Um estudo realizado pelo Observatório do Custo Brasil revelou um potencial de economia significativo para o país. Ao analisar seis setores cruciais da economia brasileira – infraestrutura, energia, gás, tecnologia e tributação –, os pesquisadores identificaram a possibilidade de reduzir em até R$ 530 bilhões os custos do governo até 2035. Essa redução expressiva dependerá da implementação integral de políticas públicas e projetos específicos direcionados a cada uma dessas áreas.
Os dados apresentados pelo estudo demonstram que o Brasil já avançou nesse sentido. Entre os anos de 2021 e 2023, foi possível reduzir em R$ 86,71 bilhões os custos governamentais, o que indica a viabilidade das medidas propostas.
As estimativas completas, fruto de uma parceria entre o Movimento Brasil Competitivo (MBC), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), serão divulgadas oficialmente nesta quarta-feira (27), em Brasília, e estarão disponíveis para consulta pública.
O estudo apresentado destaca um conjunto de iniciativas estratégicas com o potencial de gerar uma significativa redução nos custos da economia brasileira. Ao analisar cada uma dessas medidas, é possível vislumbrar um cenário mais competitivo e eficiente.
Aqui estão algumas iniciativas:
Expansão e diversificação da matriz logística: A proposta de investir em infraestrutura ferroviária e de cabotagem, buscando reduzir a dependência do transporte rodoviário, representa um passo fundamental para otimizar a logística no país. Essa medida pode resultar em uma economia de até R$ 224,76 bilhões, ao reduzir custos operacionais, diminuir o tempo de transporte e minimizar os impactos ambientais.
Acesso ao crédito empresarial: A expansão do crédito para empresas de todos os portes é crucial para fomentar o investimento e a inovação. Ao facilitar o acesso a recursos financeiros, é possível reduzir os custos de produção e impulsionar a competitividade das empresas brasileiras, gerando uma economia estimada em R$ 63,46 bilhões.
Ampliação da banda larga: A expansão da infraestrutura de banda larga é essencial para a digitalização da economia e a modernização dos processos produtivos. Ao reduzir custos de comunicação e aumentar a eficiência operacional, essa medida pode gerar uma economia de R$ 69,26 bilhões.
Simplificação tributária: A complexidade do sistema tributário brasileiro é um dos principais obstáculos para o desenvolvimento econômico. A simplificação dos processos tributários e a redução da carga tributária podem gerar uma economia de R$ 30,9 bilhões, além de estimular a formalização de empresas e aumentar a arrecadação.
Abertura do mercado de gás natural: A abertura do mercado de gás natural para novos entrantes e a promoção da concorrência podem levar a uma redução significativa dos preços do gás para as indústrias, gerando uma economia estimada em R$ 21 bilhões.
Acesso a energia elétrica competitiva: A promoção de um mercado de energia elétrica mais competitivo, com maior participação de fontes renováveis, pode resultar em uma redução significativa dos custos de energia para as empresas, estimulando a produção e a geração de empregos. A estimativa é que essa medida possa gerar uma economia de R$ 121,3 bilhões.
Explicação dos especialistas
O estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que já estamos colhendo os frutos de investimentos em internet de alta velocidade (banda larga) e em energia elétrica mais barata. Essas melhorias significam que as empresas estão gastando menos dinheiro para produzir seus produtos e serviços, o que é bom para todos nós, consumidores.
A secretária do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Andrea Macera, explicou que o governo está trabalhando em 21 projetos diferentes para facilitar a vida das empresas no Brasil. A ideia é reduzir a burocracia, ou seja, diminuir a quantidade de papéis e processos que as empresas precisam lidar para poderem funcionar. Com isso, o governo espera atrair mais investimentos para o país.
O vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, disse que essa nova ferramenta vai deixar tudo mais transparente. As pessoas vão poder acompanhar de perto quais são os projetos do governo para combater os problemas que encarecem os produtos e serviços no Brasil. Assim, fica mais fácil entender por que algumas coisas são tão caras.
Rogério Caiuby, que trabalha no Ministério da Economia, explicou que o Observatório do Custo Brasil vai ajudar o governo a tomar decisões mais inteligentes. Com mais informações, o governo vai poder criar leis e regras que ajudem as empresas a crescer e a serem mais competitivas. Além disso, as empresas vão saber exatamente quais são as ações do governo que podem impactar seus negócios.
Caiuby destacou a importância desse novo sistema, dizendo que ele é um grande passo para modernizar a forma como o Brasil faz negócios. Com o Observatório, a população também poderá acompanhar de perto as mudanças que estão acontecendo e entender melhor como o governo está trabalhando para melhorar a economia do país.
Resultados e expectativas
O Observatório do Custo Brasil já mostrou resultados concretos em algumas áreas. Por exemplo, a expansão da internet de alta velocidade (banda larga) gerou uma economia de mais de 5 bilhões de reais nos últimos anos. Isso aconteceu porque, com mais internet disponível, as empresas conseguem trabalhar de forma mais eficiente e barata. No entanto, o Brasil ainda precisa melhorar muito nesse quesito para ficar no mesmo nível que outros países ricos.
A energia elétrica também ficou mais barata no Brasil nos últimos anos. Isso significa que as empresas pagam menos para ter luz, o que ajuda a reduzir seus custos de produção. Para continuar nessa direção, é preciso modernizar as leis que regulam o setor de energia e permitir que mais empresas entrem no mercado, oferecendo preços mais competitivos.
No setor de transportes, investir em trens e navios para transportar cargas pode gerar uma economia muito grande. Em vez de usar apenas caminhões, que são mais caros e poluentes, o país pode aproveitar seus rios e ferrovias para transportar produtos de um lugar para outro. Além disso, simplificar os impostos que as empresas pagam pode gerar uma economia de bilhões de reais e fazer com que as empresas gastem menos tempo com burocracia.
O gás natural, que é usado em muitas indústrias, ainda é muito caro no Brasil quando comparado a outros países. Para reduzir esses custos, é preciso fazer investimentos em novas instalações e mudar as leis que regulam o setor. Com isso, o gás natural ficaria mais barato e as empresas brasileiras poderiam ser mais competitivas no mercado internacional.
Leia também: Deputados sugerem PEC para frear crescimento de gastos públicos