Mulheres que revolucionaram o Carnaval brasileiro

O Carnaval brasileiro é uma das maiores expressões culturais do mundo, uma festa que une música, dança, cores e tradição. Ao longo da história, muitas mulheres desempenharam papéis fundamentais na construção e evolução dessa celebração, desafiando preconceitos e quebrando barreiras em um ambiente predominantemente masculino.

Mulheres que revolucionaram o Carnaval brasileiro.
Nascida na Bahia, Tia Ciata, era uma grande incentivadora da música e costumava reunir sambistas em sua casa para tocar e cantar |Foto: Reprodução/Getty Images

Seja na composição de sambas-enredo, no comando das escolas de samba, na criação de coreografias ou na luta por maior representatividade dentro da folia, essas mulheres deixaram um legado poderoso que continua a inspirar novas gerações.

De Chiquinha Gonzaga, que compôs a primeira marchinha de Carnaval, a Dona Ivone Lara, que abriu caminho para as compositoras de samba-enredo, cada uma dessas figuras foi essencial para transformar o Carnaval na festa grandiosa que conhecemos hoje.

Neste texto, destacamos algumas das mulheres mais revolucionárias e pioneiras do Carnaval, celebrando suas histórias, conquistas e como moldaram a cultura carnavalesca. Conheça essas verdadeiras rainhas do samba e da resistência!

1. Chiquinha Gonzaga (1847-1935)

Chiquinha Gonzaga foi uma mulher à frente do seu tempo. Pianista, compositora e maestrina, ela desafiou as normas da sociedade em uma época em que as mulheres tinham poucas oportunidades na música e na arte. Em 1899, compôs “Ó Abre Alas”, a primeira marchinha de Carnaval registrada na história do Brasil. Essa música revolucionou o Carnaval, trazendo um novo estilo que passou a animar os desfiles e festas.

Além de sua importância na música, Chiquinha Gonzaga também foi uma ativista. Ela lutou pela abolição da escravidão e pelos direitos das mulheres, sendo uma figura essencial na luta por mais liberdade e igualdade. Seu legado ultrapassa a música, pois ela abriu caminhos para muitas outras mulheres seguirem carreiras artísticas e conquistarem espaço em um mundo dominado por homens.

2. Dona Ivone Lara (1922-2018)

Dona Ivone Lara foi uma das maiores referências do samba no Brasil. Além de cantora e compositora, também trabalhou como enfermeira e assistente social. Mesmo tendo uma profissão fora da música, nunca deixou de se dedicar ao samba, paixão que herdou de sua família.

No Carnaval, fez história ao se tornar a primeira mulher a compor um samba-enredo, um tipo de música criada especialmente para os desfiles das escolas de samba. Até então, apenas os homens tinham esse papel. Sua entrada no mundo do samba ajudou a abrir portas para outras mulheres, mostrando que elas também podiam compor e participar ativamente das escolas de samba. Um de seus maiores sucessos, “Sonho Meu”, é um exemplo de sua contribuição para a música brasileira.

3. Nega Pelé

O mestre-sala é um dos principais personagens do desfile de Carnaval. Ele tem a missão de conduzir e proteger a porta-bandeira, garantindo que o pavilhão da escola de samba seja apresentado com elegância e respeito. Durante muito tempo, essa função foi exercida apenas por homens, até que Nega Pelé desafiou essa tradição nos anos 1980.

Com muito talento e determinação, Nega Pelé se tornou a primeira mulher a ocupar essa posição, provando que as mulheres também podiam desempenhar esse papel com maestria. Sua coragem abriu caminho para outras mulheres que queriam ocupar esse espaço, ajudando a quebrar barreiras e a mudar a forma como o Carnaval era organizado.

4. Tia Ciata (1854-1924)

Tia Ciata foi uma mulher fundamental para a história do samba e do Carnaval no Brasil. Nascida na Bahia, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se tornou uma das principais figuras da Pequena África, uma região da cidade onde muitos negros baianos se estabeleceram após a abolição da escravidão.

Ela era uma grande incentivadora da música e costumava reunir sambistas em sua casa para tocar e cantar. Foi nesses encontros que surgiu o primeiro samba registrado no Brasil, “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida, gravado em 1917. Além de ajudar a construir o samba como o conhecemos hoje, Tia Ciata também manteve vivas as tradições culturais afro-brasileiras, influenciando a formação do Carnaval carioca.

5. Leci Brandão (1944)

Leci Brandão é um exemplo de mulher que usou sua voz e sua música para lutar por igualdade e justiça social. Cantora, compositora e ativista, foi a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira, uma das escolas de samba mais importantes do Rio de Janeiro. Isso foi um grande marco, pois, até então, apenas os homens eram aceitos nesse espaço.

Além de sua contribuição para o samba, Leci Brandão sempre esteve envolvida em causas sociais. Ela luta pelos direitos dos negros, das mulheres e da comunidade LGBTQIA+, mostrando que a música também pode ser uma ferramenta poderosa para transformar a sociedade.

6. Clara Nunes (1942-1983)

Clara Nunes foi uma das primeiras mulheres a se dedicar totalmente ao samba em um período em que esse gênero musical era dominado por homens. Com sua voz marcante e seu carisma, ajudou a popularizar o samba-enredo e a cultura afro-brasileira em todo o país.

Sua música exaltava as raízes do Brasil e a espiritualidade presente no samba. Graças ao seu trabalho, muitas outras mulheres começaram a ganhar espaço dentro do gênero, tornando o samba ainda mais forte e representativo.

7. Vilma Nascimento (1938)

Vilma Nascimento é uma das maiores porta-bandeiras da história do carnaval carioca, conhecida como o
“Cisne da Portela” devido à leveza e elegância de seus movimentos. Nascida em Madureira, começou a dançar ainda criança e, aos 19 anos, em 1957, assumiu o posto de porta-bandeira da Portela, tornando-se um ícone da escola. Com um talento inquestionável, conquistou 15 notas 10 ,oito títulos de campeã do carnaval e cinco Estandartes de Ouro , além de revolucionar a forma de dançar na avenida.

Sua trajetória inclui passagens pelo grupo do produtor Carlos Machado e momentos marcantes na cultura do samba. Em 2023, aos 84 anos, voltou a ser destaque nas redes sociais após denunciar um caso de racismo num aeroporto. Vilma Nascimento é um símbolo de resistência, arte e tradição no carnaval do Rio de Janeiro.

8. Selminha Sorriso (1973)

Selminha Sorriso é uma das porta-bandeiras mais respeitadas do Carnaval carioca. Com sua técnica impecável e sua alegria, ajudou a transformar como esse papel é desempenhado.

Representando a Beija-Flor de Nilópolis, conquistou inúmeros prêmios e se tornou uma referência para muitas outras porta-bandeiras. Seu talento e dedicação ajudaram a valorizar ainda mais esse papel tão importante nos desfiles.

9. Elza Soares (1930-2022)

Elza Soares foi uma das maiores vozes da música brasileira e uma figura de resistência. Com uma carreira marcada por lutas e desafios, sempre usou sua arte para falar sobre desigualdade e injustiça social. Sua relação com o samba e o Carnaval foi intensa ao longo dos anos, sendo homenageada pela Mocidade Independente de Padre Miguel em 2017.

Elza deixou um legado de força e inspiração, mostrando que a música e o Carnaval podem ser poderosos instrumentos de transformação social.

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