Bandeira tarifária aumenta a conta de luz em R$ 7,877 a cada 100 kWh consumidos; expectativa de afluência nos reservatórios das hidrelétricas do país é apontada como causa principal
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou na última sexta-feira (30) o acionamento da bandeira tarifária vermelha patamar 2, após um período de mais de três anos sem a utilização deste mecanismo. A decisão, que impacta diretamente o bolso dos consumidores, eleva a conta de luz em R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Segundo a Aneel, a medida foi tomada devido à expectativa de afluência nos reservatórios das hidrelétricas do Brasil, que está cerca de 50% abaixo da média histórica. A bandeira vermelha patamar 2 não era acionada desde agosto de 2021, quando o país enfrentava uma grave crise hídrica. Na ocasião, a escassez de chuvas levou a um cenário crítico para a geração de energia, principalmente nas usinas hidrelétricas, que são as principais fornecedoras de energia do Brasil.
Aumento nas tarifas e uso das termelétricas
O acionamento da bandeira vermelha patamar 2 reflete diretamente na conta de luz dos consumidores, que terão de arcar com um aumento significativo nos próximos meses. A Aneel destaca que o cenário atual é resultado da combinação de baixos níveis de chuva e temperaturas mais altas do que a média histórica, o que eleva a demanda por energia elétrica em todo o país. Diante dessa situação, as usinas termelétricas, que possuem um custo de operação mais elevado que as hidrelétricas, estão sendo acionadas com maior frequência para suprir a demanda energética.
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Em comunicado, a Aneel enfatiza a importância de um uso responsável e consciente da energia elétrica, incentivando os consumidores a adotarem medidas que evitem o desperdício. “Com o acionamento da bandeira vermelha patamar 2, a vigilância quanto ao uso responsável da energia elétrica é fundamental. A orientação é para utilizar a energia de forma consciente e evitar desperdícios que prejudicam o meio ambiente e afetam a sustentabilidade do setor elétrico como um todo”, afirmou a agência.
Desafios futuros e medidas em estudo
O cenário hídrico desafiador foi reconhecido pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que, em despacho obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, destacou as “avaliações recentes” que indicam uma situação complicada para os próximos meses. O ministério já estuda diversas medidas para mitigar os impactos dessa crise, incluindo a possibilidade de acionar uma termelétrica prevista em contrato com a Âmbar Energia, firmado em 2021. Contudo, essa decisão dependerá da análise do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os termos do acordo.Orçamento de 2025 prevê crescimento econômico de 2,64% e inflação de 3,3%
Entendendo o sistema de bandeiras tarifárias da Aneel
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 como uma forma de indicar aos consumidores os custos reais da geração de energia no Brasil. Ele funciona como um sinal de alerta, refletindo as condições de geração e as despesas das distribuidoras. A mudança de bandeira tarifária depende de três fatores principais: o preço de liquidação das diferenças (PLD), o risco hidrológico (GSF) e a geração fora do mérito de custo (GFOM), que ocorre quando há a necessidade de acionamento de usinas com custo superior ao determinado pelo PLD.
No caso de setembro, os fatores que acionaram a bandeira vermelha patamar 2 foram o GSF e o PLD, ambos influenciados pelas condições climáticas adversas e a baixa afluência nos reservatórios.
O modelo de bandeiras tarifárias tem o objetivo de atenuar os impactos financeiros nas distribuidoras de energia, que antes repassavam os custos adicionais somente no reajuste anual das tarifas. Agora, os recursos são cobrados mensalmente, por meio da “conta Bandeiras”, e repassados às distribuidoras, evitando a acumulação de juros e mitigando as perdas financeiras das empresas.
O que esperar nos próximos meses
Com a perspectiva de um cenário hídrico desafiador, os consumidores devem estar preparados para o impacto na conta de luz. A Aneel e o Ministério de Minas e Energia continuam monitorando a situação e estudando medidas que possam minimizar os efeitos dessa crise. Até lá, o uso consciente da energia elétrica permanece como a principal recomendação para todos os brasileiros.