O mercado financeiro brasileiro tem vivido uma fase de euforia, com o Ibovespa atingindo uma nova máxima histórica e o dólar em trajetória de queda. Esses movimentos refletem o otimismo dos investidores em relação à economia nacional, ao mesmo tempo em que revelam a cautela diante das incertezas globais.
Em sua análise técnica mais recente, Rodrigo Cohen, embaixador da XP Investimentos, destacou as tendências para os principais ativos, incluindo o Ibovespa, dólar e Bitcoin, apontando para possíveis cenários na próxima semana.
Ibovespa em nova máxima: o que esperar?
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, rompeu recentemente seu canal de baixa e alcançou um novo recorde, atingindo 134.781 pontos. Segundo Cohen, essa marca histórica é resultado de uma série de fatores técnicos que culminaram na reversão de uma tendência de baixa que vinha dominando o índice desde o final de 2023.
No gráfico semanal, Cohen observou que o Ibovespa perdeu todas as mínimas do canal de baixa no gráfico diário durante a segunda semana de junho. A partir daí, o índice iniciou uma recuperação significativa, culminando em um processo de alta mais forte. “No gráfico mensal, a formação de um ‘martelo’ em junho, com um pavio longo, sinalizou uma reversão importante dentro do canal de baixa”, explicou.
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Apesar da volatilidade observada em julho e agosto, o Ibovespa respeitou esse candle de reversão e continuou sua escalada, rompendo máximas anteriores e estabelecendo um novo patamar histórico. No entanto, Cohen alerta para a possibilidade de uma correção saudável nos próximos dias, especialmente após oito altas consecutivas. “Se o Ibovespa romper a máxima histórica novamente na segunda-feira, ele pode projetar 137 mil pontos, uma alta interessante em relação ao fechamento anterior”, afirmou.
O dólar permanecerá em queda?
Enquanto o Ibovespa segue em alta, o dólar futuro está em uma clara tendência de baixa desde a “segunda-feira fatídica” do sell-off, quando a moeda americana abriu em alta, mas posteriormente caiu mais de 400 pontos. Atualmente, o dólar está na faixa de R$ 5,47, bem abaixo dos picos de R$ 5,87/R$ 5,88 registrados no início do ano.
Cohen destaca que o dólar futuro encontrou suporte na linha central de um canal de alta, mas alerta que a queda pode continuar, com projeções de que a moeda americana atinja R$ 5,30 ou até R$ 5,20, devido à confluência da média móvel de 200 períodos com o fundo deste canal.
“Nada impede que o dólar suba um pouco para corrigir essa queda enorme que ele teve, e o Ibovespa também caia um pouco, para depois eles voltarem cada um para suas tendências”, ponderou o analista.
Essa correlação inversa entre o dólar e o Ibovespa sugere que, enquanto o real se fortalece, o mercado de ações tende a continuar em alta, refletindo a confiança dos investidores na recuperação econômica do Brasil.
E como fica a situação do Bitcoin?
O Bitcoin, maior criptomoeda do mundo, tem enfrentado uma fase de resistência, com o preço oscilando em torno de US$ 60 mil. Apesar das dificuldades em romper o topo de um canal de alta, Cohen vê potencial para que o ativo alcance novos patamares nas próximas semanas.
“O Bitcoin teve uma queda grande, mas não quis perder o fundo novamente, e também não está conseguindo romper o topo”, analisou Cohen. No entanto, a expectativa é de que o Bitcoin teste os US$ 68 mil, representando um potencial de valorização de cerca de 15%. O analista ressalta, contudo, que o mercado está em uma fase de espera, com menor interesse por parte dos compradores, o que pode dificultar a quebra de resistências significativas.
Cohen conclui sua análise técnica com um tom de otimismo cauteloso, ressaltando que, apesar dos desafios e da volatilidade, os principais índices e ativos analisados apresentam potencial de ganhos. A próxima semana será decisiva para confirmar se o Ibovespa continuará renovando suas máximas, se o dólar manterá sua tendência de queda e se o Bitcoin conseguirá superar suas resistências.
Expectativas para a semana
A análise de Rodrigo Cohen reflete um cenário onde, apesar da volatilidade e das correções esperadas, há espaço para otimismo, principalmente em relação ao mercado de ações brasileiro. A trajetória do Ibovespa, em especial, será um termômetro importante para os próximos passos dos investidores, enquanto a queda do dólar poderá aliviar pressões inflacionárias e fortalecer ainda mais a confiança na recuperação econômica do país.
Por fim, o Bitcoin, embora esteja em uma encruzilhada, mantém seu apelo como uma reserva de valor em tempos de incerteza, com potencial de alta significativo.