Setor de bares e restaurantes evita repasses aos consumidores, com variação de 0,34% em setembro, abaixo do índice geral de 0,44%
Segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo IBGE, a inflação para o setor de alimentação fora do domicílio registrou variação de 0,34% em setembro de 2024, contra um aumento de 0,44% no índice geral, 0,5% nos alimentos e bebidas e 5,36% na energia residencial.
No acumulado do ano, a inflação do setor de bares e restaurantes é de 3,46%, abaixo da registrada nos alimentos e bebidas, que alcançou 3,71%, e ligeiramente superior ao índice geral, que acumula 3,31% no ano. Esses números refletem o esforço do setor de alimentação fora do lar em atrair o consumidor, mantendo os preços controlados, apesar do aumento dos insumos e das despesas operacionais.
Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, explica: “Apesar do cenário de alta nos custos com insumos, energia e folha de pagamento, conseguimos, com muita dedicação, controlar o impacto nos preços para o consumidor final. A variação de 0,34% em setembro é resultado desse esforço para atrair movimento. O problema é que o setor ainda não conseguiu recuperar totalmente as perdas dos últimos anos e opera no limite. Muitos só sobreviveram até agora devido ao aumento da produtividade”.
Quais itens mais impactaram o setor de bares e restaurantes?
O item “Refeição”, que tem grande peso no orçamento de bares e restaurantes, apresentou variação de apenas 0,18% em setembro, acumulando 2,87% no ano. Já o item “Lanche” registrou alta mensal de 0,67% e acumula 5,61% nos últimos 12 meses.
“Essa diferença revela uma maior demanda por lanches, o que permite aos bares e restaurantes ajustarem os preços desse item. Na região metropolitana de São Paulo, a disparidade foi ainda maior em setembro, com deflação de -0,19% nas refeições e aumento de 0,84% nos lanches. Isso pode indicar que o consumidor está substituindo a refeição do dia a dia por um lanche”, analisa o especialista.
“O problema está na causa dessa economia, pois o desemprego está baixo e os salários estão subindo. Esses recursos podem estar sendo direcionados para outros fins, como apostas online, um fenômeno recente que retira dinheiro do pequeno varejo e dos bares e restaurantes, enriquecendo empresas estrangeiras. Além disso, o aumento de 5,36% na energia impacta diretamente o orçamento das famílias”, acrescenta Solmucci.
A pressão causada pelo aumento nos custos de energia também é motivo de preocupação para o presidente da Abrasel. “Estamos na bandeira vermelha, patamar 2, o estágio mais alto do sistema da Aneel, com a maior tarifa desde abril de 2022. Esse é um desafio adicional, sem dúvida. Isso reforça nosso pedido pelo retorno do horário de verão ainda neste ano. Mesmo que a economia seja pequena, é uma economia. Acreditamos que a mudança nos relógios também pode trazer impacto positivo no movimento no fim do dia, com uma hora a mais de luz natural, aumentando o faturamento mensal em até 15%”, complementa.
Volta do horário de verão?
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que a volta do horário de verão pode ser “uma boa alternativa” para reduzir o consumo de energia elétrica no país.
“Eu acho que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse algo importante. Não vai faltar energia, mas precisamos que todos colaborem. O horário de verão pode ser uma boa opção para economizar energia”, disse Alckmin em entrevista a jornalistas após o evento Nova Indústria Brasil – Missão 4: Indústria e Revolução Digital, no Palácio do Planalto.
Alckmin declarou que, apesar do período de seca no país, não haverá falta de energia para os brasileiros, mas que a colaboração de todos será importante. “O horário de verão pode ser uma boa alternativa em uma campanha de economia de energia. O Brasil conta com uma energia extremamente limpa, com o crescimento da energia eólica e solar”, respondeu Alckmin ao ser questionado sobre os possíveis benefícios do horário de verão para a indústria.