O Grupo Dia anunciou hoje (31) que firmou um acordo para vender sua operação no país para um veículo gerido pela MAM Asset Management, do Master.
De acordo com o banco, não há dinheiro próprio envolvido na operação. A gestora apenas estruturou um fundo para um comprador, cuja identidade ainda não foi revelada.
O grupo espanhol injetará 39 milhões de euros na operação, que tem apresentado resultados deficitários há anos. Segundo o Grupo Dia, a transação representará “uma saída limpa em relação ao comprador, devido à responsabilidade limitada assumida pela sociedade no contrato”.
No total, a operação no Brasil resultará em uma baixa contábil de 101 milhões de euros para o grupo Dia. Além do aporte para a venda, ainda estão incluídos 30 milhões de euros em pagamentos de dívidas financeiras garantidas, 27 milhões de euros para a reclassificação das diferenças de conversão para o real e 5 milhões de euros em despesas associadas à operação.
Em resumo, o grupo espanhol deixará o país, mas ainda não há informações sobre o futuro das lojas Dia Brasil que permanecem abertas – se continuarão operando com o mesmo nome ou não.
Recuperação judicial
Quando entrou com o pedido de recuperação judicial em 21 de março, o Dia possuía uma dívida total de R$ 1,1 bilhão, sendo a maior parte com fornecedores e R$ 268 milhões com bancos.
A venda da operação brasileira ocorre após sucessivos anúncios de reestruturação e recuperação judicial, devido às perdas significativas e constantes registradas pela empresa que atua na Espanha e Argentina.
Uma semana antes do pedido de recuperação judicial, a empresa divulgou um amplo plano de reestruturação, incluindo o fechamento de 343 lojas no interior de São Paulo e em Belo Horizonte, além de três centros de distribuição.
Em 2023, os resultados negativos no Brasil levaram a uma baixa contábil de 60 milhões de euros. A receita líquida foi de aproximadamente R$ 3,9 bilhões.
Ao longo dos anos, a operação brasileira acumulou uma significativa queima de caixa. Em 2023, o prejuízo totalizou 154 milhões de euros, com um fluxo de caixa livre negativo de 37 milhões de euros e uma margem Ebitda negativa de 8,1%.
Fundada em 1993, a rede de supermercados espanhola chegou ao Brasil em 2001. Os problemas começaram a surgir em 2021, quando a empresa começou a reportar resultados financeiros negativos.
No ano passado, em meio a especulações sobre a venda da operação brasileira, o Dia anunciou a nomeação de Sébastien Durchon como CFO no Brasil. Durchon, que anteriormente foi CFO do Carrefour Brasil, assumiu o cargo de CEO este ano.