Entenda como o setor de leitura foi impactado pela era digital

A transformação digital impactou diversas indústrias, e o setor de leitura não ficou de fora. Com o avanço das tecnologias e a popularização dos dispositivos eletrônicos, a forma como as pessoas consomem livros mudou drasticamente. Neste artigo, vamos explorar como a era digital alterou o comportamento dos leitores e o impacto econômico dessas mudanças na indústria editorial.

A ascensão da leitura através dos ebooks e audiobooks

Os ebooks e audiobooks ganharam popularidade nos últimos anos, proporcionando uma nova forma de consumir conteúdo literário. A facilidade de acesso, a praticidade de carregar centenas de livros em um único dispositivo e o preço, geralmente mais baixo do que os livros físicos, são alguns dos fatores que atraem leitores para essas plataformas.

Segundo dados da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), o mercado de livros digitais no Brasil cresceu 12% em 2022, e a tendência é que continue em expansão. A Amazon, com seu Kindle, e outras plataformas como o Google Play Books e o Kobo têm contribuído para essa popularização, oferecendo uma vasta biblioteca de títulos em formatos digitais.

Conversamos com a jovem Julia Marques, 24 anos, que atualmente cria conteúdos sobre leitura para o instagram e tem focado em fazer leituras através do kindle por conta da praticidade. “Com o kindle, sinto que temos um incentivo maior para a leitura nacional, por conta da acessibilidade dos livros nacionais”, conta a jovem. Contudo, ela revela que isso mostra a desigualdade de valorização que as publicações possuem, visto que os nacionais na assinatura do Kindle, são gratuitos, enquanto os internacionais custam alto.

Impacto econômico no setor da leitura

A digitalização da leitura trouxe benefícios e desafios para o mercado editorial. Por um lado, a produção de ebooks tem um custo significativamente menor do que o de livros físicos, pois não envolve impressão, transporte e armazenamento. Isso permite às editoras ofertarem títulos a preços mais competitivos e alcançarem um público maior.

Por outro lado, o aumento na venda de livros digitais pode significar uma redução na receita gerada pelos livros físicos que ainda representam a maior parte das vendas no Brasil. Editoras e livrarias tradicionais enfrentam o desafio de adaptar-se a esse novo modelo de negócios. Muitas livrarias físicas fecharam as portas nos últimos anos, e o faturamento do setor de livros impressos teve queda de 9% em 2021, segundo a Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro.

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Com relação à comparação de custo, Julia revela uma grande economia. “O livro mais barato da minha estante é R$ 50 reais, já a assinatura do Kindle, que posso ler quantos livros eu quiser no mês, é R$20”, explica. Com isso, conta que teve uma economia de no mínimo R$250 reais mensais.

Mudança no comportamento do leitor

A era digital também mudou o comportamento dos leitores. Muitos optam por ler em dispositivos móveis, como smartphones e tablets, pela praticidade e pelo acesso imediato aos títulos. O surgimento de plataformas de assinatura, como o Kindle Unlimited e o Scribd, que oferecem acesso ilimitado a um vasto catálogo de ebooks e audiobooks por uma mensalidade fixa, é outro fator que contribuiu para a mudança nos hábitos de leitura.

Essas plataformas são especialmente populares entre os jovens, os que buscam conteúdo variado e de fácil acesso. A preferência por leituras rápidas e fragmentadas, como artigos e publicações em redes sociais, também tem impactado o interesse por livros extensos.

Desafios e oportunidades para autores e editoras

Com a facilidade de autopublicação, muitos autores independentes têm encontrado na era digital uma oportunidade para divulgar suas obras sem a necessidade de passar por grandes editoras. Plataformas como Amazon Kindle Direct Publishing (KDP) permitem que autores publiquem seus livros diretamente, recebendo royalties por cada venda.

Isso democratiza o acesso ao mercado editorial, mas também cria desafios, como a competição acirrada e a necessidade de estratégias de marketing digital para se destacar. Além disso, a pirataria digital é um problema significativo para autores e editoras, com muitos livros distribuídos ilegalmente na internet.

“Na minha visão, isso acontece devido ao alto custo. Livros que antigamente pagávamos R$20, hoje custa mais de R$40 e isso incentiva a pirataria digital”, explica.

O futuro do mercado de leitura

O mercado de leitura continua a se transformar com as inovações tecnológicas. A tendência é que a integração entre o físico e o digital se intensifique. Livros físicos não desaparecerão, mas sua produção deve se concentrar em edições especiais e limitadas, enquanto os ebooks e audiobooks ocuparão cada vez mais espaço.

“Eu e todas as pessoas que conheço que gostam de ler, gostamos de ter o livro físico para deixar na estante como representatividade da leitura, mesmo lendo o ebook. Acho muito ruim essa tendência de ter menos exemplares físicos, porque o preço eleva muito e isso é complicado. Porém, vejo que as pessoas vão continuar comprando da mesma forma”, conclui.

A realidade aumentada e a gamificação também estão começando a ser exploradas como formas de tornar a experiência de leitura mais interativa. Além disso, o uso de inteligência artificial para a criação de conteúdos personalizados e recomendações de leitura promete trazer novas dinâmicas para o setor.

A era digital trouxe uma nova perspectiva para o setor de leitura, com mudanças significativas no comportamento dos leitores e no modelo de negócios das editoras. Embora a transição para o digital tenha gerado desafios, ela também abriu novas oportunidades para autores e leitores.

Com um planejamento adequado e a adaptação às novas tendências, o mercado editorial pode não apenas sobreviver, mas prosperar em um cenário cada vez mais digital e conectado.

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