G20: Brasil destaca impostos e digitalização na cúpula

Nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, o Rio de Janeiro sediará a Cúpula do G20, onde as vinte maiores economias do mundo debaterão temas essenciais para a economia global. Sob a presidência do Brasil, o encontro terá como pauta a taxação de grandes fortunas, a digitalização dos governos e o aumento da oferta de crédito em organizações internacionais.

Na Cúpula do G20, o Brasil vai priorizar debates sobre taxação de fortunas, digitalização e sustentabilidade para impulsionar a economia global | Foto: Reprodução/Ricardo Moraes/Reuters

Uma das propostas do Brasil é o imposto sobre os chamados “super-riscos.” O país quer implementar uma taxa mínima de 2% sobre a renda das maiores fortunas, o que poderia gerar entre US$ 200 bilhões e US$ 250 bilhões anuais, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que considera a medida “ambiciosa.”

Comércio e investimento também serão tópicos centrais, com o objetivo de alinhar as políticas comerciais aos princípios de sustentabilidade. Durante os encontros do grupo de trabalho, foi ressaltado que essas políticas devem seguir as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e os acordos ambientais internacionais.

A agenda inclui, ainda, uma proposta para a reforma da OMC e para o fortalecimento do sistema multilateral de comércio. Este debate ocorre em meio a dúvidas sobre o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que enfrenta resistência da França por preocupações com os agricultores locais.

A sustentabilidade no setor agrícola será outra prioridade, com destaque para o papel do comércio global na segurança alimentar. O Pacto Global contra a Fome e a Pobreza, prioridade do governo brasileiro, será formalizado durante a Cúpula. A iniciativa permitirá que países se unam em estratégias de combate à fome.

No tema da digitalização, o Brasil pretende ampliar a conectividade global e digitalizar os serviços públicos, visando aprimorar o atendimento e a segurança dos dados. A expectativa é que esses avanços tecnológicos tragam benefícios ao comércio entre os países e tornem os serviços públicos mais eficientes.

A liderança brasileira no G20

Em 2024, o Brasil ocupa a presidência do G20, trazendo temas como sustentabilidade e justiça social para o centro das discussões internacionais. Com o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, o evento reunirá líderes das maiores economias do mundo, com o objetivo de fortalecer a cooperação econômica e social entre os países, promovendo o desenvolvimento e buscando soluções para problemas globais.

O que é o G20?

O G20, ou “Grupo dos Vinte”, é um fórum internacional criado nos anos 1990, formado por 19 países e a União Europeia. O grupo foi criado como resposta a crises financeiras na Ásia, com o objetivo de promover a estabilidade econômica global. A partir de 2008, o G20 passou a incluir reuniões de chefes de estado, tornando-se um espaço estratégico para discutir políticas globais e soluções para desafios econômicos, sociais e ambientais que afetam todo o mundo. Este fórum reúne cerca de 80% da economia mundial, e a presidência rotativa permite que os países liderem as discussões e proponham temas prioritários para cada cúpula.

A “Troika” do G20

Para garantir a continuidade dos trabalhos, o G20 adota o sistema da “Troika”, uma estrutura que envolve três países: o que ocupa a presidência atual, o que ocupou a presidência anterior e o que assumirá a próxima presidência. Em 2024, a “Troika” é composta por Índia (presidência anterior), Brasil (presidência atual) e África do Sul (próxima presidência). Essa estrutura facilita a continuidade e a cooperação nas discussões, já que os temas debatidos precisam ser acompanhados e implementados ao longo do tempo.

Prioridades da presidência brasileira

O Brasil definiu como prioridades temas como a erradicação da fome, a redução da pobreza e a luta contra as desigualdades sociais. Também são pontos centrais a sustentabilidade ambiental e o combate às mudanças climáticas. Além disso, o Brasil promove a inclusão da sociedade civil nas discussões, criando 12 grupos de engajamento que abordam temas como saúde, educação e meio ambiente. Esses grupos contribuem para ampliar a participação da população nas decisões, garantindo que diferentes setores da sociedade tenham voz nas políticas formuladas pelo G20.

Cúpula no Rio de Janeiro e eventos adicionais

A Cúpula do G20, programada para os dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro, contará com a presença de 55 delegações, representando 40 países e 15 organismos internacionais. Líderes importantes, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, já confirmaram presença, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov. Além do evento principal, a cidade do Rio de Janeiro será palco de encontros paralelos, como o G20 Social e o Urban 20, que incentivam o engajamento da sociedade em temas globais e ampliam a discussão sobre questões relevantes para as cidades e para o desenvolvimento sustentável.

Organização e importância global

O trabalho do G20 é organizado em duas áreas principais: a trilha dos Sherpas e a trilha de Finanças. Os Sherpas são representantes dos líderes dos países, responsáveis por preparar os temas e articular as discussões da cúpula. Já a trilha de Finanças reúne ministros da economia e presidentes de bancos centrais para debater temas econômicos, como crescimento sustentável e estabilidade financeira. Essa divisão permite que questões econômicas e sociais sejam discutidas de forma ampla, garantindo um diálogo profundo sobre os desafios urgentes, como o comércio global, mudanças climáticas, segurança alimentar e fontes de energia renováveis.

Ao ocupar a presidência do G20, o Brasil se posiciona no cenário global com um compromisso de influenciar políticas que promovam não só o crescimento econômico, mas também a justiça social e a sustentabilidade ambiental. A presidência brasileira tem como meta incluir os interesses de todos os países membros e convidados, propondo uma agenda inclusiva que respeite a diversidade de perspectivas e contribua para a construção de um mundo mais equilibrado e justo.

A realização da cúpula no Rio de Janeiro representa uma oportunidade para o Brasil demonstrar sua capacidade de liderança e reafirmar seu papel no desenvolvimento de soluções para os desafios globais.

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