Em 2024, aposentar-se com uma renda equivalente ao teto da Previdência Social de R$ 7.786,02 é um desafio crescente para os brasileiros, especialmente após as mudanças introduzidas pela Reforma da Previdência (Emenda Constitucional nº 103/2019). No entanto, é possível alcançar essa meta com planejamento financeiro e investimentos estratégicos, garantindo uma renda mensal que não dependa exclusivamente das regras do INSS.
Desafios impostos pela Reforma da Previdência
Com a Reforma da Previdência, que completa cinco anos em novembro, as regras para aposentadoria se tornaram mais rígidas. Para se aposentar por idade, as mulheres devem ter 62 anos e um mínimo de 15 anos de contribuição. Já os homens precisam ter 65 anos e 20 anos de contribuição. Para quem já contribuía antes da reforma, há normas de transição, como o pagamento de “pedágios” ou o sistema de pontos, que combina idade e tempo de contribuição.
Além disso, para alcançar o teto de R$ 7,7 mil, o trabalhador deve ter uma média salarial igual ou superior a esse valor durante toda a carreira. “Ou seja, o trabalhador já deverá iniciar sua vida profissional recolhendo o valor máximo das contribuições, o que é muito difícil no Brasil”, explica Elimar Mello, advogado especialista em direito previdenciário. Para muitos, essa meta se tornou quase impossível, especialmente devido à instabilidade do mercado de trabalho e aos salários baixos.
Planejamento financeiro: o caminho para uma aposentadoria digna
Diante desse cenário, o planejamento financeiro é essencial para quem deseja uma aposentadoria tranquila. Investir de forma inteligente pode garantir a renda desejada, sem depender exclusivamente do INSS. Josias Bento, especialista em mercado de capitais, destaca que, para alcançar uma renda vitalícia de R$ 7,7 mil por mês, é necessário acumular aproximadamente R$ 974,5 mil.
Embora esse valor pareça alto, é possível atingi-lo com disciplina. Uma estratégia sugerida é investir mensalmente R$ 314,15 em uma carteira diversificada de renda fixa com rendimento de 0,8% ao mês, o que equivale a 10% ao ano. Com essa taxa de rendimento, é possível atingir a meta em 34 anos.
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Investimentos recomendados para alcançar a meta
Há diversas opções de investimentos para quem busca uma aposentadoria com renda mensal elevada. Alguns dos mais recomendados são:
- Tesouro Selic e outras aplicações conservadoras: Com rendimento de aproximadamente 0,76% ao mês, o Tesouro Selic é uma opção segura e eficiente para quem deseja acumular capital ao longo dos anos. Produtos privados como CDBs e LCIs também oferecem rendimentos similares, tornando-se boas alternativas para diversificação.
- Fundos de previdência privada: Para quem prefere delegar a gestão dos investimentos, os fundos de previdência privada são uma excelente escolha. Esses fundos oferecem desde opções mais conservadoras até aquelas com maior risco e potencial de retorno. Além disso, contam com benefícios fiscais, como a ausência de “come-cotas”, que é a cobrança antecipada de Imposto de Renda. Segundo Bento, “não existe um ‘melhor investimento’ para aposentadoria. O mais usado é a previdência privada, que é um bom produto, já que tem muitos benefícios fiscais e possui caráter sucessório”.
- PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre): Ideal para quem faz a declaração completa do IR, permite deduzir até 12% da renda tributável. Contudo, no momento do resgate, o imposto é cobrado sobre o valor total.
- VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre): Mais indicado para quem faz a declaração simplificada, o imposto é cobrado apenas sobre os rendimentos no momento do resgate.
- Tesouro IPCA+: Esse título público é uma excelente opção para proteger o portfólio contra a inflação. O Tesouro IPCA+ oferece uma taxa prefixada mais a variação da inflação. Com um aporte mensal de R$ 614,81, é possível alcançar o montante necessário até 2055, garantindo uma aposentadoria confortável.
- RendA+: Uma alternativa interessante é o título RendA+, que permite ao investidor receber uma renda mensal por 20 anos após um período de acumulação. Para garantir R$ 7,7 mil por mês, seria necessário investir R$ 285,64 por 36 anos.
Dicas para quem ainda não começou a poupar
Se você ainda não começou a poupar ou não tem um valor significativo para investir, é importante começar com o que for possível. Segundo Bento, “levando em consideração que o recolhimento mínimo para a previdência social é em torno de R$ 105, quem conseguir reservar mais de R$ 200 por mês pode ter um bom complemento de renda ao se aposentar”.
Diversificar a carteira de investimentos também é essencial para mitigar riscos e garantir uma aposentadoria tranquila. Marlon Glaciano, especialista em finanças, sugere uma estratégia eficiente que inclui Tesouro IPCA+ (50%), FIIs (30%) e fundos de previdência (20%). Essa combinação proporciona proteção contra a inflação, rendimentos mensais e eficiência fiscal.
Aposentar-se com uma renda mensal equivalente ao teto da Previdência Social é possível com planejamento e investimentos consistentes. A combinação de diferentes estratégias, como investimentos em renda fixa, previdência privada e títulos públicos, pode ajudar a alcançar a meta de R$ 7,7 mil por mês, garantindo uma aposentadoria tranquila e financeiramente segura.