Nesta terça-feira, 14 de janeiro, a Prefeitura de São Paulo notificou a empresa de transporte por aplicativo 99 contra o início do serviço de mototáxi na capital paulista. O lançamento da modalidade 99Moto ocorreu sem o aval da administração municipal, que já havia se posicionado historicamente contra o transporte de passageiros em veículos de duas rodas.
A medida gerou forte reação do prefeito Ricardo Nunes, que classificou a iniciativa como uma irresponsabilidade. “Ao fazerem isso, os responsáveis pela empresa serão assassinos”, disse Ricardo Nunes, referindo-se aos riscos de aumento de acidentes fatais envolvendo motociclistas.
Dados preocupantes sobre acidentes com motociclistas
O alerta do prefeito ganha peso com os números divulgados pelo Detran. No primeiro semestre de 2024, o número de mortes de motociclistas aumentou 43% em relação ao mesmo período de 2023. Esse dado reforça a preocupação da Prefeitura sobre a segurança no uso de motos como transporte de passageiros.
Desde 2023, o município já havia decretado a suspensão temporária do transporte por aplicativo em motocicletas, evidenciando a resistência ao modelo. Agora, com o lançamento da 99Moto, o debate se intensifica, dividindo opiniões entre segurança pública e acessibilidade no transporte urbano.
A posição da 99 sobre o mototáxi
A 99 defende a segurança da modalidade, citando dados que, segundo a empresa, comprovam a eficácia de sua tecnologia em mitigar riscos.
Desde 2022, quando a 99Moto começou a operar, foram realizadas mais de 1 bilhão de viagens em 3.300 municípios. A empresa afirma que apenas 0,0003% das corridas resultaram em acidentes de trânsito.
Entre as medidas de segurança implementadas estão:
- Alertas de velocidade: avisos automáticos em casos de excesso de velocidade;
- Monitoramento em tempo real: controle contínuo das corridas para identificar comportamentos perigosos;
- Treinamento: cursos e orientações para motociclistas cadastrados na plataforma;
- Protocolo de segurança: todas as viagens são protegidas por seguro e seguem um protocolo rigoroso de atendimento em caso de acidentes.
Além disso, a 99 destaca que todos os condutores da plataforma possuem habilitação, diferentemente da média nacional. Segundo a Senatran, cerca de metade dos 32,5 milhões de motociclistas no Brasil não têm Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
O dilema entre segurança e acessibilidade
O mototáxi representa uma solução rápida e econômica em cidades com problemas de mobilidade urbana. No entanto, o aumento de acidentes envolvendo motociclistas lança uma sombra sobre a expansão desse modelo de transporte.
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Para defensores do serviço, a regulamentação pode garantir mais segurança e condições adequadas para motociclistas e passageiros. Já críticos, como o prefeito Ricardo Nunes, acreditam que o uso de motos como transporte de passageiros é intrinsecamente perigoso, mesmo com medidas de controle.
O Ministro do Trabalho também se manifestou recentemente, sugerindo o veto ao mototáxi em grandes cidades, reforçando a necessidade de avaliar os impactos desse serviço nas metrópoles.
Perspectivas e próximos passos
A notificação da Prefeitura de São Paulo é mais um capítulo na disputa sobre a legalidade e viabilidade do mototáxi em grandes cidades. Com o avanço da tecnologia e o crescente uso de aplicativos de transporte, a regulamentação parece inevitável, mas precisa equilibrar as necessidades de mobilidade com a segurança pública.
A 99, por sua vez, mantém sua postura de defesa ao modelo, afirmando que continuará investindo em ferramentas de segurança e conscientização dos condutores. No entanto, o embate com a Prefeitura de São Paulo destaca o desafio de alinhar inovação tecnológica às demandas locais e regulatórias.
O futuro do mototáxi em São Paulo permanece incerto, mas a discussão levanta questões importantes sobre segurança, acessibilidade e regulamentação no transporte urbano. Enquanto isso, tanto usuários quanto autoridades devem acompanhar os desdobramentos desse caso, que pode servir de referência para outras cidades brasileiras.
