Entenda o funcionamento, a importância e os principais eventos da presidência brasileira do G20 em 2024
O Brasil assumiu a presidência do G20 em dezembro de 2023 e sedia, pela primeira vez, a cúpula do grupo nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro. O evento reunirá os chefes de estado das maiores economias do mundo, com a missão de promover a cooperação econômica e social entre os países. Com o tema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, a presidência brasileira busca debater prioridades globais, com foco em desenvolvimento sustentável e redução das desigualdades.
O que é o G20 e como funciona?
O G20, ou “Grupo dos Vinte”, é um fórum criado no final dos anos 1990, em resposta a uma crise financeira que abalou a Ásia. Inicialmente, o grupo era formado por ministros das finanças e diretores de bancos centrais, mas com a crise de 2008, as reuniões passaram a incluir chefes de estado, tornando-se um espaço estratégico para definir políticas globais.
Hoje, o G20 é composto por 19 países — entre eles Brasil, Estados Unidos, China, Alemanha e Japão — além da União Europeia e, mais recentemente, a União Africana. O grupo representa cerca de 80% da economia mundial e inclui também a participação de outros países convidados, como Angola e Emirados Árabes, escolhidos pela presidência de turno, atualmente ocupada pelo Brasil.
O funcionamento do G20 é baseado em um sistema de presidência rotativa, com mandato de um ano. Os países membros se dividem em cinco grupos regionais, que revezam na liderança. Após a realização de uma cúpula, a presidência é transferida para o próximo grupo, que decide internamente quem assumirá o comando. Esse revezamento permite que diferentes nações liderem as discussões e organizem a cúpula anual.
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A “Troika” do G20
Um mecanismo importante no funcionamento do G20 é a chamada “Troika”, que consiste nas presidências atual, anterior e seguinte do grupo, permitindo continuidade e cooperação. Durante a liderança brasileira, a Troika é composta por Índia (presidência anterior), Brasil e África do Sul (próxima presidência). Essa estrutura fortalece o planejamento e a implementação dos temas discutidos nas cúpulas.
A agenda brasileira para o G20
Com a presidência brasileira, o G20 coloca em foco temas alinhados com as prioridades do governo do Brasil, como a erradicação da fome, a redução da pobreza e o combate às desigualdades sociais. Outros temas de destaque incluem mudanças climáticas, sustentabilidade ambiental e desenvolvimento econômico equilibrado.
Durante o período da presidência, o Brasil promove um espaço de participação da sociedade civil, por meio de 12 grupos de engajamento. Esses grupos envolvem setores não governamentais em temas variados, como saúde, educação, e meio ambiente, criando uma rede de discussões que contribui diretamente para a formulação de políticas do G20. Esse modelo promove a inclusão e permite que diferentes vozes influenciem as decisões tomadas no âmbito do grupo.
O encontro no Rio e a programação paralela
A cúpula principal, marcada para 18 e 19 de novembro, reunirá 55 delegações de 40 países e 15 organismos internacionais no Rio de Janeiro. Líderes como Joe Biden, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China, já confirmaram presença. O presidente russo, Vladimir Putin, será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov. Esta será uma das maiores cúpulas realizadas pelo Brasil, marcando a entrada do país no cenário global como anfitrião de um evento de tamanha relevância.
Além do encontro principal, a cidade também será palco de eventos paralelos, como a Cúpula do G20 Social, o Urban 20 (U20) e o Aliança Global Festival, que começam no dia 14. Essas atividades visam ampliar a discussão sobre temas de interesse global, integrando o público e fortalecendo o papel das cidades e das comunidades no desenvolvimento sustentável.
O papel dos Sherpas e da trilha de finanças
A estrutura de trabalho do G20 é dividida em duas áreas: a trilha dos Sherpas e a trilha de Finanças. Os Sherpas são representantes dos líderes de cada país e lideram as discussões principais, preparando o terreno para a cúpula. A trilha de Finanças, por sua vez, envolve ministros da economia e presidentes de bancos centrais e se concentra em temas macroeconômicos, reunindo-se pelo menos quatro vezes ao ano. A coordenação entre esses dois grupos assegura que as decisões sejam amplamente discutidas e estejam em sintonia com as necessidades econômicas e sociais globais.
A importância do G20 para o cenário global
O G20 se destaca como uma plataforma de diálogo entre nações desenvolvidas e emergentes, abordando questões urgentes, como comércio global, mudanças climáticas, saúde, segurança alimentar, energia e crescimento sustentável. Durante a cúpula, os membros discutem e assinam acordos e compromissos para enfrentar esses desafios, o que fortalece a cooperação e aumenta a estabilidade econômica mundial.
Com o Brasil à frente, o G20 busca não só debater, mas também influenciar políticas de alcance global, promovendo um equilíbrio entre crescimento econômico e sustentabilidade. A presidência brasileira tem se dedicado a garantir que as decisões tomadas sejam inclusivas e reflitam a diversidade de interesses dos países membros e das nações convidadas.
A cúpula do G20 no Rio de Janeiro representa uma oportunidade para o Brasil mostrar sua capacidade de liderança global e seu compromisso com temas de interesse mundial. Ao sediar o evento, o Brasil destaca-se no cenário internacional e reforça sua posição como um país empenhado em contribuir para um mundo mais justo e sustentável. Essa edição, marcada pelo lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, promete trazer propostas inovadoras e fortalecer a colaboração entre os países na busca de soluções para os desafios atuais.
A presença de líderes globais e a intensa programação paralela fazem do G20 no Brasil não apenas um evento de políticas globais, mas um marco de engajamento da sociedade e um exemplo de cooperação internacional.
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