Estudar no ensino superior é um desafio financeiro para muitos brasileiros. Segundo uma pesquisa da Serasa, quatro em cada dez universitários precisaram trancar o curso porque não conseguiram pagar as mensalidades devido a dívidas.
Além disso, a pesquisa aponta que 70% dos estudantes estão endividados com instituições de ensino, e mais da metade possui um débito médio de R$ 7 mil.
A situação preocupa, pois o impacto das dívidas não se limita apenas à evasão universitária. Muitos alunos enfrentam dificuldades para se concentrar nos estudos devido às contas em atraso, o que prejudica o desempenho acadêmico e aumenta as chances de desistência.
O desemprego como principal vilão
O principal motivo apontado pelos estudantes para não conseguirem pagar suas mensalidades é o desemprego, citado por 29% dos entrevistados. Sem renda, muitos não conseguem arcar com os custos do ensino superior e acabam interrompendo a graduação.
Outro fator relevante é a necessidade de priorizar outras despesas. Cerca de 19% dos universitários afirmaram que precisam destinar seu dinheiro para contas essenciais, como aluguel e alimentação, deixando a mensalidade em segundo plano. Já 12% citaram a redução da renda como razão para a inadimplência.
Leia também: Quem são os bilionários que perderam fortunas com o DeepSeek?
Apesar desse cenário desafiador, o número de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham — conhecidos como “nem-nem” — atingiu o menor patamar desde 2012, segundo dados do IBGE. Isso indica que, embora muitos enfrentem dificuldades financeiras, há um esforço para permanecer no mercado de trabalho ou na educação.
O peso da dívida na rotina dos estudantes
O endividamento universitário não afeta apenas o pagamento das mensalidades. Segundo a pesquisa, 24% dos estudantes relataram dificuldades de concentração nos estudos devido à preocupação com as contas atrasadas. A incerteza financeira pode gerar estresse, ansiedade e até problemas de saúde mental, prejudicando o rendimento acadêmico.
Outro dado relevante do estudo é que 90% dos alunos afirmaram arcar sozinhos com as despesas do curso. Isso representa uma mudança no perfil do estudante brasileiro, já que, historicamente, muitos dependiam do apoio financeiro dos pais para pagar a faculdade.
Com essa realidade, 60% dos universitários entrevistados destacaram a importância de regularizar as dívidas para continuar estudando. Isso reforça que a educação ainda é vista como um caminho essencial para melhores oportunidades profissionais e financeiras.
Como lidar com as dívidas universitárias?
Para evitar que a dívida universitária se torne um obstáculo intransponível, algumas estratégias podem ser adotadas:
- Negociação com a instituição de ensino: muitas faculdades oferecem programas de parcelamento ou descontos para alunos inadimplentes. Procurar a secretaria financeira da universidade pode ser um primeiro passo para regularizar a situação.
- Bolsas e programas de financiamento: o ProUni e o FIES são opções para quem busca apoio financeiro. Além disso, algumas universidades privadas têm programas próprios de bolsas para alunos com dificuldades financeiras.
- Renda extra: buscar alternativas para complementar a renda, como estágios remunerados, freelances ou trabalhos temporários, pode ajudar a equilibrar o orçamento e evitar atrasos nas mensalidades.
- Educação financeira: criar um planejamento financeiro pode ser essencial para administrar melhor os gastos e evitar o acúmulo de dívidas. Aplicativos de controle financeiro podem ajudar nesse processo.
- Priorizar o pagamento das mensalidades: quando possível, é importante colocar a faculdade entre os gastos prioritários, pois a formação acadêmica pode garantir melhores oportunidades no futuro.
A pesquisa da Serasa revela um problema grave no ensino superior brasileiro: a dificuldade financeira de muitos estudantes em manter seus cursos. O desemprego, as dívidas acumuladas e a necessidade de priorizar outras despesas levam 40% dos universitários a trancar a faculdade, comprometendo seu futuro profissional.
Diante desse cenário, buscar alternativas como bolsas, financiamento estudantil e educação financeira pode ser a chave para evitar o abandono dos estudos e garantir a continuidade da formação acadêmica. Afinal, investir na educação é essencial para conquistar melhores oportunidades no mercado de trabalho.