Os acordos incluem parcerias para a abertura de mercado para produtos agrícolas, intercâmbio educacional e cooperação tecnológica.
Acordos comerciais foram assinados entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da China, Xi Jinping, nesta quarta-feira (20). Os 37 tratados de cooperação cobrem áreas, como agronegócio, educação, tecnologia e investimentos.
As parcerias envolvem diversos setores, como infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, comunicações, sustentabilidade, turismo, esportes, saúde e cultura. A visita oficial de Xi Jinping, realizada após a Cúpula de Líderes do G20 no Rio de Janeiro, contou com forte esquema de segurança.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil há 15 anos. Em 2023, a corrente comercial entre os países atingiu um recorde de US$ 157,5 bilhões, conforme o Ministério das Relações Exteriores. De janeiro a outubro de 2024, o intercâmbio foi de US$ 136,3 bilhões. As exportações brasileiras somaram US$ 83,4 bilhões, enquanto as importações foram de US$ 52,9 bilhões, resultando em um superávit de US$ 30,4 bilhões.
Em 2023, no início de seu terceiro mandato, Lula visitou a China com o objetivo de fortalecer ainda mais as relações bilaterais. Este ano, Brasil e China celebraram 50 anos de relações diplomáticas.
Nova Rota da Seda
Conforme reportado pela CNN, o Brasil resistiu à pressão chinesa para integrar completamente a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), conhecida como Nova Rota da Seda, que destina cerca de US$ 1 trilhão a grandes projetos de infraestrutura para expandir a influência da China no mundo. Embora o Brasil não tenha aderido plenamente à iniciativa, assinou um protocolo sobre “sinergias” relacionadas ao projeto.
Comércio bilateral em números
A parceria entre Brasil e China tem gerado resultados expressivos no comércio exterior. De janeiro a outubro de 2024, o intercâmbio comercial entre os dois países somou US$ 136,3 bilhões. O Brasil exportou US$ 83,4 bilhões em produtos para a China, enquanto as importações de bens chineses totalizaram US$ 52,9 bilhões. Esse saldo gerou um superávit de US$ 30,4 bilhões para o Brasil, evidenciando a importância da China como destino de exportação.
Os principais produtos exportados pelo Brasil incluem soja, minério de ferro, petróleo e carne bovina, itens fundamentais para a economia chinesa. Por outro lado, o Brasil importa da China principalmente produtos manufaturados, eletrônicos e bens de consumo, essenciais para o mercado doméstico e a indústria brasileira.
Colaboração além do comércio
A relação entre Brasil e China vai além das trocas comerciais. Os dois países têm buscado parcerias em áreas estratégicas, como ciência e tecnologia, educação, turismo e cultura. Essas iniciativas incluem programas de intercâmbio acadêmico, cooperação em pesquisas científicas e promoção de eventos culturais.
Além disso, a China é um dos principais investidores no Brasil, especialmente nos setores de energia, infraestrutura e telecomunicações. Empresas chinesas têm participado de projetos importantes, como a construção de usinas hidrelétricas, rodovias e ferrovias. Esses investimentos não só impulsionam a economia brasileira, mas também criam empregos e melhoram a infraestrutura do país.
Superando desafios
Apesar dos avanços, a relação Brasil-China não está isenta de desafios. Diferenças nas políticas internas, disputas comerciais e questões geopolíticas globais já causaram atritos entre os dois países. Por exemplo, a competição no setor industrial é um ponto sensível, já que produtos chineses muitas vezes afetam a competitividade da indústria brasileira.
No entanto, ao longo de quase 50 anos de diplomacia, Brasil e China têm demonstrado resiliência. Mesmo diante de obstáculos, ambos os países têm mantido um crescimento constante em sua relação bilateral, buscando soluções conjuntas para superar divergências.
Acordo em moedas locais
Um dos avanços mais recentes e estratégicos é o acordo para realizar transações comerciais em moedas locais, eliminando o uso do dólar americano como intermediário. A partir de agora, o comércio entre Brasil e China será feito diretamente em yuan e real. Essa medida deve reduzir custos, facilitar investimentos e fortalecer ainda mais o comércio bilateral.
O acordo será conduzido pelo Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) e pelo Banco de Comunicações BBM. A expectativa é que essa iniciativa também impulsione transações transfronteiriças e promova maior estabilidade cambial, beneficiando empresas de ambos os países.
Impacto global
A parceria entre Brasil e China não beneficia apenas os dois países, mas também desempenha um papel importante na economia global. O comércio entre essas duas grandes potências ajuda a moldar mercados internacionais de commodities, bens industrializados e serviços.
Além disso, a cooperação entre Brasil e China é vista como um exemplo de como as economias emergentes podem se apoiar mutuamente para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Visita oficial
O presidente da China foi recebido oficialmente por Lula às 10h no Palácio da Alvorada, onde participaram de encontros e assinaram vários acordos.
A reunião ampliada contou com a presença de ministros, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, do presidente indicado para o Banco Central, Gabriel Galípolo, e do embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão.
Ainda nesta quarta-feira (20), Xi Jinping participará de um almoço oferecido por Lula e pela primeira-dama Janja Lula da Silva, no Palácio da Alvorada, e de um jantar no Itamaraty.
O presidente chinês chegou a Brasília na terça-feira (19), após participar das reuniões do G20, no Rio de Janeiro. Ele foi recepcionado pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
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