Mira Murati, ex-diretora de tecnologia da OpenAI, anunciou nesta terça-feira, 18 de fevereiro, o lançamento de sua nova startup, o Thinking Machines Lab (Laboratório de Máquinas Pensantes). Com uma equipe de aproximadamente 30 pesquisadores e engenheiros de grandes empresas como OpenAI, Meta e Mistral, uma startup visa desenvolver sistemas avançados que integram valores humanos, ampliando as aplicações da tecnologia para além das soluções tradicionais.
Murati, que tem uma carreira sólida na OpenAI, recrutou muitos dos melhores talentos de sua antiga empresa. Aproximadamente dois terços da equipe do Thinking Machines Lab são ex-colaboradores da OpenAI, incluindo Barret Zoph, um pesquisador renomado que saiu no mesmo dia que Murati, em setembro.
Zoph ocupará o cargo de chefe de tecnologia da nova startup, enquanto John Schulman, cofundador da OpenAI, será o cientista chefe. Schulman, que deixou a organização em agosto para se concentrar no alinhamento da tecnologia, desempenha também um papel central na nova empresa.
O alinhamento da tecnologia, que visa integrar valores humanos para tornar os modelos mais seguros e confiáveis, será uma das principais prioridades da startup. A Thinking Machines Lab destaca sua abordagem única ao promover o trabalho conjunto entre equipes de pesquisa e produto e ao se comprometer a compartilhar código, conjuntos de dados e especificações de modelos para contribuir com a área de pesquisa.
Murati, que assume o cargo de CEO, ingressou na OpenAI em 2018, onde liderou o desenvolvimento do ChatGPT. Sua saída fez parte de mudanças estruturais dentro da empresa. Antes disso, trabalhei na startup de realidade ampliada Leap Motion e na Tesla.
O Thinking Machines Lab já está em busca de investimentos de capital de risco, e fontes indicam que mais ex-funcionários da OpenAI devem se juntar à startup. Murati segue o exemplo de outros ex-executivos da OpenAI, como os fundadores da Anthropic e da Safe Superintelligence, que também atraíram ex-pesquisadores e conseguiram grandes investimentos
Outras startups de ex-membros da empresa
A Safe Superintelligence (SSI), uma startup de tecnologia criada por Ilya Sutskever, ex-cientista-chefe da OpenAI, também está em processo de captação de recursos, com uma avaliação mínima de US$ 20 bilhões (R$ 116,2 bilhões).
Esse valor representa um aumento significativo na relação à avaliação de US$ 5 bilhões (R$ 29,05 bilhões) na rodada de financiamento anterior, em setembro, quando a empresa arrecadou US$ 1 bilhão (R$ 5,81 bilhões) de investidores como Sequoia Capital, Andreessen Horowitz e DST Global, focados em startups de tecnologia e crescimento acelerado.
A captação de recursos da SSI está desafiando outras empresas do setor a manter altas avaliações, mesmo com as mudanças no mercado, especialmente com o crescimento da startup chinesa DeepSeek, que oferece soluções de baixo custo.
Embora ainda não tenha gerado lucros, a SSI busca criar uma “superinteligência segura” que seja mais avançada que os humanos, mas sob o controle dos interesses da humanidade. As negociações com investidores, antigos e novos, estão apenas começando, e os termos podem variar. O valor exato a ser arrecadado ainda não foi divulgado.
Fundada em junho, a SSI tem escritórios em Palo Alto (Califórnia, EUA) e Tel Aviv (Israel). Além de Sutskever, os cofundadores incluem Daniel Gross, ex-líder de pesquisa na Apple, e Daniel Levy, ex-pesquisador da OpenAI.
Apesar de o foco da empresa ser conhecido, poucos detalhes sobre seus projetos internos foram compartilhados. O interesse dos investidores vem da visão de Sutskever e da abordagem inovadora que sua equipe está desenvolvendo.
Sutskever é extremamente reconhecido por suas contribuições no campo da tecnologia, especialmente no avanço de modelos generativos. Ele foi um dos pioneiros na estratégia de “escalonamento”, que usa computação e dados intensivos para aprimorar os modelos, uma abordagem essencial para o sucesso de ferramentas como o ChatGPT. Essa estratégia também impulsionou investimentos bilionários em chips, data centers e energia.
No entanto, Sutskever logo encontrou limitações devido à escassez de dados para treinamento. Para superar isso, ele focou na fase de “inferência” — quando um modelo treinado executa tarefas — e formou uma equipe para trabalhar nos modelos de julgamento da OpenAI, criando uma nova linha de pesquisa seguida por outros especialistas.
A SSI deixou claro que não busca lucros rápidos. A empresa afirmou que seu objetivo é “escalar com calma”, sem pressões comerciais imediatas. Essa estratégia de organizações diferente da OpenAI, que começou como uma entidade sem fins lucrativos, mas desenvolveu um modelo comercial após o sucesso do ChatGPT. A OpenAI gerou quase US$ 4 bilhões (R$ 23,24 bilhões) em receita no ano passado e espera arrecadar US$ 11,6 bilhões (R$ 67,4 bilhões) em 2025.
Ainda não se sabe exatamente qual será a abordagem da SSI. Em uma entrevista no ano passado, Sutskever mencionou que a empresa está explorando uma nova direção, que ele descreveu como “uma nova montanha para escalar”, mas forneceu poucos detalhes adicionais.
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