A demanda por crédito no Brasil registrou uma queda de 1,1% no primeiro semestre de 2024, conforme dados do Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito da Serasa Experian. Embora essa retração seja preocupante, é importante notar que é menor do que a registrada no mesmo período de 2023, quando a queda foi de 12,5%.
Análise por faixa de renda
O recuo na procura afetou todas as faixas de renda dos consumidores brasileiros. O destaque foi para a faixa de renda de até R$ 10 mil, que apresentou a maior diminuição, com uma queda de 2,6% no semestre. Por outro lado, a faixa de renda entre R$ 500 e R$ 1 mil registrou a menor queda, de 0,5%.
Essa variação nas quedas por faixa de renda pode ser explicada pela diferente capacidade de recuperação econômica e de acesso ao crédito entre os diversos grupos de renda. Enquanto os consumidores de menor renda podem estar recorrendo a fontes alternativas ou simplesmente reduzindo suas despesas, aqueles com renda mais alta talvez estejam sendo mais cautelosos em seus gastos e investimentos.
Desempenho regional
No recorte por unidades federativas, o Amapá se destacou como o estado com a maior procura por crédito nos primeiros seis meses do ano, registrando um aumento de 9,1%. Essa alta pode ser atribuída a fatores locais específicos, como políticas de incentivo ou uma maior necessidade de financiamento por parte da população.
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Em contrapartida, o Distrito Federal apresentou a maior queda na demanda, com uma retração de 8,9%. Esse resultado pode estar relacionado a uma combinação de fatores, incluindo uma possível desaceleração econômica local e um ambiente de maior cautela entre os consumidores da região.
Contexto econômico
A queda na procura ocorre em um contexto de incerteza econômica. A confiança empresarial, por exemplo, cresceu apenas 1,3 ponto em julho em comparação com junho, conforme aponta a Fundação Getulio Vargas (FGV). Além disso, o Banco Central tem adotado uma postura cautelosa em relação à alta dos juros, buscando evitar maiores turbulências no mercado financeiro.
O aumento do preço mínimo e o reajuste do imposto sobre cigarros, anunciado recentemente pelo governo, também podem ter impactos indiretos sobre o consumo e a demanda por crédito. Essas medidas tendem a afetar o poder de compra dos consumidores, o que pode levar a uma maior restrição no acesso ao crédito.
Perspectivas futuras
Apesar da retração observada no primeiro semestre, a expectativa é de que a demanda por crédito possa se recuperar gradualmente nos próximos meses. A Serasa Experian aponta que a diminuição na taxa de queda em comparação com o ano anterior é um indicativo de que o pior da crise de crédito pode ter passado.
Além disso, políticas de incentivo ao crédito e a retomada econômica em algumas regiões podem contribuir para uma recuperação mais robusta. O papel do governo e das instituições financeiras será crucial nesse processo, oferecendo condições mais favoráveis para o acesso ao crédito e estimulando o consumo.
O que podemos entender dessa situação?
A análise da demanda por crédito no Brasil no primeiro semestre de 2024 revela uma retração generalizada, mas com variações significativas entre diferentes faixas de renda e regiões. Enquanto o Amapá se destaca pelo aumento na procura por crédito, o Distrito Federal enfrenta uma maior queda.
O cenário econômico ainda é desafiador, mas há sinais de que a situação pode melhorar nos próximos meses. A redução na taxa de queda em comparação com o ano anterior é um indicador positivo, e as políticas de incentivo ao crédito podem desempenhar um papel fundamental na recuperação.
Os consumidores, por sua vez, devem continuar monitorando suas finanças e buscando alternativas viáveis para o acesso ao crédito, sempre considerando as melhores condições oferecidas pelo mercado. A cautela e a prudência serão essenciais para atravessar esse período de incerteza e aproveitar as oportunidades de crescimento econômico que possam surgir.