O setor mineral brasileiro alcançou um faturamento de R$ 270,8 bilhões em 2024, marcando uma alta de 9,1% em relação ao ano anterior. Os dados foram apresentados, nesta quarta-feira, 5 de fevereiro, pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que representa as principais mineradoras do país.
O crescimento foi impulsionado pela valorização do dólar e pelo aumento na produção de minério de ferro, que teve uma alta de 8,6% mesmo com a queda de 9% no preço internacional da tonelada do produto.

O minério de ferro, principal commodity do setor, foi responsável por 59,4% do faturamento total e 68,7% das exportações, o que reafirma sua importância para o setor mineral. Outros minerais como cobre e ouro também registraram bons resultados, com aumentos de 25,2% e 13,3%, respectivamente, impulsionados pelo crescimento dos preços no mercado global.
Minas Gerais e Pará, os estados com maior produção mineral, responderam por 76% do faturamento do setor, com R$ 108,3 bilhões e R$ 97,6 bilhões, respectivamente. São Paulo, Bahia e Goiás completam a lista dos cinco estados com melhor desempenho, com destaque para São Paulo, cuja posição no ranking surpreendeu devido ao crescimento na demanda por agregados da construção civil.
Além do faturamento, o Ibram também divulgou um aumento de 8,6% na arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), passando de R$ 6,9 bilhões em 2023 para R$ 7,4 bilhões em 2024.
A previsão de investimentos para o próximo quadriênio também aumentou 6%, de R$ 64,5 bilhões para R$ 68,4 bilhões, com destaque para os projetos relacionados ao ferro e iniciativas socioambientais.
Esses números refletem o crescimento contínuo e a importância do setor mineral brasileiro para a economia do país, com avanços tanto na produção quanto na contribuição para as finanças públicas e o desenvolvimento de infraestrutura.
Balança comercial
Em 2024, o setor mineral brasileiro registrou um superávit de R$ 34,95 bilhões na balança comercial, representando 47% da balança comercial total do país. As exportações cresceram 0,9%, passando de R$ 43,04 bilhões em 2023 para R$ 43,43 bilhões no último ano.
Em contrapartida, as importações diminuíram 23,1%, fechando 2024 em R$ 8,48 bilhões, contra R$ 11,02 bilhões no ano anterior. Em entrevista coletiva, Raul Jungmann, diretor-presidente do Ibram, destacou que a alta do dólar e os efeitos da guerra entre Ucrânia e Rússia, iniciada em 2022, podem ter influenciado esses números.
Jungmann explicou que a antecipação de compras realizada nos anos anteriores, devido ao conflito, não se repetiu em 2024. As empresas, com maior cautela, passaram a fazer estoques, especialmente de potássio, fosfato e carvão, que são itens essenciais para a mineração brasileira e outros setores.
Em relação ao impacto de uma possível nova postura do governo dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump, Jungmann considerou que as exportações brasileiras não devem ser significativamente afetadas.
Atualmente, 80% das exportações brasileiras do setor mineral são destinadas à Ásia, com destaque para a China, o que reduz o impacto de eventuais mudanças nas políticas comerciais dos Estados Unidos. Mesmo no caso de uma alta taxação, ele acredita que o impacto dependerá de sua abrangência, se será geral ou seletiva, atingindo apenas alguns produtos.
Minerais críticos
Raul Jungmann, ressaltou que os negócios envolvendo minerais críticos, essenciais para a transição energética, não devem ser afetados, mesmo com possíveis mudanças nas políticas internacionais. Os minerais críticos são aqueles cuja disponibilidade é limitada, mas cuja exploração tem se tornado cada vez mais urgente devido à sua importância na produção de tecnologias voltadas à energia verde.
Entre esses minerais, estão o cobre, utilizado em usinas eólicas, o silício para painéis fotovoltaicos e o níquel e lítio para baterias. A crescente demanda por esses recursos tem gerado aumento na produção, mas também gerado conflitos nas áreas de exploração, como apontado por um estudo realizado por pesquisadores de universidades federais.
O diretor-presidente, destacou que, apesar das possíveis mudanças de postura do governo dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump, o interesse por minerais críticos permanece forte, com foco em defesa e inovação tecnológica. Ele também ressaltou que, independentemente das decisões norte-americanas, a questão climática continuará sendo uma prioridade para os governos da Europa.
Para Jungmann, a mineração é crucial para a transição energética. “Sem esses minerais, não há como avançar em soluções como baterias, carros elétricos e placas fotovoltaicas. O petróleo é uma energia do passado, enquanto os minerais são essenciais para a sociedade do futuro”, concluiu, reafirmando a importância do setor na busca por uma sociedade neutra em carbono.
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