Com o preço médio de venda de imóveis no Brasil em torno de R$ 9 mil por metro quadrado, segundo o Raio-X FipeZap, muitos brasileiros consideram os valores altos demais para aquisição. Contudo, um detalhe que nem sempre é divulgado abertamente por corretores e bancos é que a maioria dos compradores consegue algum tipo de desconto durante as negociações.
Na verdade, o relatório aponta que 63% dos compradores de imóveis no país relataram ter obtido abatimento no valor final, o que destaca a importância de saber negociar.
A seguir, especialistas explicam as melhores estratégias para obter descontos tanto com corretores quanto com bancos, além de dicas sobre como economizar em impostos e financiamento imobiliário.
1. Pesquisa de mercado e negociação com corretores dos imóveis
A primeira dica para quem quer adquirir um imóvel é realizar uma pesquisa de mercado. Antes de iniciar qualquer negociação com um corretor, é fundamental saber qual é o valor médio de imóveis semelhantes na mesma região. Dessa forma, é possível argumentar com dados sólidos para solicitar um desconto. Daniela Poli Vlavianos, sócia do escritório Poli Advogados & Associados, reforça a importância dessa prática: “Apresente uma contraproposta bem fundamentada, deixando claro que há limites no seu orçamento.”
Além disso, é essencial estar atento ao timing do mercado. Quando há mais imóveis à venda, os corretores podem estar mais dispostos a reduzir o preço. Outra estratégia indicada por Vlavianos é avaliar imóveis que estão há mais tempo no mercado ou que necessitam de reformas, pois esses geralmente têm maior margem para negociação.
Formalize sua proposta: Eduardo Galvão, CMO da Ribus, especialista em negócios imobiliários, sugere formalizar a contraproposta por escrito, detalhando todos os pontos discutidos durante as conversas com o corretor.
2. Diminuindo a taxa de corretagem
Outro ponto relevante nas negociações imobiliárias é a corretagem, a comissão paga ao corretor pela intermediação da compra. Embora alguns especialistas defendam que essa taxa não deve ser negociada, como aponta Galvão, outros, como Marlon Glaciano, planejador financeiro, indicam que há brechas para diminuir esse custo. “A corretagem pode ser reduzida caso o comprador esteja disposto a assumir mais responsabilidades no processo ou se houver pagamento à vista”, afirma.
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Vlavianos complementa que uma estratégia eficaz é negociar o valor total do imóvel já considerando a corretagem, para que o vendedor absorva parte ou toda a taxa.
3. Impostos sobre a compra de imóveis
Um dos principais impostos envolvidos na compra de um imóvel é o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que varia entre 2% e 4% do valor venal da propriedade, dependendo do município. Segundo Mateus Vitória Oliveira, CEO da Private Construtora, é possível solicitar a revisão desse valor junto à prefeitura caso o valor venal esteja desatualizado ou desproporcional, o que pode resultar em uma economia significativa.
Outro ponto importante é que, em financiamentos imobiliários, o ITBI pode ser calculado apenas sobre o valor financiado, excluindo o valor da entrada, o que também diminui o imposto.
4. Como negociar com bancos para obter melhores condições de financiamento
Após negociar o preço com corretores, o próximo desafio é negociar com bancos para obter melhores condições de financiamento. A escolha do banco certo é fundamental, e isso envolve comparar as taxas de juros oferecidas por diferentes instituições. No entanto, Vlavianos alerta que, mesmo que o banco escolhido ofereça a melhor taxa, é possível usar propostas de outros bancos como argumento para renegociar condições.
Oliveira também reforça a importância de centralizar suas finanças em um único banco, o que pode facilitar a obtenção de descontos em financiamentos. Além disso, hoje é possível realizar a portabilidade da dívida, transferindo o financiamento para outro banco que ofereça condições melhores no futuro.
Outra estratégia mencionada por Oliveira é a antecipação de parcelas do contrato, conhecida como amortização. Essa prática diminui o saldo devedor e, consequentemente, o valor total pago ao longo do tempo.
5. Dicas extras para economizar na compra de imóveis
Além de negociar diretamente com corretores e bancos, há outras formas de economizar na compra de um imóvel. Um dos caminhos é participar de leilões imobiliários, onde os preços geralmente são inferiores ao mercado, embora envolvam riscos, como a ocupação do bem.
A compra de imóveis usados também pode ser uma excelente alternativa. “Reformas simples costumam ser mais baratas do que a diferença de preço entre um imóvel novo e um usado”, comenta Oliveira. Para quem não tem pressa, os consórcios imobiliários também são uma alternativa atraente, já que evitam o pagamento de juros, permitindo um planejamento financeiro com parcelas fixas.
Negociar na compra de um imóvel pode parecer uma tarefa árdua, mas, com preparo, pesquisa e estratégia, é possível obter descontos significativos tanto com corretores quanto com bancos. Desde a correta análise de mercado até a escolha de um bom financiamento, todas as etapas do processo devem ser cuidadosamente pensadas para garantir o melhor negócio. Afinal, comprar um imóvel é uma das decisões financeiras mais importantes da vida, e qualquer economia pode fazer uma grande diferença a longo prazo.