A balança comercial do Brasil registrou o segundo maior saldo da história em 2024, alcançando US$ 74,6 bilhões, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (6) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Conforme os números da Secex, o saldo comercial de 2024 apresentou uma redução de 24,6% em comparação ao recorde histórico de 2023, que foi de US$ 98,8 bilhões.
As exportações também ficaram em segundo lugar no histórico do país, totalizando US$ 337 bilhões. Esse valor representa uma leve queda de 0,8% em relação ao ano anterior, embora o volume embarcado tenha registrado um crescimento de 3%.
Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior, destacou que essa redução modesta foi influenciada principalmente pela variação dos preços no mercado internacional.
Por outro lado, as importações aumentaram 9% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 262,5 bilhões, o segundo maior valor já registrado. Entre os destaques, os bens de capital tiveram um crescimento significativo, com um aumento de 25,6% no volume importado.
Apesar de um crescimento de 3,3% em comparação a 2023, a corrente de comércio – que soma exportações e importações – também alcançou o segundo melhor resultado já registrado, somando US$ 599,5 bilhões.
De acordo com o MDIC, os setores responsáveis pelas principais mudanças nas exportações ao longo do ano foram:
- Queda de US$ 9 bilhões (11,0%) em agropecuária;
- Crescimento de US$ 1,93 bilhões ( 2,4%) em Indústria Extrativa;
- Crescimento de US$ 4,81 bilhões ( 2,7%) em produtos da Indústria de Transformação.
Nas importações acumuladas ao longo de 12 meses, em comparação com o ano de 2023, os setores apresentaram o seguinte desempenho: a Agropecuária registrou um aumento de US$ 1,15 bilhão, equivalente a 25,6%; a Indústria Extrativa teve um crescimento de US$ 160 milhões, representando 1%; e os produtos da Indústria de Transformação avançaram em US$ 20,4 bilhões, correspondendo a uma alta de 9,3%.
Petróleo assume protagonismo
Em 2024, pela primeira vez na história, o petróleo se tornou o principal produto exportado pelo Brasil, superando a soja, que tradicionalmente liderava os envios do país para o mercado internacional.
Herlon Brandão, diretor de Planejamento e Inteligência Comercial, aponta que, no caso da soja, os grandes volumes exportados no primeiro semestre diminuíram ao longo do ano devido às safras e às mudanças climáticas.
As exportações de petróleo alcançaram US$ 44,8 bilhões, representando 13,3% do total, enquanto a soja somou US$ 42,9 bilhões, com uma participação de 12,7%. O petróleo registrou um aumento de 5% nas exportações, enquanto a soja apresentou uma queda superior a 20% na balança comercial em relação ao ano anterior.
Apesar desse desempenho, Brandão destacou que é pouco provável que o petróleo mantenha a liderança em 2025. Ele lembrou que, embora o petróleo tenha ocupado o topo pela primeira vez, a soja foi o principal produto exportado em 2022 e 2023, e nos anos de 2020 e 2021, a soja e o minério de ferro dividiram essa posição.
Para ele, o cenário de 2023, marcado pela recuperação da safra agrícola, resultou em volumes muito maiores de exportação de soja. Ele prevê que, em 2025, a soja deve recuperar seu protagonismo e voltar a liderar as exportações brasileiras.
Dados de dezembro
Os dados de dezembro de 2024 também foram divulgados, revelando um superávit de US$ 4,8 bilhões, o que representa uma redução de 48,5% em comparação ao mesmo período de 2023, quando o saldo foi de US$ 9,3 bilhões.
Conforme informado pela pasta, esse resultado é atribuído à diferença entre as exportações, que totalizaram US$ 24,9 bilhões (diminuição de 13,5% em relação a 2023), e as importações, que alcançaram US$ 20,1 bilhões (um aumento de 3,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior). A corrente de comércio registrou queda de 6,7%, atingindo US$ 45 bilhões no período.
Nas exportações, ao comparar com dezembro de 2023, os setores apresentaram o seguinte desempenho: recuo de US$ 1,21 bilhão (23,2%) na Agropecuária e redução de US$ 2,67 bilhões (34,8%) na Indústria Extrativa.
Por outro lado, nas importações, o desempenho foi o seguinte: aumento de US$ 90 milhões (25,1%) na Agropecuária; redução de US$ 90 milhões (10,5%) na Indústria Extrativa; e crescimento de US$ 590 milhões (3,3%) em produtos da Indústria de Transformação.
Projeções para 2025
O relatório do MDIC apresenta as projeções dos técnicos para o ano de 2025. O saldo da balança comercial está estimado entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões. Herlon Brandão explicou que esses valores estão condicionados a diversas variáveis globais, como a demanda e os preços no mercado internacional.
Brandão também ressaltou que divulgar dados pontuais aumenta a chance de erro, ressaltando que as previsões atuais refletem as expectativas para os próximos doze meses. Ele também mencionou que, após o encerramento do primeiro trimestre, números mais específicos seriam divulgados.
As exportações devem alcançar entre US$ 320 bilhões e US$ 360 bilhões, enquanto as importações devem se situar na faixa de US$ 260 bilhões a US$ 280 bilhões.
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