Lula critica privatização da Eletrobras e cobra reparação da Vale

Em uma cerimônia nesta quarta-feira (20), na posse de Magda Chambriard como presidente da Petrobras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a privatização de grandes empresas brasileiras, focando na Eletrobras e na Vale

Segundo Lula, essas empresas, se ainda estivessem sob controle estatal, poderiam impulsionar a economia nacional ao lado da Petrobras. A Eletrobras foi privatizada em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, quando a emissão de novas ações reduziu a participação da União para menos de 50%.

A Vale, por sua vez, foi privatizada em 1997, sob o governo de Fernando Henrique Cardoso, sendo vendida a um consórcio de empresas privadas e fundos de pensão. “Podíamos estar melhor. Podíamos ter a Eletrobras, a maior empresa de energia do país, ao nosso lado. E podíamos ter a Vale, que foi privatizada e repartida entre fundos, sem um dono com quem possamos dialogar”, afirmou Lula.

O presidente também criticou a Vale pela forma como tem lidado com as reparações das tragédias em Minas Gerais. Em 2015, a ruptura de uma barragem da Samarco – uma joint-venture da Vale com a BHP Billiton – em Mariana, deixou 19 mortos e causou danos ao longo da bacia do Rio Doce. Em 2019, um desastre semelhante em Brumadinho resultou na morte de 272 pessoas, a maioria trabalhadores da Vale ou de empresas terceirizadas.

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Durante as negociações para repactuar o acordo de reparação da tragédia de 2015, Lula destacou a ineficácia da Fundação Renova, criada para gerir as medidas reparatórias. Passados mais de oito anos, há mais de 85 mil processos tramitando no Judiciário brasileiro relacionados a essa tragédia, envolvendo ações civis públicas, coletivas e individuais.

As negociações para um novo acordo de reparação se arrastam há mais de dois anos, com as mineradoras oferecendo R$ 82 bilhões aos governos em um período de 20 anos, além de outras medidas. No entanto, União, Minas Gerais e Espírito Santo pedem R$ 109 bilhões, a serem pagos em 12 anos.

“Quando digo que não há dono para conversar, é porque, desde os desastres das barragens de Mariana e Brumadinho, a indenização não foi paga. As pessoas ainda aguardam casas e compensações pelos estragos. Uma grande empresa precisa de alguém responsável para que tudo funcione corretamente. Minha mãe dizia que cachorro com muitos donos morre de fome porque todos pensam que o outro deu comida. Assim é com uma empresa sem comando claro, que não cumpre seu papel social”, concluiu Lula.

A Vale, procurada pela Agência Brasil, informou que não comentará as declarações do presidente. A empresa afirmou ter destinado R$ 37 bilhões para reparação e compensação da tragédia de Mariana, com R$ 14,29 bilhões em indenizações e R$ 2,82 bilhões em auxílios financeiros emergenciais. Em relação a Brumadinho, a Vale disse que, desde 2019, 16.394 atingidos fecharam acordos de indenização, somando R$ 3,7 bilhões em pagamentos.

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