Água tratada perdida na operação seria suficiente para abastecer o Rio Grande do Sul por 5 anos
Um estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria GO Associados, afirma que 37,8% da água tratada no país é perdida antes mesmo de chegar aos brasileiros. A quantidade seria o equivalente a 7636 piscinas olímpicas de água potável por dia e seria suficiente para abastecer toda a população do Nordeste.
O levantamento foi feito com base nos dados fornecidos pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano-base 2022) e compreende uma análise do Brasil, de suas cinco macrorregiões, das 27 Unidades da Federação e também dos 100 municípios mais populosos do país (incluindo as capitais dos estados).
Ao todo, mais de 32 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada no país, enquanto o desperdício atinge uma quantidade sete vezes maior do que o volume do sistema Cantareira, o maior do estado de São Paulo.
O que provoca esse desperdício?
Existem diversos fatores que contribuem para o desperdício de água no país, entre eles estão: vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados. “Esses desperdícios trazem impactos negativos ao meio ambiente, à receita e aos custos de produção das empresas, o que deixa mais caro o sistema como um todo, prejudicando, em última instância, todos os usuários”, afirma o Instituto.
Apesar do alto índice de desperdício, o levantamento indica que atualmente não é possível a criação de um sistema que evite em 100% o desperdício por limites financeiros (em determinado ponto, o custo fica superior ao do volume recuperado) e levantamentos técnicos (existe um volume mínimo de perdas dadas as tecnologias atuais de materiais, ferramentas e logística).
No Brasil, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) definiu como um padrão aceitável o limite de 25% de perdas da água tratada durante a distribuição.
Impactos da perda de água tratada no Brasil
Considerando somente os vazamentos, o volume desperdiçado (mais de 3,6 bilhões de m³) seria suficiente para abastecer cerca de 54 milhões de brasileiros durante um ano., o que equivale a aproximadamente 1/4 da população no país, de acordo com o último censo divulgado pelo IBGE.
A partir dessa quantidade de perda, foram constatados desequilíbrios nas seguintes áreas:
Produção de água:
• Maior custo dos insumos químicos, energia para bombeamento, entre outros fatores de produção;
• Maior custo de manutenção da rede e de equipamentos;
• Uso excessivo da capacidade de produção e de distribuição existente; e
• Maior custo oriundo da possível utilização de fontes de abastecimento alternativas de menor qualidade ou de difícil acesso.
Desequilíbrios ambientais:
• Pressão excessiva sobre as fontes de abastecimento do recurso hídrico, uma vez que se capta mais água do que efetivamente chega à população; e
• Maior custo posterior para mitigação dos impactos negativos dessa atividade (externalidades).