Redução é generalizada nos principais setores do país, em contraste com a recuperação vista nos meses anteriores
O varejo brasileiro sofreu uma queda de 2,4% em setembro, a maior retração mensal registrada em 2024. Esse cenário foi revelado pelo Índice de Atividade Econômica Stone Varejo, divulgado na quarta-feira, 9 de outubro. Além disso, o levantamento aponta uma queda na comparação anual, na contramão da tendência de alta observada nas análises anteriores.
O índice indica uma desaceleração generalizada nos oito segmentos avaliados. Setores como móveis, eletrodomésticos, livros, jornais, revistas e papelarias lideraram as quedas, ambos com retração de 3,5%. Logo atrás, estão os segmentos de tecidos, vestuário e calçados, que apresentaram queda de 3%.
“O resultado de setembro é o pior do ano para o varejo, refletindo a incerteza e volatilidade que dominam o cenário econômico”, explicou Matheus Calvelli, pesquisador econômico da Stone.
Recorte regional do varejo
Em uma análise regional, apenas quatro estados conseguiram escapar de um desempenho negativo: Roraima (5%), Amazonas (3,6%), Maranhão (1,8%) e Goiás (0,6%). Por outro lado, entre as quedas mais significativas destacam-se Ceará (-10%), Mato Grosso do Sul (-7,6%) e Rondônia (-6,4%).
De acordo com Calvelli, o índice segue a metodologia do modelo de indicador econômico criado pelo Federal Reserve Board (FED) nos Estados Unidos, oferecendo uma visão detalhada do consumo brasileiro e contribui para ajustar as expectativas para os próximos meses.
Supermercados em baixa
Os consumidores brasileiros estão cada vez mais atentos às oscilações de preços no varejo e, por conta disso, adaptam seus hábitos para comprar mais gastando menos. Essa tendência foi identificada em um estudo da Neogrid, em parceria com a Opinion Box. A pesquisa revelou que 65% dos entrevistados consideram o preço como o principal fator na hora da compra.
O estudo “Hábitos de Compra no Varejo Alimentar”, realizado entre junho e julho de 2024, mostra que 82% dos entrevistados deixaram de adquirir algum item em supermercados devido ao preço elevado nos primeiros seis meses do ano. Além disso, os dados indicam que, além do custo, 65,7% dos consumidores levam em consideração promoções e descontos, enquanto 63% citam outros fatores decisivos no momento da compra.
Setor farmacêutico em alta
Em contrapartida, o varejo farmacêutico apresentou um crescimento de 6,6% em agosto de 2024, em comparação com o mesmo mês de 2023. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelos indicadores de preço médio e ticket médio, uma vez que a quantidade de itens na cesta registrou apenas um leve aumento. Esses dados foram fornecidos pela Bnex, empresa especializada em Ciência do Consumo.
O inverno de 2024 trouxe condições climáticas adversas, com variações térmicas acentuadas, baixa umidade e focos de incêndio em várias regiões do país. Esses fatores afetaram o sistema imunológico, especialmente de pessoas alérgicas, o que resultou em um aumento na demanda por produtos farmacêuticos como antialérgicos, dermocosméticos para tratar a pele ressecada, medicamentos para gripes e resfriados, além de soros para higienização nasal.
Em setembro, as condições climáticas de julho e agosto se mantiveram. A escassez de chuvas e o tempo seco continuaram a favorecer as queimadas, piorando a qualidade do ar e os problemas respiratórios. Diante disso, os estoques de medicamentos e promoções de produtos voltados ao tratamento de doenças respiratórias continuam sendo essenciais para manter o desempenho positivo do setor.
Black Friday
Com a proximidade da Black Friday, empresários e lojistas virtuais enxergam uma excelente oportunidade de impulsionar suas vendas e fortalecer suas marcas em um ambiente digital cada vez mais competitivo. Uma pesquisa realizada pelo Google revelou que, em 2024, 62% dos brasileiros pretendem realizar alguma compra durante a Black Friday.
Os dados também mostram um aumento de 13% na procura por categorias de produtos no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, a pesquisa E-commerce Trends 2024, conduzida pela Octadesk em parceria com a Opinion Box, indica que 85% dos brasileiros realizam ao menos uma compra online por mês, enquanto 62% dos consumidores efetuam entre duas e cinco compras mensais pela internet.