A HP, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, anunciou nesta terça-feira, 26, que seus lucros não serão tão bons quanto o esperado nos próximos meses. A principal razão para isso é a queda na venda de computadores. Durante a pandemia, muita gente comprou computador novo para trabalhar e estudar em casa, mas agora as vendas estão mais lentas.
Mesmo com o surgimento de computadores com inteligência artificial (IA), que estão sendo usados em empresas e escolas, a demanda geral por PCs ainda não cresceu o suficiente para compensar a queda nas vendas dos modelos mais simples. Por causa desse cenário, as ações da HP, que são como “partes” da empresa que as pessoas compram e vendem, perderam bastante valor.
A empresa Gartner, especializada em tecnologia, fez uma análise sobre o mercado de computadores e descobriu que os modelos com inteligência artificial (IA) não estão vendendo tanto quanto o esperado. A especialista em tecnologia Mikako Kitagawa acredita que isso acontece porque as pessoas ainda não entendem muito bem como a IA pode ajudá-las no dia a dia.
Enquanto isso, uma pesquisa da empresa IDC mostrou que as vendas de computadores tradicionais também estão diminuindo. Foram vendidos 68,8 milhões de unidades nos últimos meses, o que representa uma queda de 2,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa queda pode estar relacionada à falta de inovação e à dificuldade das pessoas em justificar a compra de um novo computador.
Expectativa de redução nos lucros da HP
A HP, uma das maiores empresas do setor de tecnologia, está enfrentando desafios financeiros que impactarão seus lucros nos próximos meses. De acordo com as previsões da empresa, a expectativa de lucro para o primeiro trimestre do ano é inferior à estimativa dos analistas de mercado.
Em vez de alcançar os 85 centavos por ação que os especialistas haviam projetado, a HP acredita que seu lucro será de apenas entre 70 e 76 centavos por ação. Essa diferença nos números está relacionada principalmente ao aumento de custos operacionais, especialmente no que se refere aos gastos com os funcionários da empresa.
Um dos principais fatores que contribuem para essa disparidade é o aumento nas despesas com a remuneração de seus empregados, em particular os bônus e ações que a HP distribui como parte dos pacotes de remuneração de seus colaboradores.
Esses custos, embora necessários para manter os funcionários motivados e engajados, têm representado um desafio para a empresa, afetando diretamente sua rentabilidade no curto prazo. A diretora financeira da HP, Karen Parkhill, reconheceu esse impacto e explicou que esses gastos com a remuneração de empregados, serão mais elevados no primeiro trimestre, mas que a situação deve melhorar ao longo dos meses seguintes.
Karen Parkhill também mencionou que a HP está implementando medidas para conter esses custos, incluindo ajustes nos preços de alguns produtos, especialmente no setor de computadores. Além disso, a empresa está adotando estratégias de redução de custos em diversas áreas de sua operação.
A HP espera que essas mudanças comecem a surtir efeito de forma mais significativa a partir da segunda metade do ano, contribuindo para a recuperação dos lucros e ajudando a empresa a recuperar parte do desempenho financeiro que está abaixo das expectativas para o começo de 2024.
Análise dos dados financeiros da HP
Apesar da previsão de redução nos lucros para o primeiro trimestre, a HP teve um desempenho positivo no último trimestre do ano fiscal de 2023. A empresa, que tem sua sede em Palo Alto, Califórnia, mostrou uma leve melhora em suas receitas, com um crescimento de 1,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Durante esse período, a HP alcançou uma receita total de 14,1 bilhões de dólares, valor que superou ligeiramente as estimativas dos analistas, que previam um faturamento de cerca de 13,99 bilhões de dólares. Esse crescimento, embora modesto, reflete uma recuperação em relação a períodos anteriores e sinaliza que a empresa ainda tem um bom desempenho em vários segmentos de seu portfólio.
O lucro ajustado por ação da HP também ficou de acordo com as expectativas do mercado, alcançando 93 centavos por ação. Essa estabilidade no lucro ajustado é um indicativo de que, embora a empresa esteja enfrentando desafios no setor de PCs e outros produtos, ela conseguiu manter sua lucratividade dentro das projeções feitas pelos analistas financeiros.
Para o ano fiscal de 2025, a HP espera que seus lucros continuem a crescer, apesar dos obstáculos enfrentados em 2024. A empresa projeta um lucro ajustado por ação entre US$ 3,45 e US$ 3,75, o que está dentro das expectativas do mercado financeiro.
Essa previsão sugere que a HP acredita em uma recuperação gradual e sólida no futuro próximo, com o crescimento de receitas e lucros nos próximos trimestres. A expectativa de crescimento é um reflexo do potencial da HP em se adaptar às mudanças do mercado e da confiança de que suas estratégias para enfrentar os custos operacionais elevados serão eficazes a longo prazo.
Esse otimismo da empresa é alimentado pela sua posição consolidada no mercado de PCs e impressoras, além de seus esforços em diversificar seus produtos e serviços, com foco no desenvolvimento de tecnologias mais avançadas.
Mesmo com os desafios impostos pela desaceleração no mercado de PCs e a transição para novas formas de computação, como a inteligência artificial, a HP continua apostando na inovação e em estratégias de reajuste de preços e corte de custos como forma de manter a estabilidade financeira.
Sobre a HP
A Hewlett-Packard Company, mais conhecida como HP, foi uma multinacional americana de tecnologia da informação, com sede em Palo Alto, Califórnia. Até sua divisão em 2015, a HP era uma das maiores empresas globais, fornecendo uma vasta gama de componentes de hardware, além de software e serviços para consumidores, pequenas e médias empresas, além de grandes corporações, incluindo organizações nos setores público, de saúde e educação.
A HP foi fundada na garagem de Palo Alto por William “Bill” Redington Hewlett e David “Dave” Packard. Inicialmente, a empresa se dedicava à produção de equipamentos para testes eletrônicos. A HP se destacou ao longo dos anos, tornando-se líder mundial na fabricação de computadores pessoais (PCs) entre 2007 e 2013, até ser superada pela Lenovo.
A trajetória da empresa inclui marcos significativos, como o desmembramento de sua divisão de eletrônicos e bioanálise em 1999, com a criação da Agilent Technologies. Em 2002, ocorreu a fusão com a Compaq, um dos maiores movimentos estratégicos da companhia, seguida pela aquisição da EDS em 2008, que ampliou a receita da HP para US$ 118,4 bilhões, colocando-a em 9º lugar no ranking da Fortune 500 em 2009. Além disso, a empresa anunciou a aquisição da 3Com em novembro de 2009, com o fechamento da transação em abril de 2010, e a compra da Palm, Inc. por US$ 1,2 bilhão em abril de 2010.
Em outubro de 2014, a HP anunciou a decisão de separar sua divisão de PCs e impressoras dos negócios e serviços. A divisão foi efetivada em 1º de novembro de 2015, resultando na criação de duas empresas de capital aberto: HP Inc. e Hewlett Packard Enterprise.
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