Estratégia da Anatel para bloquear o X envolve 20 mil operadoras no Brasil

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) confirmou o envio de notificações e a participação da Cloudflare para bloquear a plataforma

Para retomar o bloqueio do X (antigo Twitter) no Brasil e cumprir a determinação judicial do Supremo Tribunal Federal (STF), em vigor desde 31 de agosto, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) notificou, na noite da última quarta-feira, 18 de setembro, mais de 20 mil operadoras de internet no Brasil. A informação foi antecipada por Carlos Baigorri, presidente da Anatel, ao Estadão Conteúdo.

Elon Musk - Anatel
Rede de Elon Musk foi bloqueada pela Anatel por não cumprir determinações judiciais do STF – Foto: Reprodução/Twitter

A Anatel também confirmou a colaboração com suporte técnico da Cloudflare, empresa americana que isolou o tráfego do X. Essa medida evita que o bloqueio afete outros serviços que utilizam a mesma rede. Na madrugada de quarta para quinta-feira, 19 de setembro, o X voltou a funcionar no Brasil.

Cloudflare atua em parceria com a Anatel

Segundo a Associação Brasileira dos Provedores de Internet (Abrint), “o novo software começou a operar de maneira diferente, utilizando endereços de IP vinculados ao serviço Cloudflare”. Na prática, o Cloudflare dificulta o bloqueio do aplicativo.

“Diferente do sistema anterior, que usava IPs específicos e passíveis de bloqueio, o novo sistema faz uso de IPs dinâmicos que mudam constantemente. Muitos desses IPs são compartilhados com outros serviços legítimos, como bancos e grandes plataformas de internet, o que dificulta o bloqueio de um IP sem afetar outros serviços”, explica a Abrint.

O que é um endereço de IP?

Um endereço de IP (Internet Protocol) é um identificador numérico único atribuído a cada dispositivo conectado a uma rede de computadores, como a internet. Ele funciona de forma semelhante ao endereço de uma casa, permitindo que dispositivos se encontrem e se comuniquem entre si.

Existem dois tipos principais de IPs: IPv4 e IPv6. O formato mais antigo é o IPv4, composto por quatro conjuntos de números separados por pontos, como “192.168.0.1”. Já o IPv6 foi criado para aumentar a quantidade de endereços disponíveis e possui uma estrutura mais longa, com números e letras, como “2001:0db8:85a3:0000:0000:8a2e:0370:7334”.

O IP pode ser público ou privado. O IP público identifica um dispositivo na internet, enquanto o IP privado é usado para identificar dispositivos em uma rede local, como em uma casa ou escritório.

O endereço de IP é essencial para o funcionamento da internet, pois permite que dados sejam enviados e recebidos corretamente entre diferentes dispositivos. Assim, cada vez que se acessa um site ou se envia uma mensagem online, o IP é utilizado para garantir que a informação chegue ao destino correto.

Carta aberta contra Elon Musk

Mais de 50 acadêmicos e intelectuais de países como Argentina, França, EUA, Austrália, Reino Unido, Espanha, Suíça e Itália assinaram uma carta aberta que critica duramente as pressões feitas pelo bilionário sul-africano contra o Brasil e pede que “todos os que defendem valores democráticos” apoiem o país.

Elon Musk
Após a suspensão do X pela Anatel, Musk entrou num “embate” contra o ministro Alexandre de Moraes – Foto: Reprodução/Canva

O documento se tornou público na última terça-feira, 17 de setembro, e foi encabeçado por economistas renomados e grandes autores internacionais, conhecidos por suas obras e pesquisas sobre big techs.

Os signatários do documento afirmam estar profundamente preocupados com a soberania digital do Brasil e com o fato de grandes empresas de tecnologia “operarem como governantes” diante da ausência de normas internacionais que regulamentem o funcionamento do governo.

Os autores ainda apontam que o caso brasileiro se tornou um grande expoente no conflito travado entre grandes empresas de tecnologia e aqueles que buscam construir um espaço digital democrático.

“A disputa do Brasil com Elon Musk é apenas o mais recente exemplo de um esforço mais amplo para restringir a capacidade de nações soberanas de definir uma agenda de desenvolvimento digital livre do controle de megacorporações sediadas nos EUA”, afirma a carta aberta.

“Mais do que advertir o Brasil, suas ações enviam uma mensagem preocupante para o mundo: que países democráticos que buscam independência da dominação das Big Techs arriscam ter suas democracias perturbadas, com algumas Big Techs apoiando movimentos e partidos de extrema-direita”, continua.

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