Os preços do petróleo fecharam em baixa nesta terça-feira, 26, ampliando as perdas do dia anterior em um mercado volátil, depois que Israel anunciou ter concordado com um acordo de cessar-fogo com o Hezbollah. Essa trégua entre as duas partes fez com que o prêmio de risco do petróleo diminuísse, impactando o valor do barril.
Os futuros do petróleo Brent, referência internacional, fecharam com queda de 20 centavos, ou 0,27%, a US$ 72,81 por barril. Já os futuros do petróleo West Texas Intermediate (WTI), dos EUA, terminaram o dia em US$ 68,77 por barril, uma redução de 17 centavos, ou 0,25%.
O WTI é uma sigla para West Texas Intermediate (Petróleo Intermediário do Texas Ocidental), um tipo específico de petróleo cru produzido principalmente nos Estados Unidos, mais precisamente na região do Texas. Esse petróleo é considerado uma referência global para estabelecer o preço do petróleo no mercado internacional
O acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo armado Hezbollah deverá entrar em vigor na quarta-feira, conforme informado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também confirmou que estava pronto para implementar o cessar-fogo, embora tenha alertado que responderia de forma “vigorosa” a qualquer violação dos termos acordados pelo Hezbollah.
Na segunda-feira, 25, os preços do petróleo já haviam caído mais de US$ 2 por barril, após uma série de reportagens que indicaram que as partes em conflito haviam concordado com os termos do cessar-fogo. A expectativa de que um cessar-fogo fosse implementado causou a diminuição do risco geopolítico no mercado de petróleo, o que normalmente leva a uma queda nos preços.
De acordo com o analista Alex Hodes, da StoneX, o cessar-fogo pode pressionar os preços do petróleo para baixo ainda mais, pois aumentam as chances de que o governo dos EUA reduza as sanções sobre o petróleo iraniano. Essa mudança nas sanções pode liberar mais petróleo no mercado global, o que tenderia a diminuir os preços do petróleo bruto.
OPEP+ considera adiar aumento na produção de petróleo
Durante a sessão de negociações, os preços do petróleo chegaram a subir brevemente mais de US$ 1 por barril. Contudo, essa alta foi momentânea, com os preços reagindo a notícias sobre as negociações em curso na OPEP+, que estuda um possível adiamento de um aumento na produção de petróleo programado para janeiro de 2025.
O grupo OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, como a Rússia) produz cerca de metade do petróleo mundial e havia estabelecido um plano para aumentar gradualmente a produção ao longo de 2024 e 2025. No entanto, fatores como a desaceleração da demanda, especialmente da China, e o aumento da produção de petróleo fora do grupo OPEP+ comprometeram essa estratégia.
As fontes do mercado indicam que houve discussões intensas na manhã de terça-feira sobre a possibilidade de adiar novamente os aumentos de produção planejados. Contudo, analistas como John Kilduff, da Again Capital (empresa que atua no mercado financeiro), indicam que mesmo com o movimento da OPEP+ e as tarifas comerciais propostas pelo governo Trump, isso não foi suficiente para sustentar os preços do petróleo acima dos US$ 70 por barril para o WTI.
Tarifas de Trump podem impactar o mercado de petróleo
Em outro movimento que pode afetar o mercado de petróleo, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, indicou a intenção de impor tarifas de 25% sobre todos os produtos provenientes do México e do Canadá. Segundo fontes que conversaram com a Reuters na terça-feira, o petróleo bruto também estaria sujeito a essas tarifas, o que poderia afetar o fluxo de petróleo entre os países.
Manter a livre circulação de produtos energéticos através das fronteiras do México e do Canadá é essencial para o setor de petróleo e gás dos EUA. O American Petroleum Institute, principal grupo de lobby da indústria, destacou que a maioria dos 4 milhões de barris diários de petróleo exportados pelo Canadá têm como destino os Estados Unidos.
Analistas acreditam que, no entanto, é improvável que Trump decida aplicar tarifas sobre o petróleo canadense, pois esse tipo de petróleo é único e difícil de ser substituído por outros tipos produzidos nos EUA.
Mudanças nos estoques de petróleo nos EUA
Durante esta terça-feira (26), também foram divulgados dados sobre os estoques de petróleo nos Estados Unidos, que apresentaram uma redução significativa. Os estoques de petróleo bruto caíram em 5,94 milhões de barris na semana encerrada em 22 de novembro, de acordo com fontes do mercado citando números da API (Instituto Americano de Petróleo). Esse declínio nos estoques de petróleo pode indicar uma redução na produção ou no fornecimento de petróleo bruto, o que geralmente tende a pressionar os preços para cima.
Por outro lado, os estoques de combustíveis, como gasolina e destilados, aumentaram na mesma semana. Os estoques de gasolina subiram em 1,81 milhão de barris, enquanto os estoques de destilados, que incluem o diesel, cresceram em 2,54 milhões de barris. Esses aumentos nos estoques de combustíveis podem refletir uma desaceleração na demanda por esses produtos, o que também pode influenciar os preços do petróleo e dos derivados.
Esses dados sobre os estoques de petróleo e os combustíveis refletem as dinâmicas do mercado e a reação a fatores tanto internos quanto globais que afetam a oferta e a demanda do petróleo no mercado internacional.
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