Trabalho autônomo demanda mais horas de serviço, diz IBGE

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe dados importantes sobre o mercado de trabalho no Brasil. Uma pesquisa, divulgada na sexta-feira, 14 de fevereiro, revela que os trabalhadores autônomos — ou seja, aqueles que trabalham por conta própria — são os que mais dedicam horas ao trabalho, em comparação com outras categorias, como trabalhadores e trabalhadores.

Trabalhadores autônomos no Brasil trabalham mais horas semanais.
Os autônomos trabalham 6,2 horas a mais que a mídia nacional, mas ganham menos que os empregados formais |Foto: Reprodução/Freepik

A média de horas trabalhadas semanalmente no Brasil é de 39,1 horas. No entanto, os autônomos trabalham em média 45,3 horas por semana, ou seja, 6,2 horas a mais do que a média nacional. Isso se deve ao fato de que esses trabalhadores precisam dedicar mais tempo à gestão de seus próprios negócios, buscar novos clientes e lidar com as dificuldades de manter uma atividade profissional de forma independente.

Além disso, a falta de um vínculo empregatício formal pode fazer com que os autônomos se vejam forçados a trabalhar mais para garantir a sobrevivência de seu negócio em um mercado altamente competitivo.

Um ponto importante é que, apesar de trabalharem mais horas, os autônomos têm uma renda menor em comparação com outras categorias de trabalhadores. O salário médio mensal dos trabalhadores autônomos foi de R$ 2.682 no último trimestre de 2024, um valor bem abaixo dos empregados com carteira assinada, que receberam, em média, R$ 3.105.

O maior rendimento foi registrado pelos empregadores, que são aqueles que possuem negócios próprios e contratam funcionários, com um ganho médio de R$ 8.240. Isso mostra uma grande diferença entre o tempo dedicado ao trabalho e o retorno financeiro, o que pode ser desmotivador para muitos autônomos, que acabam se sobrecarregando sem obter a compensação que esperam.

Distribuição das horas trabalhadas

A pesquisa do IBGE também mostra como as horas de trabalho são distribuídas entre os diferentes tipos de trabalhadores e entre os estados brasileiros. Os trabalhadores autônomos em São Paulo são os que mais dedicam tempo ao trabalho, com uma média de 46,9 horas por semana.

Em seguida, aparecem o Rio Grande do Sul, com 46,5 horas, e o Ceará, com 46,2 horas. Esses dados indicam que, nos estados mais desenvolvidos, como São Paulo, os autônomos acabam trabalhando mais para manter seus negócios em funcionamento, enfrentando um mercado competitivo e exigente.

Entre os empregados, São Paulo também lidera, com uma média de 40,7 horas semanais, seguido por Santa Catarina (40,6 horas) e Mato Grosso (40,5 horas). Isso mostra que, embora os empregados trabalhem menos horas do que os autônomos, ainda há uma grande dedicação ao trabalho, especialmente em algumas regiões do país.

Os empregadores, que são donos de empresas e contratam funcionários, também dedicam bastante tempo ao trabalho. Os estados com as maiores médias de horas trabalhadas pelos empregadores são Santa Catarina (40,4 horas) e Rio Grande do Sul (40,2 horas).

São Paulo aparece em sexto lugar, com 38,7 horas semanais. Isso demonstra que, apesar de contarem com uma equipe de funcionários, os empregadores ainda enfrentam os desafios de administrar e gerenciar um negócio.

Por outro lado, os trabalhadores familiares auxiliares, que são aqueles que ajudam nos negócios da família sem receber pagamento, têm uma carga horária bem menor. Eles dedicam, em média, 28 horas por semana ao trabalho, o que reflete o caráter esporádico e sazonal dessas atividades.

Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad, explicou em nota que esse tipo de trabalho não é regular como as jornadas de trabalho típicas de setores como comércio, indústria ou serviços. Muitas vezes, os auxiliares familiares ajudam em tarefas simples, como cuidar de uma horta ou realizar outros trabalhos domésticos, mas sem nenhuma compensação financeira.

Composição do mercado de trabalho

A pesquisa também revela como está dividida a população ocupada no Brasil. No último trimestre de 2024, havia 103,8 milhões de pessoas trabalhando no país. Desses, a maioria (69,5%) são empregados, o que inclui trabalhadores formais com carteira assinada e empregados domésticos.

Esse número mostra que, apesar de o trabalho autônomo ser uma opção para muitos, a grande maioria da população brasileira ainda depende de um emprego formal para garantir sua renda.

Os trabalhadores por conta própria representavam 25,1% da população ocupada, indicando que uma parcela significativa da população tem optado por ser autônoma. No entanto, esse grupo ainda é menor do que os empregados formais, o que indica que, para a maioria dos brasileiros, o trabalho autônomo ainda não é a principal fonte de renda.

Os empregadores, ou seja, as pessoas que possuem seus próprios negócios e contratam funcionários, correspondem a apenas 4,2% da população ocupada, refletindo que poucos brasileiros conseguem alcançar esse nível de autonomia no mercado de trabalho.

Já os trabalhadores familiares auxiliares, que são aqueles que ajudam em atividades econômicas de um parente sem remuneração, representam apenas 1,3% da população ocupada. Apesar de ser um grupo pequeno, esses trabalhadores ainda têm um papel importante na economia doméstica e nas atividades familiares informais.

Desemprego e informalidade no Brasil

A pesquisa também traz informações sobre o desemprego e a informalidade no Brasil. O IBGE revelou que, no quarto trimestre de 2024, a taxa de desemprego foi a mais baixa da série histórica em 14 estados do país. Isso é um reflexo de uma recuperação econômica gradual, que ainda varia bastante conforme a região.

Porém, a pesquisa também aponta que o desemprego e a informalidade afetam de forma mais intensa as pessoas negras e pardas, que enfrentam maiores dificuldades de acesso ao mercado de trabalho formal. Essa desigualdade evidencia as dificuldades adicionais que essas populações enfrentam para garantir uma estabilidade financeira no país.

Os dados da pesquisa destacam a complexidade do mercado de trabalho brasileiro, onde os trabalhadores autônomos, embora escolham a liberdade de trabalhar por conta própria, acabam dedicando mais tempo ao trabalho, mas sem obter o retorno financeiro esperado.

Isso coloca os autônomos em uma situação desafiadora, já que precisam trabalhar mais para garantir o sustento de seus negócios, mas não recebem salários tão altos quanto os empregados formais ou empregadores. É importante que políticas públicas sejam implementadas para apoiar esses trabalhadores, melhorar suas condições e equilibrar as desigualdades que ainda existem no mercado de trabalho brasileiro.

Leia também: Desemprego em 2024: 14 estados registram as menores taxas, diz IBGE

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