Nomofobia: saiba o que é e como tem atingido mais de 60% dos brasileiros

O termo “nomofobia” remete ao medo que se sente ao ficar longe do celular

Apesar do termo ainda ser pouco conhecido, a nomofobia é o medo e a ansiedade gerados pela ausência do celular. Em outras palavras, essa condição pode ser definida como um sintoma da falta de acesso ao smartphone.

iPhone 15 - Nomofobia
Celulares já fazem parte da realidade de boa parte dos brasileiros e podem causar dependência, conhecida como Nomofobia – Foto: Reprodução/Canva

Um estudo publicado pelo site nomophobia.com, portal dedicado a publicações e estudos sobre o tema, aponta que 60% dos brasileiros afirmam se sentir ansiosos quando não estão com os celulares. A análise ainda indica que 87% da população se considera dependente da tecnologia nas atividades diárias.

A pesquisa entrevistou mais de 3 mil pessoas espalhadas por seis países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru), 758 dos entrevistados são brasileiros.

“Os dados mostram que os latino-americanos estão cada vez mais dependentes de seus celulares, o que é preocupante, dadas as implicações psicológicas e físicas que isso tem nas populações”, disse Patrick O’Neill, criador do nomophobia.com e do termo que foi cunhado em 2008.

Aumento do uso dos smartphones contribui para o crescimento da nomofobia

O uso de celulares tem aumentado, constantemente, no Brasil: com 71% dos entrevistados afirmando utilizar um smartphone, enquanto 27% afirmam ter dois. Para 79% o celular não era utilizado para o mesmo fim nos últimos 5 anos, o que demonstra a velocidade das inovações dos aparelhos telefônicos.

Para 87% dos brasileiros, os telefones celulares facilitam as transações financeiras por meio dos pagamentos móveis. Além disso, 70% utilizam o aparelho para entretenimento, como ouvir música, assistir a filmes e jogar, enquanto 57% relatam que ele contribui para a educação ao proporcionar ensino a distância. Outros 30% relataram ter conhecido o parceiro ou a parceira por meio das redes sociais ou aplicativos de namoro.

Como acontece a nomofobia?

Ao utilizar o celular, o cérebro libera um conhecido neurotransmissor da felicidade: a dopamina. Quando uma notificação é recebida, seja uma curtida em uma publicação de mídia social ou uma mensagem de um amigo, o cérebro libera essa sensação de felicidade e recompensa. Essa onda de prazer cria um ciclo de reforço positivo, encorajando a pessoa a buscar mais interações com seu dispositivo.

iPhone 15
iPhone 15 é o celular mais buscado do mês de agosto pelos consumidores – Foto: Reprodução/Canva

Conforme esse ciclo se repete, o sistema de recompensa do cérebro se ajusta ao uso do celular e estabelece um vínculo entre o engajamento digital e o prazer. Com o tempo, isso pode levar a uma superestimulação do sistema de dopamina, contribuindo para a natureza compulsiva do uso do smartphone. O resultado? Um caminho neural esculpido pela busca constante pela próxima recompensa digital, causa da nomofobia.

É possível tratar a dependência do celular pelo SUS?

É possível tratar a nomofobia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Nos últimos anos, a crescente preocupação com o uso excessivo de dispositivos móveis levou à inclusão de tratamentos para a chamada “dependência digital” em alguns serviços públicos de saúde. Esse tipo de dependência pode causar sérios impactos na saúde mental, como ansiedade, depressão, problemas de sono e dificuldades de concentração.

Os CAPS são unidades voltadas para o atendimento de pessoas com transtornos mentais e comportamentais onde uma equipe multidisciplinar, composta por psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais, oferece suporte a quem enfrenta a dependência tecnológica. O tratamento nesses centros é individualizado e pode incluir terapias cognitivas, além de intervenções em grupo para promover o uso consciente da tecnologia.

Somado a isso, os serviços de Atenção Primária à Saúde também podem encaminhar pacientes que apresentam sintomas de dependência digital para serviços especializados. A linha de cuidado passa pelo atendimento psicossocial e, em casos graves, pode envolver internação em unidades específicas de saúde mental.

A conscientização sobre o uso excessivo de celulares e outros dispositivos eletrônicos está ganhando mais atenção no Brasil, com campanhas educativas e suporte crescente dentro do sistema público de saúde. Embora a oferta de tratamento para nomofobia e outros transtornos varie de acordo com a região, o SUS se adapta para atender a essa nova demanda, com novas opções de tratamento para aqueles que buscam ajuda para a dependência digital.

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