Exportação de frango do Brasil cresce com surto de gripe aviária, diz associação

A expansão da Influenza Aviária em diversos países tem elevado a demanda global por carne de frango brasileira. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as projeções iniciais para 2025, divulgadas nesta terça-feira, 25 de fevereiro, indicam que as exportações nacionais atingiriam 5,4 milhões de toneladas, um crescimento de 1,9% em relação ao ano anterior. No entanto, essa estimativa pode ser revisada para cima devido ao aumento expressivo da demanda global.

Exportação de frango do Brasil cresce devido à gripe aviária global
Desde o início do ano, mais de 34 países relataram focos de Influenza Aviária, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) |Foto: Reprodução/Adobe

Em janeiro, os embarques de carne de frango do Brasil registraram um aumento de quase 10%, impulsionados pela maior procura da China, União Europeia e Filipinas. Esse crescimento se refletiu na receita das exportações, que teve uma alta de 20,9%, superando o aumento do volume embarcado. A tendência de fevereiro também é positiva, com previsão de embarques superiores a 450 mil toneladas.

Cenário interno e produção nacional

No mercado interno, o setor segue equilibrado devido à alta demanda. A produção nacional de carne de frango deve atingir 15,3 milhões de toneladas em 2025, um crescimento de 2,7% em relação a 2024. Já a disponibilidade interna está projetada em 9,9 milhões de toneladas, um aumento de 2,1%. Como reflexo, o consumo per capita deve chegar a 46 kg este ano, crescendo, 2% em comparação ao ano passado.

Os custos de produção também apresentam um cenário favorável, especialmente no caso do farelo de soja. O Brasil deve colher um volume recorde de soja acima de 170 milhões de toneladas, contribuindo para a estabilidade do setor.

De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Ciências Aplicadas (CAPEAA), os preços do farelo de soja caíram significativamente em janeiro em diversas regiões, chegando a reduções superiores a 20% em localidades como Passo Fundo (RS) e Ijuí (RS).

O milho, outro insumo essencial, também apresenta boas perspectivas. Agroindústrias e cooperativas estão otimistas com a safrinha, que deve ser favorecida pelo bom andamento da colheita de soja. O Mato Grosso, maior produtor do grão, deve colher mais de 100 milhões de toneladas, garantindo estabilidade na oferta e previsibilidade nos custos da ração.

Avanço da influenza aviária e impacto no mercado internacional

Desde o início do ano, mais de 34 países relataram focos de Influenza Aviária, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Nos Estados Unidos, principal concorrente do Brasil na exportação de carne de frango, foram registrados mais de 60 surtos. Outros países fortemente afetados incluem Reino Unido (64 focos), Alemanha (76), Polônia (40) e Países Baixos (36).

A disseminação da doença tem impactado diretamente as exportações desses países. Em 2024, os exportadores norte-americanos reduziram suas vendas internacionais em 367 mil toneladas, totalizando 3,3 milhões de toneladas. A União Europeia também sofreu retração no volume de exportação de carne de frango.

Diante desse cenário, compradores internacionais têm buscado fornecedores mais estáveis, como o Brasil. O Congo, por exemplo, aumentou em 26% suas compras de carne de frango brasileira em 2024, enquanto os Estados Unidos reduziram suas exportações em 49%.

Tendências e projeções para 2025

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, destacou em nota, que a conjuntura global está fortalecendo a posição do Brasil como fornecedor essencial de carne de frango. O segundo semestre tradicionalmente apresenta um volume maior de exportações, e a tendência é de que a demanda continue crescendo.

Além dos impactos da Influenza Aviária, o Brasil também pode se beneficiar de mudanças políticas em mercados-chave. O México, por exemplo, renovou recentemente o Programa de Abertura Contra a Inflação e a Carestia (PACIC), o que levou a um crescimento de 650% nas importações de carne de frango do Brasil em relação a janeiro do ano anterior. Esse crescimento deve se manter ao longo do ano, fortalecendo ainda mais as exportações brasileiras.

Vale ressaltar que os EUA são os principais fornecedores de carne de frango para o México, respondendo por 80% das importações mexicanas. Com a redução da oferta norte-americana, o Brasil tem uma oportunidade única de ampliar sua participação nesse mercado estratégico.

Com esse contexto, a tendência é de que a demanda internacional pela carne de frango brasileira continue crescendo, consolidando o Brasil como líder global no setor e garantindo maior previsibilidade para os produtores nacionais.

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