Musk alega disputa por práticas anticompetitivas e tentativa de eliminar a concorrência no desenvolvimento de inteligência artificial
Elon Musk decidiu expandir ainda mais sua disputa legal contra a OpenAI, a empresa por trás do ChatGPT, e agora inclui a Microsoft como réu. O processo foi apresentado em um tribunal federal em Oakland, Califórnia, na ultima quinta-feira (14). As novas alegações envolvem acusações de práticas anticompetitivas, Musk afirma que as duas empresas tentam monopolizar o mercado de inteligência artificial (IA) generativa. Esse processo já foi alterado várias vezes, e o empresário continua com as acusações em torno da OpenAI sobre desrespeitar acordos e priorizar lucros em vez do bem público.
Nesta versão do processo, a Microsoft é acusada de atuar junto à OpenAI para prejudicar os concorrentes. Segundo Musk, as duas empresas estão buscando excluir outras empresas de IA do mercado e controlar o setor de forma ilegal. Ele também alega que a parceria entre a Microsoft e a OpenAI está violando leis antitruste — normas que visam garantir a concorrência justa no mercado, evitando monopólios e práticas que prejudiquem os consumidores — ao impedir que os investidores apoiem concorrentes, como a empresa de Musk, a xAI.
As acusações de Musk
Em agosto de 2023, Musk já havia apresentado queixas semelhantes, acusando a OpenAI de ter se desviado de sua missão original de criar IA para o bem da humanidade. Ele afirma que a parceria com a Microsoft transformou a OpenAI de uma organização sem fins lucrativos em uma gigante de US$ 157 bilhões, com foco em lucros. Musk quer anular o acordo de licenciamento exclusivo entre as duas empresas e forçar a OpenAI a se desfazer de ganhos que considera “impróprios”.
A Microsoft, que investiu bilhões na OpenAI, se tornou um dos maiores financiadores da empresa de IA, adquirindo direitos exclusivos para licenciar suas tecnologias. Musk acusa a OpenAI e seu ex-CEO, Sam Altman, de ter se envolvido em negociações prejudiciais que levaram a uma fusão disfarçada entre as empresas. Ele diz que isso contribui para práticas comerciais desleais e que as empresas estão usando sua posição de poder para eliminar qualquer concorrência.
Musk também criticou Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn, e Dee Templeton, vice-presidente da Microsoft e ex-membro do conselho da OpenAI, que agora foram incluídos no processo. Para Musk, essas figuras-chave têm participado ativamente da tentativa de eliminar empresas concorrentes, como a xAI, a empresa de IA que Musk fundou no ano passado.
A xAI tem se destacado como uma concorrente da OpenAI no mercado de IA, e Musk a tem promovido como uma alternativa focada no desenvolvimento de tecnologias mais avançadas. Em março de 2024, a xAI levantou US$ 6 bilhões para acelerar o desenvolvimento de seus modelos de IA, que competem diretamente com os da OpenAI. Musk acredita que a Microsoft e a OpenAI estão tentando impedir sua empresa de crescer ao convencer investidores a não financiar a xAI.
Reações e alegações de Elon
A OpenAI, por sua vez, rebateu as acusações de Musk, chamando o processo de “infundado” e exagerado. A Microsoft se manteve em silêncio e não comentou sobre as alegações feitas por Musk e seus advogados. Em resposta ao processo, a OpenAI também afirmou que Musk parece estar arrependido por não estar mais envolvido com a empresa, o que teria motivado essa série de ações legais.
O empresário, que fundou a OpenAI em 2015, tem uma história complicada com a empresa. Musk deixou a organização em 2018 e desde então criticou o rumo que a OpenAI tomou. A empresa, que começou com uma missão voltada para o desenvolvimento de IA de código aberto e para o bem da humanidade, agora é acusada de ter se desviado dessa missão, priorizando interesses financeiros. Musk afirma que a OpenAI se tornou uma subsidiária da Microsoft, uma corporação com fins lucrativos, e que essa mudança de direção não estava alinhada com as promessas feitas no início.
Em 2023, Musk também acusou a OpenAI de enganá-lo e de não cumprir com os acordos que ele acreditava terem sido feitos para garantir que a IA fosse usada para o bem comum. Ele alegou que a empresa se afastou de seus princípios originais e começou a focar exclusivamente em maximizar lucros, mesmo que isso significasse prejudicar outras empresas de IA.
Implicações e o impacto no mercado de IA
A nova versão do processo também inclui acusações sobre o comportamento de Sam Altman, CEO da OpenAI, que Musk acusa de agir de maneira anticompetitiva e de tentar forçar a fusão de fato entre a OpenAI e a Microsoft. O empresário também alega que a Microsoft e a OpenAI têm trocado informações confidenciais para prejudicar a concorrência.
Além disso, Musk e sua equipe legal acusam a OpenAI de praticar “auto-negociação desenfreada” e de mentir para investidores, mercados e reguladores. O processo também menciona que essas ações anticompetitivas da Microsoft e da OpenAI estão tentando eliminar empresas menores de IA, como a xAI, e impedir que elas obtenham o financiamento necessário para competir de igual para igual no mercado.
A Microsoft, que tem uma relação próxima com a OpenAI desde 2019, investiu cerca de US$ 14 bilhões na empresa de IA e tem licenciado suas tecnologias para seus próprios produtos, como o Bing e o Azure. Com essa parceria, a Microsoft adquiriu uma participação de 49% na OpenAI, o que aumentou sua influência no mercado de IA generativa.
Em meio a essas alegações, Musk tem aproveitado sua posição como um influente empresário para tentar moldar a política em torno da IA. Em 2023, Musk recebeu um convite para atuar como conselheiro do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e ajudar a criar um novo departamento voltado para aumentar a eficiência do governo. Essa posição pode lhe dar mais poder para influenciar as políticas de regulamentação da IA nos Estados Unidos.
Musk também está focado no desenvolvimento de novas tecnologias de IA por meio de sua própria empresa, a xAI, que tem como objetivo criar uma IA mais avançada e com foco em um uso mais ético e seguro dessa tecnologia. Para isso, a xAI está investindo em novos centros de dados e na pesquisa de tecnologias que podem moldar o futuro da inteligência artificial.
Essa disputa legal entre Musk, OpenAI e Microsoft é apenas uma parte da batalha maior pela liderança no mercado de inteligência artificial. Com investimentos bilionários em jogo e o futuro da IA em disputa, essa guerra jurídica provavelmente terá impactos significativos na maneira como as empresas desenvolvem e regulam as tecnologias de inteligência artificial nos próximos anos.
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