G20 Social debate justiça, bioeconomia e combate à fome

A Cúpula Social do G20, que acontece no Rio de Janeiro entre os dias 14 e 16 de novembro de 2024, marca um momento histórico para a diplomacia brasileira e para o engajamento da sociedade civil no cenário global. Este evento é fruto da presidência do Brasil no grupo das 20 maiores economias do mundo e tem como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.

Pela primeira vez, a sociedade foi convidada a participar ativamente dos debates sobre temas globais, com a intenção de garantir que as propostas da população cheguem aos líderes mundiais durante a Cúpula de Chefes de Estado, programada para os dias 18 e 19 de novembro.

Debates no G20 Social destacam combate à fome e bioeconomia
G20 Social no Rio debate justiça social, bioeconomia e erradicação da fome. Propostas serão levadas à cúpula de líderes globais.| Foto: Reprodução/Tomaz Silva/ Plenária no G20 Social

O G20 Social foi uma articulação entre o governo, movimentos populares e organizações da sociedade civil, buscando ampliar a participação popular nas discussões de políticas públicas. Durante os três dias da Cúpula Social, temas como justiça social, redução das desigualdades, mudanças climáticas e bioeconomia estiveram no centro das discussões.

Um dos primeiros painéis, realizado no Museu do Amanhã, abordou o “Mapeamento da biodiversidade e arqueologia da Amazônia”, destacando a importância da preservação da floresta e a proteção dos territórios indígenas e tradicionais.

Ao longo do evento, diversas propostas foram discutidas com a participação de ativistas, especialistas e representantes do governo. Os debates também deram voz a questões de extrema relevância, como o combate à fome e à pobreza, a preservação da Amazônia e o impacto dos desastres climáticos no Brasil.

Movimentos como o dos Atingidos por Barragens (MAB) e ativistas que defendem a economia circular e a bioeconomia estiveram presentes, discutindo soluções baseadas em práticas sustentáveis que buscam reduzir os danos ambientais e garantir a inclusão de comunidades vulneráveis.

A bioeconomia, conceito que propõe soluções de desenvolvimento baseadas na utilização responsável dos recursos naturais, também foi amplamente discutida. Durante o evento, foi ressaltada a importância de iniciativas que favoreçam a reutilização de materiais e a adoção de uma cadeia produtiva mais limpa, com base na reciclagem e no reaproveitamento de recursos. Essa prática, que pode ser observada no cotidiano, como no simples ato de reciclar uma embalagem ou usar produtos biodegradáveis, é uma contribuição para um futuro mais sustentável.

Outro destaque da Cúpula Social foi a participação da família Shurmann, que, com sua luta contra a poluição oceânica, chamou atenção para o impacto da poluição plástica, principalmente nas comunidades costeiras. O lema “Recolher, Repensar, Ressignificar” resume a missão de conscientizar a população sobre a necessidade urgente de reduzir o uso de plásticos e outros resíduos, que afetam diretamente a vida de pescadores, marisqueiras e outras populações dependentes dos oceanos.

Prioridades no G20 Social

O segundo dia de debates da Cúpula Social, realizado no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, teve como foco temas centrais na agenda do G20, como as mudanças climáticas, o combate à fome e a reforma do sistema de governança global.

O Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias, destacou a importância de iniciativas para erradicar a fome e a pobreza, que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Em sua fala, ele apresentou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa que conta com a adesão de 41 países e diversas organizações internacionais.

O objetivo da aliança é alcançar 500 milhões de pessoas em países de baixa e média-baixa renda até 2030, promovendo a inclusão socioeconômica e expandindo programas de transferência de renda, merendas escolares e acesso a serviços de saúde e educação.

O combate à fome não se limita a distribuir alimentos, mas envolve a implementação de políticas públicas integradas que garantam o acesso à educação, à saúde, ao trabalho e à infraestrutura básica, como água e saneamento.

Para isso, a Aliança conta com o apoio de instituições financeiras internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial, que prometem financiar programas de grande escala, incluindo o apoio à agricultura familiar e ao acesso a água em comunidades vulneráveis. Segundo Dias, o financiamento inicial de mais de 10 bilhões de dólares para esses programas é apenas o começo, e mais recursos devem ser mobilizados nos próximos anos.

Além disso, a reforma agrária e o fortalecimento da agricultura sustentável também foram abordados pelo Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Ele enfatizou a retomada da reforma agrária no Brasil, que busca garantir acesso à terra para a produção de alimentos de forma mais justa e sustentável.

O governo brasileiro anunciou um aumento significativo nos investimentos em agroecologia, recuperação de florestas e bioeconomia, com o objetivo de fortalecer uma agricultura mais limpa e resiliente às mudanças climáticas.

Resultados esperados e desafios

O G20 Social tem sido uma plataforma inovadora para a sociedade civil, permitindo que suas vozes sejam ouvidas ao lado dos líderes mundiais. No entanto, o grande desafio será garantir que as propostas discutidas na Cúpula Social sejam realmente implementadas. A expectativa é que, ao final do evento, uma declaração conjunta seja apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a levará aos debates da Cúpula de Líderes, onde serão tomadas decisões cruciais para o futuro da economia global.

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, um dos principais legados dessa cúpula social, tem o objetivo de mobilizar a comunidade internacional para erradicar a fome e reduzir a pobreza no mundo. A adesão de tantos países e organizações é um passo importante, mas a verdadeira transformação dependerá da implementação eficaz dessas políticas e do engajamento contínuo de governos e da sociedade civil. A participação ativa da população e a pressão por uma governança global mais inclusiva e justa serão fundamentais para alcançar os objetivos propostos.

Assim, o G20 Social representa não apenas um espaço para discutir políticas públicas, mas também uma oportunidade de fortalecer a colaboração entre os países e a sociedade, para construir um mundo mais justo, inclusivo e sustentável. A Cúpula Social é uma chance de todos, independentemente de sua origem, serem ouvidos e contribuírem para um futuro mais próspero para todos.

Leia também: Cria G20: evento inédito visa conectar líderes e sociedade

Atualize-se.
Receba Nossa Newsletter Semanal

Sugestões para você