O Centro de Inovação Teranóstica em Câncer foi criado com um investimento de R$40 milhões da FAPESP e reúne profissionais de diferentes locais
O câncer está entre as principais causas de morte do mundo, o que o torna um importante problema de saúde pública. Na busca por alternativas para um diagnóstico e tratamentos precoces, a abordagem teranóstica tem ganhado destaque mundial na área oncológica.
Um projeto contemplado pelo fomento do Programa Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) visou a criação de um Centro de Inovação Teranóstica do Câncer (CancerThera).
O programa foi inscrito por professores da Faculdade da Santa Casa de São Paulo em conjunto com professores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e recebeu um investimento de aproximadamente R$ 40 milhões da FAPESP.
O CancerThera desenvolve atividades de pesquisa, inovação e difusão do conhecimento para ser centro de referência mundial no estudo translacional de teranóstica em câncer, ou seja, de pesquisar, inovar e difundir a respeito da abordagem oncológica que envolve, simultaneamente, a ‘terapia’ e o ‘diagnóstico’ de diferentes tumores.
Dentre as linhas de pesquisa, a Profª Dra. Luciana Malavolta Quaglio e o Profº Dr. Leonardo Lima Fuscaldi, docentes da FCMSCSP, estudam sobre identificação de peptídeos, moléculas bioativas, direcionadas a receptores superexpressos em tecidos tumorais e a marcação radioativa destas moléculas para o diagnóstico e/ou fins terapêuticos.
A integração dos professores à equipe de pesquisa do CancerThera gera o desenvolvimento de pesquisas e novas abordagens na área de Medicina Nuclear, com potenciais benefícios à saúde pública e a ciência. Além disso, com o envolvimento dos professores neste amplo projeto, a Faculdade apoiou a criação de um Laboratório de Radioquímica junto ao novo Biotério.
“Esse laboratório é destinado ao desenvolvimento dos projetos que envolvem a radiomarcação dos peptídeos propostos por nosso grupo, além de outras moléculas de interesse”, aponta a professora.
O que é a abordagem teranóstica?
A abordagem teranóstica é uma nova fronteira na medicina personalizada que combina diagnóstico e terapia para o tratamento de doenças, especialmente o câncer. O termo é uma junção de “terapia” e “diagnóstico”, e essa técnica permite que médicos identifiquem e tratem condições de saúde de maneira mais precisa e eficiente.
No contexto do câncer, a teranóstica envolve o uso de agentes específicos que servem tanto para diagnosticar quanto para tratar a doença. Inicialmente, esses agentes são utilizados para detectar células cancerígenas por meio de imagens médicas, como tomografias ou ressonâncias magnéticas. Após a detecção, o mesmo agente ou um similar, carregando drogas terapêuticas, é usado para atacar e destruir as células tumorais, poupando tecidos saudáveis.
Essa abordagem tem como principal vantagem a personalização do tratamento. Ao contrário das terapias convencionais, que geralmente seguem um protocolo padrão para todos os pacientes, a teranóstica permite adaptar o tratamento com base nas características individuais de cada tumor. Isso aumenta a eficácia do tratamento e reduz efeitos colaterais, pois a terapia é direcionada especificamente às células doentes.
Além disso, a teranóstica possibilita o monitoramento contínuo da resposta do paciente ao tratamento. Se a terapia não estiver funcionando como esperado, ajustes podem ser feitos rapidamente, melhorando as chances de sucesso.
A pesquisa na área continua em desenvolvimento, mas já mostra resultados promissores em ensaios clínicos. Com o avanço da nanotecnologia e da biologia molecular, espera-se que a teranóstica se torne uma ferramenta essencial na luta contra o câncer e outras doenças complexas, oferecendo um futuro onde diagnósticos mais rápidos e tratamentos mais eficazes sejam uma realidade acessível para todos.