O Brasil avançou na classificação de risco para investidores e empresas, passando de B3 para B2 em 2024, de acordo com o estudo da Allianz Trade publicado nesta segunda-feira, 3 de fevereiro. O país agora figura na categoria de risco médio, segundo o Atlas Mundial de Risco-País.
O estudo avalia a probabilidade de inadimplência das empresas em cada país, considerando fatores externos que podem afetar sua capacidade financeira.
No Brasil, a melhoria na classificação foi impulsionada pelo domínio econômico na região, indicadores positivos, um setor agrícola forte e o crescimento da produção de energia.
Além disso, o mercado de trabalho aquecido e o aumento nos gastos do consumidor também contribuíram para esse avanço.
Apesar desse progresso, alguns desafios ainda limitam a posição do Brasil no ranking. O relatório destaca três fatores principais que prejudicam a classificação do país:
Apesar dos avanços, alguns desafios ainda impedem o Brasil de melhorar sua posição no ranking. O relatório aponta três fatores principais que afetam a classificação do país:
1. Dívida pública alta e dificuldade para conseguir crédito
O Brasil tem uma dívida pública crescente, que pode chegar a 90% do PIB. Isso significa que o governo precisa gastar muito dinheiro para pagar essa dívida, o que pode levar ao aumento de impostos ou à redução de investimentos em áreas essenciais, como infraestrutura e educação.
Além disso, conseguir crédito no país está mais difícil, pois os juros estão altos e os bancos estão mais exigentes para liberar empréstimos. Isso afeta tanto empresas quanto consumidores, tornando mais difícil investir e movimentar a economia.
2. Dependência dos preços de produtos exportados
A economia do Brasil depende muito da exportação de produtos como soja, minério de ferro e petróleo. O problema é que os preços desses produtos mudam bastante no mercado internacional. Quando os preços sobem, o país ganha mais dinheiro, mas quando caem, a economia sofre.
Isso pode prejudicar o comércio, diminuir os lucros das empresas e gerar incerteza sobre o futuro. Além disso, a inflação global e as variações no câmbio tornam essa situação ainda mais instável, dificultando investimentos a longo prazo.
3. Influência política e falta de controle nos gastos públicos
A instabilidade política e a falta de planejamento nos gastos do governo afetam a confiança dos investidores. Mudanças frequentes nas regras econômicas, decisões políticas que interferem em setores estratégicos e a falta de um controle rígido sobre o orçamento público fazem com que empresas e investidores fiquem inseguros. Sem um ambiente estável e previsível, fica mais difícil atrair investimentos, criar empregos e garantir o crescimento do país.
O que significa cada classificação?
- A1 e A2 (baixo impacto financeiro): indicam um cenário estável, com poucas chances de problemas ou prejuízos significativos.
- AA1 e AA2 (risco mínimo): apontam uma situação ainda mais segura, com mínima possibilidade de complicações.
- C1 e C2 (vulnerabilidade moderada): indicam riscos que exigem atenção, pois podem gerar impactos relevantes se não forem bem gerenciados.
- D1 a D4 (alta exposição financeira): refletem um cenário crítico, onde há grandes chances de prejuízos severos. Quanto maior o número (D1, D2, D3, D4), mais grave é a situação, exigindo medidas urgentes para evitar perdas expressivas.
Cenário Global
No panorama internacional, 2024 foi um ano de melhora significativa na classificação de risco-país, com 48 países reavaliados positivamente. A América Latina se destacou, com todos os 13 países analisados recebendo melhorias em suas classificações, seguida pela Europa Emergente (10) e Ásia-Pacífico (9).
Por outro lado, apenas cinco economias foram rebaixadas, sendo a maioria localizada no Oriente Médio, como Bahrein, Israel e Kuwait. O rebaixamento nessas regiões foi atribuído às tensões geopolíticas prolongadas e às oscilações nos preços do petróleo bruto.
Para 2025, o cenário global começa positivo, mas pode ser impactado por incertezas geopolíticas e financeiras. Entre os fatores que influenciarão o risco-país estão a desaceleração da inflação, a recuperação dos fluxos de crédito e a melhoria das condições de liquidez.
No entanto, o CEO da Allianz Trade, Aylin Somersan Coqui, alerta que a tendência positiva pode ser revertida por instabilidades geoeconômicas que afetam a confiança das empresas e do comércio global.
“As empresas devem estar atentas às suas estratégias de crescimento no contexto das tensões geopolíticas e da crescente onda de protecionismo. É provável que as cadeias de suprimentos se tornem ainda mais complexas”, afirma Coqui em nota.
O estudo também aponta que a maioria das melhorias nas classificações globais foi baseada em indicadores de curto prazo. Além disso, há riscos de guerra comercial e aumento da polarização nos mercados avançados e emergentes, o que pode resultar em novas pioras nas classificações de risco no futuro.
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