Um estudo global realizado pelo Instituto de Pesquisa do Global Times analisou a percepção internacional sobre o progresso e a influência da China. A pesquisa foi realizada entre agosto e novembro de 2024, abrangendo 46 países, com exceção da própria China.
Os resultados indicaram que o poderio nacional da China é amplamente reconhecido como robusto, com destaque para os setores econômico (77%), financeiro (75%) e tecnológico (72%). Entre os jovens, houve uma confiança notável no crescimento tecnológico do país.
A pesquisa foi realizada em 46 países, incluindo membros do G20, Brics e Asean. Foram coletadas 51.332 amostras válidas, tornando-se o maior levantamento já conduzido pela China, abrangendo diversas faixas etárias e métodos de coleta adaptados às realidades locais.
Reconhecimento global e posição de liderança
Mais de 70% dos entrevistados em regiões como África, Brics e Oriente Médio enxergam o poder da China como altamente relevante. Essa visão positiva também é compartilhada por 60% dos participantes da Europa e ASEAN, e mais da metade dos respondentes de países desenvolvidos tem a mesma opinião.
No ranking das maiores potências globais, a China ocupa a segunda posição, atrás apenas dos Estados Unidos (47%). Aproximadamente 20% dos participantes colocaram a China em primeiro lugar, 27% em segundo e 17% em terceiro.Expectativa positiva para o crescimento econômico
A confiança no desenvolvimento econômico da China foi destacada por 80% dos entrevistados. Mais de 90% acreditam que a economia chinesa continuará se expandindo nos próximos dez anos, e cerca de 60% veem o país como a principal fonte de crescimento global.
Regiões com maior confiança:
- Mais de 60% na Europa e nos países desenvolvidos.
- 85% dos entrevistados na África;
- Mais de 70% no Oriente Médio, Brics e Asean;
Envolvimento da China em questões globais
Cerca de 69% dos entrevistados acreditam que a China deve assumir um papel mais ativo nos assuntos globais, enquanto 88% apoiam uma maior presença do país em organizações internacionais. Além disso:
- 80% defendem mais contribuições da China nas áreas de educação, ciência e cultura.
- 75% acreditam que a China deve liderar a manutenção da paz mundial.
A atuação chinesa no Oriente Médio foi especialmente destacada, com 75% dos países da região esperando maior envolvimento da China. Propostas como o cessar-fogo entre Israel e Palestina contam com o apoio de mais de 50% dos respondentes.
Iniciativas globais obtiveram grande respaldo
Propostas como a “Criação de uma Comunidade de Destino Compartilhado para a Humanidade” e a iniciativa Cinturão e Rota receberam cerca de 70% de apoio internacional.
Além disso, 66% dos entrevistados respaldam a “multipolarização mundial equilibrada e justa”, enquanto 50% estão a favor de uma globalização econômica mais inclusiva.
Parceria com o Sul Global e nações em desenvolvimento
A pesquisa destaca a China como um aliado estratégico para o Sul Global. Mais de 60% dos entrevistados em países africanos avaliaram positivamente as ações chinesas, refutando as alegações do “novo colonialismo” promovidas por algumas vozes no Ocidente.
Os resultados mostram que a China é percebida como um agente de modernização e industrialização, particularmente em setores como infraestrutura e economia sustentável.
China se prepara para nova guerra comercial com Trump
Em 2018, os Estados Unidos começaram a cobrar impostos mais altos nos produtos chineses, e isso iniciou uma disputa comercial entre os dois países. Naquela época, a economia da China estava muito forte, mas nos últimos anos a situação mudou.
O mercado de imóveis da China enfrenta problemas, muitas empresas chinesas estão com muitas dívidas e a economia está crescendo mais devagar. Apesar desses desafios, a China está tentando se adaptar e encontrar novas formas de crescer. O governo chinês está tomando medidas para que a economia do país fique mais forte.
De acordo com analistas e economistas, o governo chinês desenvolveu um conjunto de estratégias robustas para lidar com o cenário de tarifas agressivas que Donald Trump, em caso de retorno à presidência, prometeu impor sobre produtos chineses, com taxas que poderiam superar 60%.
Os Estados Unidos estão tentando diversificar seus negócios, ou seja, vender seus produtos para mais países. Isso é importante porque, se eles só vendem para poucos países, podem ter problemas se a economia desses países não for bem. Ao vender para mais lugares, os Estados Unidos ficam menos vulneráveis.
A China está respondendo de uma forma mais direcionada. Ela está escolhendo empresas americanas importantes que trabalham na China e dificultando a vida delas lá, até mesmo expulsando algumas.
As estratégias do governo chinês
O governo chinês tem implementado políticas para impulsionar o consumo interno, visando aumentar a demanda por produtos e serviços locais e reduzir a dependência do comércio com outros países, principalmente os Estados Unidos. Essas iniciativas buscam fortalecer a economia e minimizar os impactos de disputas comerciais futuras.
Dexter Roberts, especialista do Atlantic Council e editor do boletim Trade War, comentou que a China se preparou para essa fase ao longo do tempo, observando que o papel dos EUA em sua rede comercial diminuiu consideravelmente em comparação ao passado.
A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que teve início em 2018 e se intensificou nos anos seguintes, acelerou o processo de desvinculação econômica entre os dois países. O governo chinês, juntamente com as empresas privadas, adotou várias medidas para reduzir os riscos associados à excessiva dependência do mercado americano.
Entre essas medidas, destacam-se a diversificação das cadeias de suprimentos, o incentivo à produção local de bens e componentes anteriormente importados dos Estados Unidos e o estímulo a investimentos em outros mercados. Essas estratégias têm se mostrado eficazes, conforme indicam os dados comerciais, que apontam para uma significativa diminuição da participação dos EUA nas exportações chinesas.
Embora a participação dos países do G7 nas exportações da China tenha caído substancialmente nas últimas décadas — de 48% em 2000 para menos de 30% em 2023 —, a China tem ampliado sua presença no comércio global.
Esse crescimento é impulsionado por fatores como a industrialização do país, a valorização da sua moeda e políticas comerciais mais agressivas. Atualmente, a China representa cerca de 14% das exportações globais, consolidando sua posição como uma das principais potências econômicas do mundo.
Em uma declaração, Wang Shouwen, vice-ministro do Comércio da China, ressaltou a resiliência do país ao afirmar que ele tem a capacidade de enfrentar choques externos e mitigar seus impactos.
No entanto, especialistas afirmam que é improvável que a China adote medidas extremas, como vender grandes quantidades de títulos do Tesouro americano ou desvalorizar ainda mais sua moeda, o yuan, que já perdeu 12% de seu valor nos últimos três anos. Andy Rothman, estrategista da Matthews Asia, comentou que tais ações seriam contraproducentes e que a China tende a evitar retaliações diretas de grande escala.
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