Quando uma mentira que vale um ‘Pix’ prejudica a economia

A fragilidade da economia diante da desinformação é um tema que transcende o caso específico do Pix no Brasil, ecoando, através da história, consequências devastadoras. As mentiras, sempre elas, quando disseminadas em larga escala, têm o poder de corroer a confiança, muitas vezes já fragilizada.

Foi à Folha de São Paulo, logo nos primeiros dias de 2025, que a economista e advogada Elena Landau analisou uma falta de credibilidade no país. “Ninguém confia no amanhã’’. Parecia prever uma desestabilização que movimentou o governo e que bateu em milhões de pessoas. 

O episódio recente envolvendo a fiscalização do Pix e a reação do governo serve como um estudo de caso sobre como a comunicação ineficaz pode agravar uma situação já delicada, abrindo caminho para a propagação de fake news e a manipulação da opinião pública.

Crise das informações distorcidas

Historicamente, a disseminação de boatos e informações falsas sempre desempenhou um papel significativo em crises econômicas. No século XVII, por exemplo, a “Tulipmania” na Holanda foi impulsionada pela especulação e por informações distorcidas sobre o valor dos bulbos de tulipa, levando a uma bolha financeira que culminou em uma quebra generalizada.

Há mais de uma década, a crise financeira de 2008 foi, em parte, resultado da disseminação de informações enganosas sobre produtos financeiros complexos, o que levou ao colapso do mercado imobiliário e a uma crise econômica global (informação não presente nos documentos fornecidos). Esses são apenas alguns exemplos que ilustram o poder destrutivo que a desinformação pode exercer sobre a economia e a sociedade.

No caso do Pix, a divulgação de fake news sobre uma suposta taxação gerou pânico e incerteza, levando o governo a revogar a medida de fiscalização na quarta-feira, 15 de janeiro. Em vez de acalmar a situação, o que se viu foi o reforço da narrativa da oposição partidária, que questionou a necessidade da revogação caso a taxação fosse realmente uma mentira.

Fake news sobre o Pix e seus impactos na economia brasileira.
Diante da repercussão negativa cercada de fake news, Receita revoga ato e irá editar a Medida Provisória | Foto: Reprodução/ Shutterstock

Esse cenário demonstra como a falta de uma comunicação clara e transparente pode abrir espaço para que informações falsas se propaguem e distorçam a realidade, prejudicando a confiança na política econômica — como Elena previa há dias.

Chorar pelo leite derramado não é mais possível. Não apenas na seara financeira, é crucial que o governo combata de forma rápida e eficaz as notícias falsas, utilizando todos os canais de comunicação disponíveis para desmentir boatos e apresentar a verdade dos fatos.

O diálogo aberto com a sociedade, juntamente com ações educativas, pode ajudar a construir confiança e evitar que a população mais vulnerável seja usada como massa de manobra por interesses econômicos obscuros, tornando-se refém de um terrorismo econômico. O objetivo deve ser proteger a economia e as pessoas, garantindo que a informação seja um instrumento de empoderamento e não de manipulação.

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