Nos últimos anos, Singapura consolidou sua posição como uma das principais potências mundiais na indústria de semicondutores, um setor estratégico que tem sido o epicentro das tensões comerciais globais.
Atualmente, o país responde por cerca de 10% da produção mundial de chips e um quinto dos equipamentos utilizados na fabricação desses componentes essenciais, segundo o Conselho de Desenvolvimento Econômico de Singapura.
O primeiro-ministro Lawrence Wong reforçou essa posição ao anunciar recentemente um investimento de S$ 1 bilhão (4,28 bilhões de reais) para a criação de um centro de pesquisa de semicondutores. Essa iniciativa visa atrair empresas de inteligência artificial e computação quântica, impulsionando o avanço tecnológico do país.
Singapura já abriga plantas de grandes fabricantes dos Estados Unidos, como a Micron, especializada em chips de memória, a GlobalFoundries, que opera na fabricação terceirizada, e a Applied Materials, fornecedora de equipamentos para produção de semicondutores. Entretanto, o país não pretende apenas ser um polo industrial, mas também um centro de inovação e desenvolvimento de tecnologia de ponta.
O cenário, no entanto, enfrenta alguns desafios. A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China trouxe mais atenção para a indústria de semicondutores. Desde que os EUA impuseram restrições à empresa chinesa Huawei em 2019, a produção e distribuição de chips se tornaram questões importantes no mundo todo. Em 2024, os EUA alcançaram novas regras para restringir a exportação de chips avançados para países como China, Irã e Rússia, o que afetou o mercado global.
Singapura tem sido citada em investigações sobre possíveis desvios de chips da Nvidia para a China, contornando restrições comerciais. Um ministro do país afirmou recentemente que apenas uma pequena parcela desses componentes foi fisicamente enviada para Singapura, mas a Nvidia registrou 22% de suas vendas para clientes na cidade-estado. Isso ressalta o papel cada vez mais central de Singapura no comércio global de tecnologia.
O caminho de Singapura rumo à prosperidade
A ascensão de Singapura como um dos países mais ricos do mundo é um reflexo de sua estratégia econômica bem-sucedida. Hoje, o país é um dos maiores centros financeiros globais e tem um dos custos de vida mais altos do mundo. Esse desenvolvimento contrasta fortemente com a realidade da ilha há pouco mais de 50 anos, quando a nação era marcada pela pobreza e escassez de recursos naturais.
A transformação começou após a independência da Malásia, em 1965, sob a liderança de Lee Kuan Yew. O primeiro-ministro implementou um plano abrangente de reformas econômicas, investindo em industrialização, educação e infraestrutura. Singapura rapidamente se tornou um polo manufatureiro para exportação e, posteriormente, um centro financeiro global.
Além da localização estratégica, que facilita o comércio entre China, Índia e o Sudeste Asiático, Singapura se beneficiou de fatores como um ambiente de negócios estável, ausência de corrupção e uma população fluente em inglês e chinês. A cidade-estado também ofereceu incentivos para atrair investidores estrangeiros, além de estabelecer acordos comerciais com grandes economias como EUA, China e União Europeia.
Desafios para o futuro
Apesar do sucesso econômico, Singapura enfrenta desafios que podem impactar seu futuro. O envelhecimento da população, o baixo crescimento da produtividade e a alta desigualdade social são questões que preocupam analistas. A dependência excessiva de mão de obra estrangeira e a falta de grandes empresas locais também são fatores que podem limitar o crescimento da economia no longo prazo.
Outro risco significativo vem das tensões geopolíticas. A guerra comercial entre China e Estados Unidos pode afetar a economia de Singapura, que mantém laços comerciais importantes com ambos os países. O governo local precisa equilibrar essas relações enquanto continua investindo em inovação e tecnologia para se manter competitivo.
Com um modelo de desenvolvimento baseado em planejamento estratégico, inovação e forte participação do Estado na economia, Singapura continuará desempenhando um papel crucial na indústria global de tecnologia e semicondutores, mesmo diante de desafios complexos e de um cenário internacional incerto.
Singapura será a capital de milionários da Ásia até 2030
Singapura deve ultrapassar a Austrália e se tornar o país com a maior quantidade de milionários entre os adultos da Ásia até 2030, de acordo com um estudo divulgado em 2023 pelo HSBC.
O relatório, divulgado na terça-feira, mostra que Singapura vai liderar a região Ásia-Pacífico, seguida pela Austrália, Hong Kong e Taiwan. Também se espera que a porcentagem de milionários nesses quatro países ultrapasse a dos Estados Unidos até o fim da década.
Em 2021, a Austrália estava no topo da lista, enquanto Singapura ficava em segundo, mas o HSBC não detalhou a posição dos EUA naquele ano.
O banco também destacou que a riqueza da Ásia já superou a dos Estados Unidos desde a crise financeira global, devido ao rápido crescimento econômico da região. Países como Vietnã, Filipinas e Índia devem mais do que dobrar o número de adultos com patrimônio de pelo menos US$ 250 mil (R$ 1,4 milhão) até 2030. No entanto, ainda há milhões de pessoas vivendo na pobreza na Ásia.
As projeções sobre a evolução da riqueza das famílias foram feitas com base na população adulta, na renda média per capita e no PIB nominal per capita, segundo o HSBC.
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