BNDES amplia em 26% incentivos para o agronegócio em 2024

Os financiamentos aprovados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o agronegócio brasileiro em 2024 apresentaram um aumento de 26% em relação a 2023, alcançando R$ 52,3 bilhões. Essa expansão reflete o esforço do banco de fomento para ampliar sua participação no setor agropecuário nos últimos anos, conforme divulgado pela instituição nesta sexta-feira, 17 de janeiro.

Agronegócio tem aumento de 26% em financiamentos do BNDES
O agronegócio representa 49% das exportações brasileiras |Foto: Reprodução/Getty Images

O BNDES realizou um total de 191.231 operações, um aumento de 27,9% em comparação a 2023 e 60% em relação a 2022. Essas operações incluem financiamentos diretos realizados pelo banco, além de recursos repassados por agentes financeiros.

Os empréstimos foram destinados a produtores rurais, cooperativas, agricultores familiares e agroindústrias, visando ao custeio e ao financiamento de investimentos em áreas como máquinas, equipamentos, tecnologia e armazenamento, entre outros.

De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a instituição se consolidou como um dos principais apoiadores do agronegócio brasileiro, oferecendo financiamento tanto para grandes produtores quanto para pequenos agricultores e cooperativas. Ele ressaltou que o aumento do crédito agrícola também está alinhado com políticas públicas focadas em incentivar a economia de baixo carbono e a preservação ambiental.

A Conab e o IBGE indicam que a safra de 2025 pode atingir aproximadamente 322 milhões de toneladas de grãos, o que representaria um novo recorde histórico.

Além disso, o BNDES informou que, no ano anterior, aprovou R$ 5,9 bilhões para o estado do Rio Grande do Sul, que sofreu com as enchentes de 2024, que causaram danos significativos em áreas agrícolas, armazenamento, máquinas e outras unidades produtivas.

Agronegócio brasileiro exporta R$ 1 trilhão em 2024

Em 2024, o agronegócio brasileiro alcançou exportações de US$ 164,4 bilhões, o que equivale a R$ 1,004 trilhão (considerando a cotação atual), marcando o segundo maior valor histórico. Esse montante representou 49% das exportações totais do país, o que evidencia a força do setor, mesmo com a queda nos preços internacionais de commodities importantes.

Apesar da redução nas exportações de soja e cereais devido a uma safra menor e preços mais baixos no mercado internacional, o crescimento de outros segmentos, como carnes bovina, suína e de aves (+11,4%), o setor sucroalcooleiro (+13,3%), produtos florestais (+21,2%) e café (+52,6%) compensou essa queda. Além disso, produtos como fibras têxteis, sucos, cacau e derivados, e hortaliças também tiveram um forte desempenho.

Diversos setores do agronegócio brasileiro bateram recordes de exportação em 2024, destacando a relevância do Brasil como fornecedor global de alimentos, fibras e energia. Produtos como açúcar, café, algodão, carne suína, carne bovina, carne de frango, celulose, suco de laranja e óleo essencial de laranja se destacaram. Itens menos tradicionais, como limões, limas, chocolate, preparações de cacau, alimentos para animais de estimação, gengibre, pasta de cacau e cebolas também apresentaram crescimento notável.

A China continuou sendo o principal destino das exportações agropecuárias brasileiras, com US$ 49,7 bilhões, seguida pela União Europeia (US$ 23,2 bilhões) e pelos Estados Unidos (US$ 12,1 bilhões). Além disso, os mercados da África (+24,4%) e do Oriente Médio (+20,4%) também cresceram, impulsionados pela retomada das relações diplomáticas e esforços de promoção comercial.

Esses resultados refletem as ações do governo em diversificar os produtos e mercados de exportação. Em 2024, o Brasil registrou recordes em várias categorias, resultado das novas oportunidades criadas por uma quantidade recorde de aberturas e expansões de mercados. O aumento das ações de promoção comercial também foi fundamental, com foco em cadeias produtivas emergentes e com grande potencial de exportação.

Luís Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais, destacou que o setor continuou a ser vital para a economia brasileira, respondendo por metade das exportações totais do país. Ele ressaltou que esses resultados são fruto do trabalho conjunto entre o governo e o setor privado para aumentar a presença internacional do Brasil, com maior diversidade de produtos e destinos.

Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, mencionou que, para 2025, as expectativas são de novos recordes de safra e produção em vários produtos agropecuários. Ele também enfatizou que a continuidade dos esforços para abrir e expandir mercados, junto ao fortalecimento das ações de promoção comercial, realizadas em parceria com a Apex Brasil e o Ministério das Relações Exteriores, devem gerar mais recordes em volume e valor no próximo ano.

Exportações do agronegócio paulista crescem 9,3% em 2024

O agronegócio do Estado de São Paulo registrou um crescimento de 9,3% em valor entre janeiro e agosto, totalizando US$ 19,81 bilhões e um superávit de US$ 16,05 bilhões. Esses números foram divulgados em nota pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento paulista. No mesmo período, as importações do setor somaram US$ 3,76 bilhões.

Segundo a publicação, a participação do agronegócio no total das exportações do estado foi de 43,6%. Em relação ao comércio exterior total, houve um déficit comercial de US$ 4,44 bilhões, já que São Paulo exportou, de janeiro a agosto, US$ 45,45 bilhões e importou cerca de US$ 49,89 bilhões. O déficit cresceu 68,8% comparado ao mesmo período de 2023.

O instituto destaca que, sem o superávit do setor agropecuário, o déficit do comércio exterior em São Paulo seria ainda maior.

Produtos do agronegócio em queda

Embora o agronegócio tenha registrado bons resultados, alguns produtos apresentaram quedas significativas, como a soja em grãos (-37,7%), o açúcar bruto (-23,7%) e o açúcar refinado (-26,7%). De acordo com o IEA-Apta, no entanto, outros produtos tiveram aumento nos valores, como o café verde (+61,5%), produtos de celulose (+58,6%), carne bovina (+12,2%) e suco de laranja (+94,6%), embora tenha havido uma queda de 15,7% no volume de vendas de suco de laranja.

O instituto destaca que os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista foram: o complexo sucroalcooleiro, com US$ 7,91 bilhões, sendo 93,1% provenientes de açúcar e etanol; carnes, com US$ 2,10 bilhões, sendo 84% de carne bovina; produtos florestais, com US$ 2,05 bilhões, com 53,8% de celulose e 38,6% de papel; soja, com US$ 1,98 bilhão, sendo 80,4% de soja em grão; e sucos, com US$ 1,73 bilhão, com 97,9% de suco de laranja. Esses cinco grupos representaram 79,6% das exportações setoriais do estado, conforme o IEA.

O café, em sexto lugar, teve vendas de US$ 837,61 milhões, com 72,6% referentes ao café verde e 23,5% ao café solúvel.

Entre janeiro e agosto, as exportações dos principais produtos paulistas sofreram variações, com aumentos para café (+32,6%), sucos (+30,6%), complexo sucroalcooleiro (+26,6%), produtos florestais (+15,2%) e carnes (+4,6%), enquanto o complexo soja teve uma queda de 35,5%. O IEA afirmou que essas variações nos valores exportados são resultado tanto das oscilações nos preços quanto nos volumes exportados.

Leia também: Indústria nacional recua 0,6% em novembro, diz IBGE

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