Inadimplência recua em dezembro, aponta Serasa

Após três meses consecutivos de alta, a inadimplência no Brasil apresentou uma queda em dezembro de 2024. Segundo dados divulgados pela Serasa nesta quinta-feira, 6 de fevereiro, o cadastro de consumidores negativados registrou 276 mil nomes a menos no último mês do ano. O número de pessoas com pendências caiu de 73,7 milhões, em novembro, para 73,5 milhões, em dezembro.

 Inadimplência no Brasil recua em dezembro, aponta Serasa
Apesar da queda no número de inadimplentes, 20,8% dos brasileiros ainda destinam mais da metade de sua renda para o pagamento das dívidas |Foto: Reprodução/Freepik

O Mapa da Inadimplência revelou que o valor total das dívidas também sofreu uma redução de R$ 6 bilhões, caindo para R$ 404 bilhões. Além disso, o tíquete médio das pendências diminuiu 1,89%, passando para R$ 1.465,73.

A gerente da Serasa, Aline Maciel, pontou em nota que, apesar do total de 73,5 milhões de inadimplentes, a queda no final do ano indica uma vontade dos consumidores de regularizar suas dívidas. O cenário foi positivo em 19 das 27 unidades da federação, com destaque para Pernambuco (-5%) e Rondônia (-4,3%), que apresentaram as maiores reduções. Em contrapartida, oito estados registraram aumento no número de inadimplentes, com Tocantins (+1,3%) e São Paulo (+0,8%) liderando as altas.

Comércio aponta que o número de endividados também caiu

Pelo segundo mês consecutivo, o percentual de famílias endividadas no Brasil registrou queda, atingindo 76,1% em janeiro de 2025, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Essa redução foi de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e de 2 pontos percentuais se comparado com o mesmo período do ano anterior.

Embora o percentual de endividados tenha diminuído, a pesquisa revelou que 20,8% dos brasileiros destinaram mais da metade de sua renda para o pagamento das dívidas, o maior índice desde maio de 2024. Em média, as famílias gastaram 30% dos seus rendimentos para quitar pendências, um aumento de 0,2 ponto percentual. Além disso, a percepção de endividamento cresceu, com 15,9% da população se considerando “muito endividada”, frente a 15,4% no final de 2024.

José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, destacou em nota que, embora os consumidores estejam tentando fazer menos dívidas devido aos juros altos e à seletividade do crédito, a percepção de endividamento continua a crescer. A leve melhora na inadimplência sugere que houve esforço das famílias para equilibrar as finanças, mas o aumento do comprometimento da renda pode ser um sinal de alerta para a economia em 2025.

A CNC também destacou que, como resultado dessa preocupação crescente, a porcentagem de famílias com dívidas em atraso diminuiu de 29,3% em dezembro para 29,1% em janeiro. O número de famílias que não têm condições de pagar o que devem também caiu, de 13% para 12,7%. No entanto, esses índices ainda permanecem elevados se comparados a janeiro de 2024, quando estavam em 28,3% e 12%, respectivamente.

Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, explicou em nota que, apesar da queda no endividamento, as dívidas estão consumindo uma parte maior da renda das famílias, especialmente devido aos juros altos e prazos curtos. Isso pode manter os níveis de inadimplência elevados nos próximos meses.

A pesquisa também analisou o endividamento por faixa de renda, revelando uma queda de 0,8 ponto percentual entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos (65,3%) e de 1 ponto percentual entre as com até três salários mínimos (79,5%) em relação a dezembro. Contudo, as famílias mais vulneráveis, com até três salários mínimos, foram as únicas a ver um aumento no endividamento em comparação com janeiro de 2024 (79,2%).

Embora a redução da inadimplência tenha sido observada principalmente entre as famílias que ganham entre três e cinco salários mínimos, o caminho para a saída da inadimplência ainda parece longo. O cartão de crédito continua sendo a principal modalidade de crédito, utilizado por 83,9% dos devedores, embora tenha havido uma queda de 2,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Em contrapartida, o crédito pessoal e os carnês apresentaram crescimento, com aumentos de 1,3 ponto percentual e 0,6 ponto percentual, respectivamente.

Apesar da recente melhora nos índices de endividamento e inadimplência, a CNC alerta que o endividamento pode voltar a crescer ao longo de 2025, com a previsão de que 77,5% das famílias brasileiras estarão endividadas até o final do ano e 29,8% inadimplentes.

Tavares ressaltou que a necessidade de recorrer ao crédito para consumo, aliada à manutenção de juros elevados, deve tornar a gestão financeira ainda mais desafiadora para os consumidores brasileiros em 2025.

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