O setor de saúde no Brasil enfrenta uma desigualdade significativa entre a quantidade de hospitais em operação e a distribuição de receita, revelando um cenário alarmante de desigualdade. Com 7.309 hospitais em funcionamento no país, apenas uma pequena fração dessas instituições possui os recursos necessários para oferecer serviços de qualidade. Dos hospitais em operação, somente 439 possuem certificações que atestam a qualidade do atendimento e a segurança dos pacientes, evidenciando a disparidade estrutural que permeia o setor.
Dados recentes destacam que 127 hospitais privados, representando uma minoria do total de instituições, concentram aproximadamente R$ 53,84 bilhões em receita, o que equivale à cerca de 60% do total gerado no país. Esse controle dos recursos financeiros por uma pequena parcela de hospitais contrasta com a realidade da maioria das instituições, que enfrentam margens apertadas e desafios crescentes para manterem suas operações.
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Impacto da desigualdade financeira na qualidade do atendimento
A desigualdade financeira tem impactos diretos na qualidade dos serviços prestados. Hospitais associados à Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), que concentram a maioria dos recursos, têm a capacidade de investir em tecnologias avançadas, infraestrutura moderna e treinamento contínuo de suas equipes, resultando em um atendimento de excelência.
Em contrapartida, hospitais que não possuem essa mesma capacidade financeira, lutam para se manter operacionais, enfrentando falta de insumos básicos, equipamentos desatualizados e condições de trabalho precárias, colocando em risco a segurança dos pacientes.
O Observatório Anahp 2023 ressalta que a maioria das acreditações de qualidade no Brasil está concentrada em hospitais associados à Anahp, evidenciando a concentração de recursos e a manutenção de padrões de excelência que estão fora do alcance da maioria das instituições de saúde.
A importância da inovação para a redução das desigualdades
Michel Goya, diretor da Associação Brasileira de Startups de Saúde, expressa preocupação com esse cenário, mas também enxerga uma oportunidade. “As startups de saúde podem desempenhar um papel crucial na redução dessas desigualdades, trazendo inovação, eficiência e novos modelos de gestão que poderiam beneficiar hospitais menores e com menos recursos. No entanto, para que isso se concretize, é necessário um esforço conjunto entre o setor público, privado e as empresas de tecnologia, focado na criação de políticas públicas que incentivem a adoção de inovações em larga escala”, explica.
Em suma, a disparidade entre a quantidade de hospitais e a distribuição da receita no Brasil é um reflexo das desigualdades estruturais que impactam o sistema de saúde. Para que se alcance uma maior equidade no atendimento à saúde, é essencial que o país invista na melhoria das condições dos hospitais menos favorecidos e promova a inovação como um caminho para a justiça e eficiência no sistema de saúde brasileiro.