Smartphone segue como a categoria com maior queda de preço (-10,9%) e eletrodomésticos tem alta de 3,6%, ainda influenciada pelo custo dos aparelhos de ar-condicionado
Os preços dos produtos eletroeletrônicos vendidos no e-commerce brasileiro tiveram queda anual de 4,5% em julho de 2024, de acordo com o Índice de Preços Fipe/Buscapé. A pesquisa, que monitora 47 categorias de eletroeletrônicos e mais de 2 milhões de preços continuamente, com informações do principal comparador de preços do país, o Buscapé, mostra que a tendência de redução nas quedas anuais se mantém, sendo a menor dos últimos 17 meses.
A queda mensal de -0,03% nos preços de eletroeletrônicos, verificada em julho de 2024, reforça o cenário de deflação do segmento que, de acordo com a série de 31 meses do Índice Fipe/Buscapé, apresentou aumentos em apenas 5 meses.
Como muitos aparelhos eletroeletrônicos são importados, ou têm componentes vindos de outros países, é possível que essa tendência esteja sendo influenciada pela recente valorização do câmbio dólar/real, que no curto período de 5 meses, de fevereiro a junho de 2024, subiu 9,8%.
Tecnologia impacta nos preços
Sérgio Crispim, pesquisador da Fipe, acredita que a tendência de queda pode continuar nos próximos meses. “Os números apontados pela pesquisa em julho mostram que os preços dos eletroeletrônicos continuam a cair mensalmente, mas com intensidade menor nos últimos meses, possivelmente como reflexo da valorização do dólar e seu impacto sobre os preços dos produtos e componentes importados”, afirma.
“Os avanços tecnológicos, que resultam em maior eficiência de produção, e a intensificação da concorrência global têm possibilitado a redução dos custos dos componentes e produtos. Há algum tempo o setor vem se beneficiando da globalização das cadeias de suprimento e da massificação da produção, que reduzem os custos unitários e tem reflexo direto no preço final do produto ao consumidor.”, complementa o pesquisador.
Após os expressivos aumentos mensais nos preços dos aparelhos de ar-condicionado, observados no último quadrimestre de 2023, e que levaram a uma variação anual de 25,7% em janeiro de 2024, a inflação anual desses produtos estabilizou-se em torno de 16,1% nos últimos cinco meses até julho de 2024, conforme o gráfico 4. Essa variação permanece elevada, especialmente considerando que a variação anual média do índice de eletroeletrônicos no mesmo período foi de -6,0%.
Smartphone tem a maior queda entre as categorias de eletroeletrônicos
Os grupos de produtos que tiveram as maiores quedas anuais de preços em julho de 2024 foram celulares (-10,9%), informática (-7,8%) e áudio e vídeo (-4,1%). O único grupo que teve aumento de preços foi eletrodomésticos (3,6%), influenciado principalmente pelos preços de aparelhos de ar-condicionado, que tiveram aumento anual de 14,6%, sendo que as outras três categorias que compõem o grupo tiveram queda: lavadora de roupa (-2,5%), geladeira (-0,6%) e fogão (-0,7%).
Para Francisco Donato, superintendente Executivo da Mosaico no Banco PAN, empresa detentora das marcas Buscapé e Zoom, o varejo tem se reinventado para atender aos consumidores cada dia mais exigentes. “ O varejo é um mercado de muitas possibilidades e públicos. No Brasil, temos visto, com frequência, diferentes lojistas e marcas apostando em estratégias variadas para ampliar a penetração em diferentes modalidades”, ressalta .
“O e-commerce está extrapolando o modus operandi das sazonalidades e explorando datas e eventos próprios, que trazem descontos e condições atrativas. Todo esse cenário impulsiona a disputa pela atenção dos consumidores, o que impacta diretamente o preço dos produtos, causando a queda dos valores”, analisa o executivo.