Em seu discurso nesta terça-feira (19), o presidente Lula falou sobre a necessidade de mais responsabilidade dos países ricos. Ele propôs a criação de um Conselho de Mudança do Clima na ONU e destacou a importância das contribuições dos povos indígenas e comunidades tradicionais para proteger as florestas. A Declaração de Líderes, aprovada no dia anterior (18), abordou esses temas.
Em seu ultimo discurso no G20, Lula falou sobre os principais temas discutidos ao longo deste ano. Depois de abordar inclusão social, fome, pobreza e a reforma das instituições globais no dia anterior (18), o foco da sessão foi o desenvolvimento sustentável e a ação climática.
O presidente do Brasil pediu mais responsabilidade dos países ricos em relação ao clima e ressaltou o papel dos povos indígenas na proteção das florestas. Ele também sugeriu a criação de um Conselho de Mudança do Clima na ONU, para reunir os diferentes processos climáticos que estão divididos.
“Nossa direção continua sendo o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas. Isso é justiça climática. Mesmo que as ações não sejam rápidas, todos podemos avançar. Proponho que os países ricos do G20 antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045. Sem assumir suas responsabilidades históricas, os países ricos não terão credibilidade para cobrar ações dos outros”, afirmou Lula.
Lula também pediu que a COP30, em 2024, seja encarada como a “COP da virada”. Ele disse: “Não podemos transferir para Belém o trabalho que precisa ser feito em Baku. A COP30 será nossa última chance de evitar uma ruptura irreversível no sistema climático”.
O presidente anunciou que o Brasil continuará trabalhando com a ONU e a UNESCO na Iniciativa Global pela Integridade das Informações sobre Mudança do Clima.
Compromissos urgentes na Declaração de Líderes do G20 Brasil
Na Declaração de Líderes do G20 Brasil, aprovada ontem (18), ficaram evidentes os avanços para combater as mudanças climáticas. Os líderes reconheceram a necessidade urgente de uma ação global.
Entre os compromissos, destacam-se a aceleração de reformas financeiras para apoiar o desenvolvimento sustentável e a transição energética limpa, justa e acessível, com foco nos mais pobres e vulneráveis. Eles também destacaram a importância de adaptar essas ações às realidades de cada país.
A Declaração também reconhece o papel dos povos indígenas na proteção das florestas e as desigualdades no financiamento das transições energéticas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Os países signatários se comprometeram a facilitar o financiamento para economias de baixo carbono nos países em desenvolvimento.
Outros pontos importantes são a promoção da inclusão social, a luta contra a fome e a pobreza com a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, e o apoio à tributação progressiva. Também foi feito um compromisso para garantir que os bilionários paguem tributos justos.
Pela primeira vez, os líderes se comprometeram a mobilizar recursos para melhorar o saneamento básico e garantir o acesso à água potável. Também destacaram a luta contra o racismo e a promoção da igualdade racial no combate às desigualdades sociais.
Sobre a COP30
A COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, em novembro de 2025, será a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, reunindo líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil para discutir soluções para a crise climática.
Seus principais objetivos incluem a redução das emissões de gases de efeito estufa, a adaptação às mudanças climáticas e o financiamento de países em desenvolvimento.
O evento será uma oportunidade para o Brasil destacar a importância da Amazônia nas discussões globais sobre o clima, além de dar visibilidade às realidades locais e engajar o mundo em ações para preservar a floresta.
Para receber a conferência, Belém está realizando obras para aumentar a capacidade de hospedagem, como a dragagem das margens da Baía do Guajará para permitir a chegada de navios de grande porte.
O impacto na comunidade local
A COP30 trará benefícios diretos para os moradores de Belém. Estão sendo oferecidos cursos de capacitação profissional e de idiomas, visando preparar a população para as oportunidades de emprego que o evento gerará, especialmente nas áreas de turismo, gastronomia e bioeconomia. Isso permitirá que os moradores aproveitem as vantagens econômicas da conferência e contribuam para o crescimento da cidade.
Com esses investimentos, Belém se prepara para se tornar um exemplo de cidade sustentável e um importante centro global de debates sobre o clima em 2025. A COP30 não só reforçará o compromisso do Brasil com a preservação ambiental, mas também deixará um legado duradouro para a cidade, melhorando a qualidade de vida e fortalecendo sua conexão com a natureza.
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