Pesquisa coloca a taxa de juros do Brasil à frente de vários países emergentes, como México e Turquia
Após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) definir o aumento da taxa Selic em 0,25 ponto percentual, o Brasil passou a ocupar a segunda posição no ranking mundial das taxas reais de juros (descontada a inflação), com um percentual de 7,33%, ficando atrás apenas da Rússia, que lidera com 9,05%.
O levantamento realizado pela MoneYou, que compara países em termos reais da taxa de juros, coloca o Brasil à frente de outras economias emergentes, como Turquia (5,47%) e México (5,45%).
Com o aumento de 10,50% para 10,75% na tentativa de conter a inflação, o Brasil mantém uma política restritiva. O Banco Central adota um comportamento mais cauteloso, mantendo a Selic em níveis altos para garantir a estabilidade de preços, o que coloca o país entre as primeiras posições do ranking.
A taxa Selic mais elevada torna o país atrativo para investidores internacionais, especialmente em um contexto de taxas mais baixas em todo o mundo, como nos Estados Unidos (0,98%) e em países europeus, como Alemanha (0,75%) e França (0,97%).
No entanto, essa política possui aspectos negativos, como o encarecimento do crédito para empresas e consumidores, o que pode frear o crescimento econômico.
Situação global das taxas de juros
O alto valor da taxa Selic coloca o Brasil em uma posição estratégica para investidores que buscam maiores retornos em mercados emergentes. Contudo, essa decisão revela os desafios que o país enfrenta, como uma inflação persistente e a necessidade de controle fiscal.
Enquanto o Brasil continua em um momento de aperto monetário, outros países, como os Estados Unidos e países da Europa, têm reduzido as taxas para baixo, para equilibrar o crescimento econômico.
A Rússia, primeiro país do ranking, também utiliza uma política de juros altos para conter a inflação, exacerbada por sanções econômicas e instabilidades internas.
O que são juros reais?
Juros reais são a taxa que leva em conta a inflação, ou seja, mostram o verdadeiro ganho ou custo de um investimento ou empréstimo em termos de poder de compra. Quando falamos de juros, geralmente nos referimos aos juros nominais, que são a taxa anunciada por bancos ou instituições financeiras. No entanto, esses números não consideram a inflação, a alta dos preços ao longo do tempo. Por isso, é importante entender este importante conceito da economia.
Imagine que você investe R$ 1.000,00 em um banco que oferece 10% de juros ao ano. Ao final do período, você teria R$ 1.100,00. Mas, se a inflação foi de 6% durante o mesmo ano, o seu ganho real é menor, pois os preços dos produtos e serviços também aumentaram. Para calcular os juros reais, usamos a seguinte fórmula:
Juros Reais = Juros Nominais – Inflação
No exemplo, seria:
Valores Reais = 10% – 6% = 4%
Isso significa que, apesar da quantia de dinheiro ter rendido 10% nominalmente, o ganho real, descontando a inflação vigente, foi de apenas 4%. Ou seja, você realmente ganhou em poder de compra.
Os juros reais são importantes porque mostram o quanto um investimento ou empréstimo impacta seu poder aquisitivo. Se as taxas forem positivas, significa que o investimento superou a inflação, gerando ganho real para o investidor. Se forem negativos, o poder de compra diminuiu, mesmo que o valor nominal tenha aumentado.
Portanto, ao analisar qualquer aplicação financeira ou empréstimo, é essencial considerar os juros reais, pois eles oferecem uma visão mais clara e precisa do rendimento ou do custo real envolvido.