Boeing deve demitir 17 mil funcionários nos próximos meses

A Boeing já acumula mais de R$ 25 bilhões em prejuízo desde o início de 2019, enquanto mais de 33 mil mecânicos estão em greve desde 14 de setembro

A Boeing deverá demitir aproximadamente 10% de seus funcionários nos próximos meses, o que equivale a cerca de 17 mil pessoas, enquanto enfrenta uma crise financeira e lida com uma greve que paralisou a produção de seus aviões mais vendidos. 

Boeing
Mais de 33 mil mecânicos aderiram a uma greve contra a empresa | Foto: Reprodução/Canva

O novo CEO da empresa, Kelly Ortberg, informou os funcionários em um memorando na sexta-feira, 11 de outubro, que os cortes afetarão executivos, gerentes e operários. Atualmente, a empresa conta com cerca de 170 mil trabalhadores em todo o mundo, sendo que muitos estão empregados nas instalações de fabricação em Washington e na Carolina do Sul.

Crise na Boeing

A gigante da aviação já havia implementado um sistema de férias temporárias e rotativas, mas Ortberg confirmou que essa medida será suspensa devido às demissões iminentes. Além disso, o lançamento do novo avião 777X foi adiado de 2025 para 2026. A produção da versão de carga do jato 767 também será adiada para 2027, após a conclusão dos pedidos atuais.

Desde 2019, a companhia enfrenta uma série de dificuldades financeiras, com perdas que já ultrapassam R$ 25 bilhões. Além disso, cerca de 33 mil mecânicos sindicalizados estão em greve desde 14 de setembro.

Duas rodadas de negociações ocorreram nesta semana, mas fracassaram em chegar a um acordo. Como resultado, a Boeing apresentou uma queixa de práticas trabalhistas contra a Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais.

Queda nas ações

Com o anúncio das demissões, a Boeing também divulgou um relatório preliminar sobre seus resultados financeiros do terceiro trimestre. A empresa revelou que os custos relacionados à crise chegaram a R$ 1,3 bilhão durante o período, e as perdas alcançaram US$ 9,97 por ação. 

A expectativa inicial do mercado era de uma queda de US$ 1,61 por ação no trimestre, de acordo com uma pesquisa da Factset. No entanto, os analistas não previam vários dos ajustes que a Boeing anunciou na sexta-feira.

Esses ajustes incluem uma cobrança de US$ 2,6 bilhões relacionados aos atrasos no programa do 777X, US$ 400 milhões destinados ao programa do 767 e US$ 2 bilhões para projetos de defesa e espaço, que incluem os novos jatos Air Force One, uma cápsula espacial para a NASA e um reabastecedor militar.

O relatório financeiro completo do terceiro trimestre será divulgado em 23 de outubro. A greve tem impacto direto no fluxo de caixa da Boeing, já que a empresa recebe grande parte do pagamento de seus aviões apenas no momento da entrega aos clientes. Com a produção paralisada, esse fluxo de receita foi interrompido.

Os aviões mais afetados pela greve são o 737 Max, o modelo mais vendido pela Boeing, além do 777s e 767s. A Boeing ainda continua fabricando o 787s em sua unidade na Carolina do Sul, que não possui representação sindical e, por isso, não foi afetada pela paralisação.

Kelly Ortberg, CEO da empresa, declarou que o cenário atual coloca a Boeing em uma posição difícil. Ele destacou que “a situação exige decisões difíceis” e que serão necessárias mudanças estruturais para garantir a competitividade da empresa no longo prazo, além de assegurar a capacidade de entregar produtos aos clientes.

Criação da Boeing

A Boeing foi fundada em 1916 por William E. Boeing, um empresário americano com grande interesse na aviação. A empresa teve origem após Boeing adquirir um hidroavião, que sofreu um acidente. Insatisfeito com a demora no reparo da aeronave, ele decidiu construir sua própria, com a parceria do engenheiro naval George Conrad Westervelt.

O primeiro avião fabricado pela empresa foi o “B&W”, um hidroavião de madeira. Logo após a Primeira Guerra Mundial, a Boeing diversificou sua produção, passando a fabricar aeronaves tanto para fins militares quanto comerciais.

Em 1917, a empresa mudou seu nome para “Boeing Airplane Company”, firmando-se rapidamente como uma das maiores fabricantes de aeronaves dos Estados Unidos. Ao longo das décadas seguintes, a Boeing expandiu suas operações, entrando no mercado de aviação comercial, militar e aeroespacial. 

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