No cenário cada vez mais dinâmico das criptomoedas, a família Trump atraiu atenção com o lançamento de suas próprias moedas digitais. No domingo, 19 de janeiro, Melania Trump, primeira-dama dos EUA, apresentou ao público sua criptomoeda: $Melania. O anúncio veio apenas dois dias após o lançamento do $Trump, moeda virtual promovida pelo ex-presidente Donald Trump.
Ambas as criptomoedas têm gerado curiosidade e debates, com oscilações notáveis em suas valorizações. No caso do $Trump, a moeda possui uma capitalização de mercado estimada em US$ 12 bilhões (cerca de R$ 72 bilhões), enquanto o $Melania alcançou cerca de US$ 1,7 bilhão (R$ 10 bilhões), segundo dados da CoinMarketCap.
Apesar de já ter criticado as criptomoedas no passado, chamando-as de “golpe”, Donald Trump abraçou os ativos digitais durante a campanha eleitoral de 2024, tornando-se o primeiro candidato presidencial a aceitar doações nesse formato. Essa mudança de postura é acompanhada pelo lançamento da empresa de criptomoedas da família, a World Liberty Financial, que se propõe a desafiar o sistema financeiro tradicional com uma “revolução financeira”.
O $Trump foi lançado pela CIC Digital, uma afiliada da Trump Organization, e é mais um passo da família no universo digital. Anteriormente, Donald Trump havia promovido NFTs colecionáveis em 2022. Embora esses NFTs tenham inicialmente alcançado preços superiores a US$ 1.000, o valor caiu drasticamente para cerca de US$ 300, refletindo a volatilidade do mercado.
No entanto, os sites das novas moedas deixam claro que essas iniciativas não têm o objetivo de serem vistas como oportunidades de investimento. Ainda assim, o impacto das criptomoedas $Trump e $Melania no mercado e na campanha presidencial de 2024 da família Trump promete ser um tópico amplamente debatido nos próximos meses.
“Moedas Meme” e o impacto da era Trump nas Criptomoedas
O universo das criptomoedas experimentou uma nova onda de interesse durante a campanha e a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA. Trump anunciou planos ambiciosos para os ativos digitais, incluindo a criação de um “estoque estratégico” de Bitcoin e a indicação de reguladores favoráveis à indústria. Isso gerou expectativas de uma redução nas regulamentações sobre criptomoedas, promovendo um clima mais otimista para o setor.
Após sua vitória, o Bitcoin atingiu uma alta recorde de US$ 109 mil (aproximadamente R$660 mil) conforme relatado pela plataforma Coinbase. Esse marco evidenciou o impacto direto das políticas de Trump no mercado. Outras criptomoedas também aproveitaram o momento, como a Dogecoin, que viu seu valor disparar com o apoio de Elon Musk, figura-chave no universo das moedas digitais e defensor declarado de Trump.
A ascensão da Dogecoin trouxe um foco renovado para as chamadas “moedas meme” — criptomoedas associadas a tendências virais da internet. Entre elas, a moeda de Melania Trump, lançada por meio de sua empresa MKT World, destacou-se. Desde 2021, a MKT World tem sido utilizada pela ex-primeira-dama para diversos empreendimentos, incluindo a venda de retratos de sua época na Casa Branca.
As “moedas meme” são conhecidas por sua facilidade de criação e rápida adesão no mercado. Qualquer pessoa pode lançá-las, e atualmente existem milhares em circulação. No entanto, poucas alcançam o sucesso de $Trump e $Melania, que, com a força das redes sociais e do reconhecimento público, rapidamente entraram no top 100 em valor de mercado.
Curiosamente, a moeda de Melania ultrapassou em valor a Worldcoin, projeto inovador do empreendedor de IA Sam Altman, ilustrando como a combinação de marketing, notoriedade e tendências culturais pode impulsionar essas criptomoedas.
Sob a gestão anterior de Joe Biden, os reguladores tinham levantado preocupações sobre o potencial de fraude e lavagem de dinheiro nas criptomoedas. Agora, com um ambiente regulatório possivelmente mais favorável e figuras de alto perfil investindo no setor, as “moedas meme” e outros ativos digitais prometem desempenhar um papel cada vez mais significativo na economia global.
Conflito de interesses
O lançamento da criptomoeda $Trump foi marcado por polêmicas, com diversas acusações de que o ex-presidente estava usando sua posição para obter lucro financeiro pessoal de maneira predatória. Trump anunciou a moeda poucas horas antes de sua posse, o que gerou críticas sobre o timing do lançamento, levantando questões sobre o uso de sua imagem e poder político para fins financeiros.
Nick Tomaino, investidor em cripto e ex-executivo da Coinbase, uma das maiores plataformas de negociação de criptomoedas, foi um dos primeiros a apontar o caráter questionável do movimento. Em uma postagem nas redes sociais, Tomaino afirmou que “Trump possuir 80% [dos tokens] e lançar a moeda horas antes da posse é algo predatório”, destacando que muitos investidores poderiam ser prejudicados por essa iniciativa, dado o impacto e o risco envolvidos.
Além disso, Adav Noti, diretor-executivo do Campaign Legal Center — um grupo sem fins lucrativos dedicado à ética na política — também condenou o lançamento da moeda. Em entrevista ao jornal New York Times, Noti descreveu a ação como uma forma clara de “lucrar com a presidência”, afirmando que o lançamento da moeda servia como um mecanismo financeiro para que pessoas transferissem dinheiro diretamente para a família do presidente, algo que ele classificou como um ato sem precedentes no cenário político.
Esse movimento levanta questões sobre os limites éticos de figuras públicas no lançamento de ativos financeiros, especialmente quando há um uso evidente da influência política e das funções presidenciais para benefício próprio.
Em meio à crescente popularidade das criptomoedas, esse episódio serve como um alerta sobre a necessidade de regulamentação mais clara e rígida em relação à criação e lançamento de moedas digitais por personalidades políticas.
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