Transição tranquila tem início com o primeiro encontro entre os dois líderes após as eleições de 2024, marcando suas implicações para o futuro dos EUA
Na quarta-feira, 13 de novembro de 2024, um encontro histórico aconteceu na Casa Branca, onde o presidente eleito Donald Trump foi recebido por Joe Biden, atual presidente dos Estados Unidos, para iniciar o processo de transição de poder. Esse gesto marcou o início de uma troca que, segundo ambos os líderes, será conduzida de forma tranquila. A reunião no Salão Oval, que durou cerca de duas horas, teve um caráter construtivo, abordando questões importantes de segurança nacional e política interna.
A transição suave foi o principal tema do encontro. Biden, logo após cumprimentar Trump, declarou que faria todo o possível para garantir que ele fosse bem acolhido ao retornar à Casa Branca em janeiro de 2025. “Bem-vindo de volta”, disse Biden, estabelecendo um tom cordial e enfatizando o compromisso com a transferência pacífica de poder.
Trump, por sua vez, agradeceu e concordou com o apelo de Biden, dizendo que, apesar das dificuldades da política, estava feliz com a oportunidade de iniciar a transição de maneira pacífica. Ele destacou que a política pode ser dura, mas naquele momento estava “bem”, refletindo uma visão mais positiva para o processo.
Este encontro na Casa Branca foi um marco, não apenas pela cordialidade entre os dois, mas também por ser um raro momento de contato entre um presidente cessante e um presidente eleito com quem competiu diretamente nas urnas. A última vez que isso aconteceu foi em 1992, quando George H.W. Bush, derrotado por Bill Clinton, se reuniu com o futuro presidente. Esse tipo de encontro é tradicionalmente visto como um símbolo de respeito e de compromisso com a democracia.
Durante a reunião, ambos discutiram tópicos relevantes para os Estados Unidos e o cenário internacional. Biden, por exemplo, levantou questões relacionadas à política externa, como o apoio à Ucrânia, um tema que gerou controvérsias entre os dois líderes. Trump, que é um crítico ferrenho do envolvimento dos EUA no conflito, foi ouvido por Biden sobre sua posição, e os detalhes dessa conversa são ainda desconhecidos, já que o encontro seguiu a portas fechadas após os breves comentários iniciais.
Um outro ponto discutido foi a agenda interna dos EUA, incluindo questões fiscais e de segurança nacional. O chefe de gabinete da Casa Branca, Jeff Zients, e Susie Wiles, a nova chefe de gabinete de Trump, também participaram da conversa. A transição de poder inclui, entre outras coisas, a continuação do financiamento do governo e a aprovação de recursos para lidar com desastres naturais, assuntos que foram abordados na reunião de maneira prática e objetiva.
Vale ressaltar que, em 2020, quando Trump perdeu a eleição para Biden, o republicano se recusou a realizar o gesto de cortesia que Biden fez agora, negando-se a se reunir com seu sucessor e dificultando o processo de transição. Trump, na época, alegou fraude eleitoral, uma posição que ainda mantém. Esse comportamento foi um dos fatores que gerou um grande atrito entre os dois, especialmente após o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021, quando apoiadores de Trump invadiram o prédio do Congresso, tentando impedir a certificação da vitória de Biden. O episódio resultou em destruição e mortes, além de muitas críticas a Trump, que foi acusado de incitar a violência.
Agora, três anos depois, Trump se encontra em uma posição de força. Sua vitória nas eleições de 2024, contra a ainda vice-presidente Kamala Harris, fortaleceu sua base de apoio, que continua a vê-lo como a principal figura do Partido Republicano. Trump, que governou os EUA entre 2016 e 2020, volta à Casa Branca com o respaldo de um partido que recuperou o controle do Senado e está próximo de consolidar a maioria na Câmara dos Representantes.
Apesar das críticas e da polarização que marcam sua trajetória política, Trump segue sendo uma figura central no cenário eleitoral americano. Durante sua visita à Casa Branca, o ex-presidente também se encontrou com republicanos da Câmara, onde abordou a possibilidade de se candidatar a um terceiro mandato, embora isso seja proibido pela Constituição. Sua retórica, sempre voltada para a mobilização de sua base, continua sendo uma característica marcante.
Por outro lado, Biden, que antes da eleição já enfrentava questionamentos sobre sua saúde e capacidade de conduzir um novo mandato, demonstrou em público a disposição de apoiar uma transição ordenada. A performance de Biden durante a campanha, especialmente nos debates, gerou críticas, mas sua decisão de não concorrer à reeleição e apoiar Kamala Harris, que perdeu para Trump, foi um movimento significativo na política americana.
O cenário de transição se desenrola em um momento delicado, não apenas para os EUA, mas para o mundo. A política externa dos EUA, especialmente em relação à Rússia e à Ucrânia, continuará a ser uma questão central durante a presidência de Trump, que tem visões bastante diferentes das de Biden. Além disso, as tensões internas, como as relacionadas ao sistema de saúde, mudanças climáticas e comércio, devem continuar a ser pontos de divergência entre os dois líderes.
O processo de transição segue com a expectativa de que, apesar das diferenças ideológicas, Trump e Biden consigam estabelecer uma relação de trabalho minimamente construtiva, especialmente no que diz respeito a assuntos de segurança nacional e estabilidade política interna. O encontro na Casa Branca, embora carregado de simbolismo, reflete a continuidade de um processo democrático que, por mais desafiador que seja, segue com o compromisso de garantir uma transição de poder pacífica, um dos pilares da democracia americana.
O futuro da relação entre Trump e Biden permanece incerto, mas esse encontro inicial, mesmo que marcado por cortesias protocolares, sinaliza que o processo de transição está em andamento, com a expectativa de que o governo de Trump, a partir de janeiro de 2025, enfrente grandes desafios tanto no cenário doméstico quanto internacional. O momento também marca uma lição de democracia, onde, apesar de todas as divergências, a paz e a ordem constitucional prevalecem.
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