo após o bicampeonato do Brasil na Copa do Mundo, foi decisiva para pressionar o governo e o Congresso Nacional.

Leia mais: 13º salário: entenda por que a 2ª parcela é menor

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