A maioria das empresas brasileiras ainda não percebeu como as mudanças climáticas afetam seus negócios e continua distante dos debates realizados pela Conferência do Clima da ONU (COP). Um levantamento mostrou que 68% dessas empresas nunca participaram desse evento global, que tem como objetivo discutir o futuro do planeta.
O estudo chamado “Na Trilha da COP: Uma visão corporativa dos desafios climáticos”, realizado pelo Fundamento Grupo de Comunicação, entrevistou 518 executivos de empresas de 23 setores diferentes. Entre eles, 30% ocupam cargos de gerência, 18% são presidentes ou CEOs e 15% são diretores.
Com a COP30 programada para acontecer em Belém do Pará no próximo ano, apenas 31% das empresas consultadas afirmaram que pretendem participar do evento. Dessas, 32% ainda não decidiram como vão se envolver, 35% planejam apenas acompanhar como ouvintes, e 25% veem a ocasião como uma oportunidade para mostrar produtos e serviços.
Por outro lado, 72% dos executivos acreditam que realizar a COP no Brasil pode fortalecer a posição do país como líder em soluções ambientais. No entanto, muitas empresas ainda não participam das discussões promovidas pela ONU devido à descrença de 24% delas na capacidade da COP de gerar mudanças reais em suas operações.
Na COP29, realizada em Baku, Azerbaijão, houve pouco interesse das empresas nos debates climáticos. Isso foi explicado, em parte, pela forte ligação do país-sede com a indústria do petróleo, o que gerou desconfiança quanto às negociações. Apesar disso, o Brasil foi o segundo país com mais representantes no evento, de acordo com o levantamento.
Para a COP30, espera-se maior participação de todos os envolvidos, com a chance de atrair a atenção global para a Amazônia e para a riqueza da biodiversidade brasileira.
Marta Dourado, CEO do Fundamento Grupo de Comunicação, explicou, em um webinar, que o objetivo do estudo era analisar a participação do setor privado na COP29 e buscar formas de aumentar esse envolvimento em 2025. Ela destacou a importância de campanhas internas e debates para gerar mais interesse na COP30. Esse levantamento foi realizado pela primeira vez em 2023, durante a COP28 em Dubai.
COP30: contagem regressiva para a Conferência do Clima
Os investimentos para a cúpula somam R$ 4,7 bilhões, provenientes do Orçamento Geral da União, do BNDES e da Itaipu Binacional. Esses recursos serão usados em obras e melhorias destinadas a atender às demandas de transporte, hospedagem e infraestrutura.
A realização da COP-30 reforça o papel do Brasil como um dos principais atores nas discussões climáticas globais e regionais, tratando de temas como emissões de gases do efeito estufa, adaptação climática e apoio financeiro aos países em desenvolvimento.
Requalificação urbana em Belém
A cidade de Belém está passando por diversas transformações para se preparar para o evento. Entre os projetos em andamento, destacam-se a revitalização de importantes pontos turísticos e espaços públicos. O famoso mercado Ver-o-Peso e o Mercado de São Brás estão sendo restaurados, enquanto o Parque Linear São Joaquim surge como um novo espaço verde que oferecerá lazer e reforçará a sustentabilidade urbana.
O Porto Futuro II também integra os projetos de melhoria. Além de áreas de lazer e gastronomia, o espaço será transformado em um centro de bioeconomia, valorizando o potencial turístico e a integração entre cultura e meio ambiente.
Mobilidade urbana renovada
As obras de mobilidade urbana são outro ponto de atenção nos preparativos. Ciclovias e novos corredores de transporte estão sendo construídos para facilitar os deslocamentos, e o sistema de transporte público está sendo modernizado para atender melhor moradores e visitantes.
Entre as iniciativas, a reforma da Avenida Tamandaré é um exemplo de melhoria que combina saneamento básico e a criação de um parque linear, promovendo maior segurança e eficiência no trânsito da cidade. Essas mudanças visam não apenas atender às necessidades do evento, mas também beneficiar a população local no longo prazo.
Ampliação da capacidade de hospedagem
Com a expectativa de receber milhares de visitantes, a cidade está aumentando suas opções de hospedagem. Dois novos hotéis estão sendo construídos na área portuária, enquanto a “Vila Líderes”, um espaço com 500 quartos de luxo, será adaptado para uso administrativo pelo governo estadual após o evento.
Para diversificar as alternativas, o governo está incentivando a utilização de plataformas de aluguel temporário para que moradores possam alugar suas residências. Além disso, dois navios de cruzeiro serão usados como hospedagem flutuante, oferecendo cerca de 5 mil leitos durante a conferência.
Sustentabilidade no centro da organização
A COP-30 está sendo planejada com foco em sustentabilidade, priorizando práticas que minimizem impactos ambientais. A energia utilizada será majoritariamente renovável, e haverá uma gestão eficiente dos resíduos gerados. Iniciativas de preservação da biodiversidade local também estão sendo incluídas, destacando o compromisso com o meio ambiente.
A conferência será uma oportunidade para o Brasil demonstrar sua liderança na agenda climática e apresentar soluções sustentáveis para a organização de grandes eventos.
Benefícios locais e legado duradouro
Segundo Valter Correia, secretário especial para a COP30, o evento trará avanços significativos para Belém e a Amazônia. Além de colocar a cidade em evidência global, a conferência criará empregos, fomentará o turismo e deixará uma infraestrutura melhorada como legado. Obras de saneamento básico, por exemplo, terão um impacto direto na qualidade de vida dos moradores.
O turismo também deve se fortalecer, com a expectativa de que a visibilidade conquistada durante a COP-30 impulsione o interesse por Belém no cenário internacional mesmo após o término do evento.
O impacto na comunidade local
A COP30 também vai trazer benefícios diretos para os moradores de Belém. Estão sendo oferecidos cursos de capacitação profissional e de idiomas para preparar a população para as vagas de emprego que serão geradas. Isso ajudará especialmente nas áreas de turismo, gastronomia e bioeconomia, preparando os moradores para aproveitar as oportunidades que o evento vai trazer e para o crescimento econômico da cidade.
Com todos esses investimentos, Belém está se preparando para se tornar um exemplo de cidade sustentável e para ser um dos principais centros globais de discussão sobre o clima em 2025. Além de reforçar o compromisso do Brasil com a preservação ambiental, a COP30 deixará um legado duradouro para os moradores de Belém, melhorando a qualidade de vida e tornando a cidade mais conectada com a natureza.
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