CNN cortará 6% da equipe para focar no mercado digital

A CNN, uma das maiores emissoras de notícias dos Estados Unidos, anunciou recentemente a demissão de cerca de 6% de sua força de trabalho, ou aproximadamente 200 funcionários. A decisão foi parte de uma reestruturação impulsionada pela necessidade de adaptar a emissora às mudanças do mercado, que está cada vez mais voltado para o digital.

CNN demite 6% da equipe para focar na transformação digital.
Para se adaptar a um mercado cada vez mais dominado por streamings, a CNN anuncia a redução de sua força de trabalho |Foto: Reprodução/Katherine Welles/ Stock.adobe.c

O corte de postos de trabalho ocorre em meio a uma transformação significativa no modelo de negócios da emissora, que tem enfrentado desafios tanto em termos de audiência quanto em relação à sua identidade.

A Warner Bros Discovery, empresa proprietária da CNN, está passando por um processo de reestruturação mais amplo, como parte de uma estratégia para se adaptar à realidade do mercado de mídia atual, que está em constante evolução.

O mercado de TV a cabo, um dos principais geradores de receita da Warner por décadas, está sendo profundamente impactado pelo fenômeno de cord-cutting, ou o corte de assinaturas de TV paga, que vem sendo impulsionado pela migração dos consumidores para os serviços de streaming.

O declínio da TV a cabo

A crise nas redes de TV a cabo é algo que pode ser claramente percebido, pois, ao longo dos últimos anos, as pessoas têm mudado seus hábitos de consumo de mídia. Ao invés de continuar pagando por pacotes de TV a cabo, muitos estão preferindo assinar serviços de streaming, como Netflix, Amazon Prime Video, Disney+ e outras plataformas similares.

Esses serviços permitem que os usuários assistam a filmes, séries e outros conteúdos no momento e no dispositivo de sua escolha, algo que a TV tradicional, com sua programação fixa, não oferece. Isso tem levado a uma redução significativa nas receitas das empresas de TV a cabo, que antes eram muito lucrativas, mas agora estão enfrentando uma queda na demanda por seus serviços.

Para continuar competitivas nesse novo cenário, as emissoras de TV a cabo precisam se reinventar. Elas precisam encontrar novas maneiras de atrair e manter seus assinantes, ou então correm o risco de se tornar obsoletas.

Isso envolve a necessidade de repensar como estão oferecendo seus conteúdos, adaptando-se à nova realidade em que as pessoas preferem acessar seus programas e filmes quando e onde quiserem, e não mais de acordo com os horários fixos da TV tradicional.

No caso da CNN, que faz parte do grupo Warner Bros Discovery, essa mudança também está sendo sentida. A emissora está se adaptando a essa transformação no mercado e, para isso, está investindo fortemente em uma estratégia voltada para o digital.

O objetivo é claro: conquistar e fidelizar as novas gerações de espectadores, que agora têm a preferência por acessar conteúdos por meio de seus dispositivos móveis, como celulares e tablets, ou através de plataformas de streaming. Esse movimento é uma resposta à crescente demanda por uma forma mais flexível e personalizada de consumir mídia, que as redes de TV tradicionais simplesmente não conseguem mais oferecer.

Ao focar no digital, a CNN busca não só acompanhar as tendências do mercado, mas também se posicionar como uma emissora relevante para um público que valoriza a liberdade de escolha e a conveniência.

Além disso, ao se adaptar a esses novos tempos, a CNN espera garantir que suas futuras gerações de espectadores continuem a consumir seus conteúdos de maneira digital, o que ajudará a emissora a se manter competitiva no mundo da mídia moderna.

O posicionamento da empresa

Mark Thompson, CEO da CNN, explicou em um comunicado interno que a emissora está fazendo mudanças em sua estratégia para se adaptar aos novos hábitos de consumo de mídia. O objetivo é deslocar o foco da empresa para as plataformas e produtos nos quais o público está cada vez mais se concentrando, como os serviços de streaming. Ele destacou que, com a popularização do streaming, é necessário que a CNN acompanhe essa mudança para continuar relevante e atrair o público.

Para isso, Thompson mencionou que a CNN já está trabalhando no desenvolvimento de um serviço de streaming focado principalmente em notícias, algo parecido com o que outras plataformas digitais estão fazendo para atrair mais assinantes e gerar novas fontes de receita. Isso mostra que a emissora está buscando novas formas de alcançar seu público, já que a TV tradicional tem enfrentado dificuldades com a queda na audiência.

Além dessa mudança, a CNN tomou uma decisão importante em outubro de 2023 ao introduzir um “paywall digital”. Isso significa que os usuários precisam pagar uma taxa de 3,99 dólares por mês para acessar certos conteúdos exclusivos da emissora.

Essa medida foi adotada como uma tentativa de criar uma nova fonte de receita, visto que a televisão convencional tem sofrido com a diminuição da audiência e, por consequência, com a queda nas receitas provenientes de anúncios publicitários.

O paywall digital é uma estratégia importante da CNN para tentar reverter a perda de receita da TV a cabo, oferecendo aos seus assinantes um conteúdo mais exclusivo, algo pelo qual eles estariam dispostos a pagar.

A ideia é criar um produto de maior valor, focado em um público disposto a investir em informações e notícias de qualidade, algo que as plataformas digitais de streaming têm feito com sucesso em outras áreas de entretenimento. Assim, a CNN tenta se reinventar, aproveitando a onda de consumo digital para continuar a crescer em um mercado cada vez mais competitivo.

Expansão para o mundo digital

Além das demissões, que afetam principalmente a equipe envolvida na produção de conteúdo para a TV tradicional, a CNN anunciou que vai criar mais de 100 novos postos de trabalho no primeiro semestre de 2025, com um investimento de 170 milhões de dólares em projetos digitais.

O foco da empresa será na expansão de sua presença no mundo digital e no fortalecimento de sua plataforma de streaming, o que inclui o lançamento de um serviço de streaming pago no futuro. Esse serviço será uma tentativa de evitar o fracasso do CNN+ lançado em 2022, que foi encerrado após apenas um mês devido a uma série de falhas na execução e na falta de alinhamento com os planos de fusão da WarnerMedia com a Discovery.

A decisão de apostar em um modelo de streaming pago reflete uma tentativa de se adaptar à nova realidade de consumo de mídia, onde as emissoras tradicionais precisam se reinventar para se manterem relevantes em um mercado cada vez mais competitivo. A CNN, que já enfrenta a concorrência acirrada da Fox News e MSNBC nos Estados Unidos, precisa encontrar novas formas de se destacar e cativar um público cada vez mais exigente.

O termômetro da audiência

Em termos de audiência, a CNN tem enfrentado dificuldades, especialmente com a concorrência da Fox News, que é muito popular entre os conservadores, e da MSNBC, que adotou uma postura crítica em relação ao ex-presidente Donald Trump, o que a tornou mais atraente para uma parte significativa da audiência. Com a chegada de Trump à Casa Branca novamente, a CNN tem enfrentado desafios adicionais para manter sua relevância e atrair espectadores.

A reestruturação da CNN, que inclui tanto a redução de pessoal quanto a expansão de sua presença no mercado digital, reflete uma tendência mais ampla da indústria de mídia, que está cada vez mais voltada para os serviços de streaming e o consumo digital.

A aposta da emissora em uma plataforma de streaming dedicada à notícia é uma tentativa de diversificar suas fontes de receita e se adaptar à nova realidade do consumo de mídia, que está cada vez mais digital e móvel.

No entanto, os desafios para a emissora são significativos, e o sucesso de sua estratégia dependerá de sua capacidade de atrair e manter uma base de assinantes disposta a pagar por conteúdo de notícias exclusivo e de qualidade.

Plataformas digitais crescem na preferência dos consumidores

Netflix encerrou o ano de 2024 com a adição de 18,9 milhões de novos assinantes no quarto trimestre, superando as expectativas do mercado e estabelecendo um recorde histórico para a empresa. O anúncio foi feito pela empresa nesta terça-feira, 21 de janeiro, durante sua reunião trimestral com acionistas. Com isso, o número total de clientes da plataforma saltou de 260 milhões em janeiro para impressionantes 301,6 milhões em dezembro.

No aspecto financeiro, a empresa registrou um lucro por ação de US$ 4,27 (cerca de R$ 25,89), superando a projeção de US$ 4,20 (aproximadamente R$ 25,46). A receita trimestral atingiu US$ 10,2 bilhões (R$ 61,84 bilhões), representando um crescimento de 16% em relação ao mesmo período de 2023. Pela primeira vez, a receita operacional anual da Netflix ultrapassou a marca de US$ 10 bilhões (R$ 60,63 bilhões), demonstrando a força e a eficiência do modelo de negócios da empresa.

As ações da Netflix apresentaram uma valorização significativa, subindo 10% no pós-mercado e adicionando aproximadamente US$ 40 bilhões (R$ 242,52 bilhões) ao valor de mercado da companhia. A empresa também informou que sua taxa de cancelamento foi a menor entre os serviços de streaming por assinatura, ficando em apenas 1,8% em dezembro, segundo dados da consultoria Antenna.

A partir de 2025, a Netflix deixará de divulgar o número de novos assinantes em seus relatórios e passará a dar maior ênfase a métricas como receita e lucro. A decisão reflete o amadurecimento do mercado de streaming e o foco da empresa em ampliar sua rentabilidade. Ainda assim, os números de 2024 foram expressivos: no ano, a Netflix adicionou 41 milhões de assinantes, consolidando-se como líder do setor e destacando sua capacidade de inovar e crescer.

Para o próximo ano, a companhia revisou sua previsão de receita para um intervalo entre US$ 43,5 bilhões e US$ 44,5 bilhões (equivalente a R$ 263,74 bilhões e R$ 269,80 bilhões, respectivamente). Esse aumento, que representa uma elevação de US$ 0,5 bilhão (R$ 3,03 bilhões) em relação às projeções anteriores, reflete os sólidos fundamentos comerciais e o sucesso de sua estratégia de diversificação de conteúdo.

Apesar de anunciar aumentos de preço nos mercados como Estados Unidos, Canadá, Portugal e Argentina, a Netflix inicia 2025 com forte impulso, respaldada por sua habilidade em atrair e fidelizar assinantes por meio de conteúdos valorizados globalmente e uma plataforma que continua a liderar o mercado de streaming.

Leia mais: Netflix tem adição recorde de 19 milhões de assinantes em 2024

Credit: Katherine Welles – stock.adobe.c

Atualize-se.
Receba Nossa Newsletter Semanal

Sugestões para você