No Brasil, onde o desemprego ainda desafia milhões de pessoas, o empreendedorismo surge como uma alternativa que vai além da geração de renda: é também uma ferramenta de transformação social e pessoal.
Entre as mulheres jovens, esse movimento em prol da educação empreendedora é particularmente impactante, pois permite explorar potencialidades, desenvolver liderança e criar projetos de vida com maior autonomia.
De acordo com Vivi Duarte, fundadora do Instituto Plano de Menina, o empreendedorismo é um “ato de liberdade”. Para ela, oferecer acesso a habilidades técnicas e emocionais fortalece mulheres para superarem desafios, seja em cargos de liderança ou como criadoras de negócios.
Iniciativas que fazem a diferença
Entre os programas que têm causado impacto está o Donas da Rua do Empreendedorismo, uma parceria entre a Mauricio de Sousa Produções e o Sebrae. Criado em 2021, o projeto incentiva habilidades como autoconfiança, liderança e persistência, competências importantes para o sucesso em qualquer área profissional.
Mônica Sousa, diretora do projeto, ressalta que a ideia vai além do empreendedorismo: “Queremos que as meninas entendam que têm direitos iguais aos meninos e que podem ocupar qualquer espaço, seja nos negócios, artes ou esportes.”
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Outro exemplo de destaque é a metodologia criada por Karine Oliveira, fundadora da Wakanda Educação Empreendedora. O programa nasceu da visão de Karine de ensinar empreendedorismo para moradores de periferias, especialmente mulheres negras. Em seis anos, mais de 7.200 pessoas foram impactadas.
“Ensinar empreendedorismo é apresentar uma saída”, afirma Karine. “Mas também precisamos garantir educação de qualidade e direitos básicos para que essas oportunidades gerem resultados concretos.”
Empoderamento que começa cedo
Abordar o tema do empreendedorismo feminino desde a juventude tem um papel crucial no desenvolvimento de jovens mulheres. Segundo Ana Rodrigues, do Sebrae, estimular meninas a explorar suas potencialidades as torna protagonistas de seus projetos de vida.
O Sebrae também se destaca com programas voltados para a educação empreendedora. Até agora, mais de 5 milhões de estudantes foram capacitados, com foco em competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como pensamento crítico, criatividade e cidadania.
Para Vivi Duarte, trabalhar com meninas periféricas é fundamental: “Queremos que elas reconheçam seu valor, independentemente do CEP onde nasceram.” O Instituto Plano de Menina já capacitou mais de 2 milhões de jovens online e 5 mil em workshops presenciais.
Por que incentivar o empreendedorismo feminino?
A educação empreendedora vai além de preparar jovens para criar negócios. Ela as capacita a desenvolver pensamento crítico, independência financeira e confiança para trilhar suas próprias trajetórias.
Vivi Duarte reforça que essas habilidades proporcionam liberdade, permitindo que mulheres busquem resultados além de crachás corporativos. “Empreender não significa apenas ter um negócio, mas também estar pronta para enfrentar desafios e criar soluções.”
Além disso, programas como o da Wakanda Educação Empreendedora mostram como o empreendedorismo pode ser inclusivo, direcionando esforços para públicos específicos, como mulheres negras.
O impacto de uma mudança cultural
Programas de empreendedorismo feminino também incentivam mudanças culturais significativas. Mostrar mulheres em posições de liderança ou empreendendo quebra paradigmas e inspira tanto meninas quanto meninos.
Para Mônica Sousa, essa representatividade é essencial: “Quando mostramos as mães da Turma da Mônica empreendendo, criamos uma visão mais ampla sobre o papel da mulher no mercado de trabalho e na sociedade.”
Caminhos para o futuro
A educação empreendedora pode ser dividida em três etapas principais, segundo o Sebrae:
- Educar sobre empreendedorismo: introduzir o tema e suas aplicações.
- Educar para o empreendedorismo: preparar para identificar oportunidades e criar estratégias.
- Educar por meio do empreendedorismo: adotar uma abordagem empreendedora na vida e no trabalho.
Cada uma dessas etapas é essencial para construir um futuro em que jovens mulheres tenham ferramentas para superar desafios e criar novas oportunidades.
O empreendedorismo feminino vai muito além de abrir um negócio. Ele representa a construção de um futuro mais igualitário, onde jovens mulheres têm autonomia para sonhar, realizar e transformar suas comunidades.
Com iniciativas como o Plano de Menina, o Donas da Rua e a Wakanda, cada vez mais meninas estão sendo capacitadas para assumir o protagonismo de suas histórias, contribuindo para uma sociedade mais justa e inclusiva.