Café: atrasos na exportação fazem Brasil perder R$ 2,6 bilhões

O Brasil deixou de ganhar aproximadamente R$ 2,6 bilhões em agosto devido aos atrasos nos embarques de café, conforme dados divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do País (Cecafé). O problema, que afetou cerca de 1,861 milhão de sacas de 60 kg de café, teve como principal ponto de estrangulamento o Porto de Santos, onde 86% das embarcações destinadas à exportação da commodity precisaram alterar suas agendas.

Impacto financeiro significativo

Com o preço médio da saca de café alcançando US$ 256,55 e o dólar cotado a aproximadamente R$ 5,552, a não realização dos embarques gerou um prejuízo financeiro considerável para o país. A quantia de R$ 2,651 bilhões que deixou de ser captada representa uma perda significativa para um setor que responde por uma parte expressiva das exportações brasileiras.

Os associados da Cecafé, responsáveis por 77% dos embarques totais no país, sofreram diretamente com esses atrasos. A entidade destacou que, apesar dos esforços para manter a regularidade das exportações, os problemas logísticos nos portos brasileiros têm se agravado, dificultando o cumprimento das metas e compromissos internacionais.

Principais causas dos atrasos

Segundo o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 197 das 287 embarcações programadas para deixar os principais portos do país carregadas de café registraram atrasos e tiveram de alterar suas escalas. O maior prazo de espera foi de 29 dias, registrado no Porto de Santos.

O levantamento mostrou ainda que o Porto de Santos, principal ponto de escoamento do café brasileiro, viu o número de atrasos aumentar em 93% em comparação com agosto de 2023, quando 57 navios enfrentaram problemas de escala. Em agosto de 2024, esse número subiu para 110 embarcações. A ineficiência logística no principal porto do país tem gerado preocupações entre os exportadores, que enfrentam desafios para cumprir prazos e contratos com compradores internacionais.

Consequências para o mercado de café

Os atrasos nas exportações não apenas impactam o fluxo financeiro do país, mas também afetam a reputação do Brasil como um dos maiores exportadores de café do mundo. A incapacidade de cumprir prazos pode levar a uma renegociação de contratos e, em alguns casos, até a multas por descumprimento de acordos. Além disso, há o risco de os compradores buscarem fornecedores em outros mercados, o que poderia comprometer ainda mais a participação do Brasil no cenário global de café.

Outro aspecto importante é o reflexo que esses atrasos têm sobre os preços do café no mercado interno e externo. Com a diminuição da oferta disponível, o preço da commodity pode sofrer oscilações, afetando tanto produtores quanto consumidores.

Leia também: Exportações de café ultrapassam 3,7 milhões de sacas em agosto

Soluções e perspectivas

Para mitigar os prejuízos e evitar que os atrasos nas exportações continuem a ocorrer, é necessário um esforço conjunto entre governo e setor privado para modernizar a infraestrutura portuária do país. Investimentos em tecnologia, ampliação da capacidade de armazenamento e melhoria dos processos de logística são algumas das medidas que poderiam ajudar a minimizar os impactos negativos.

A adoção de soluções tecnológicas, como o uso de inteligência artificial para otimizar a gestão dos embarques, já tem sido considerada por algumas cooperativas de café. Além disso, o desenvolvimento de parcerias público-privadas pode acelerar a implementação de melhorias estruturais nos portos, reduzindo o tempo de espera e aumentando a eficiência nas operações.

A diversificação dos portos utilizados para o escoamento de café também pode ser uma alternativa viável. Embora o Porto de Santos seja a principal rota de saída, outros portos menos movimentados poderiam ser utilizados como alternativas para desafogar o fluxo de exportações e garantir que os produtos cheguem ao destino dentro dos prazos estabelecidos.

A importância do setor cafeeiro para a economia

Ele é uma das principais commodities exportadas pelo Brasil e possui um papel fundamental na economia nacional. Em 2023, as exportações de café geraram mais de US$ 9 bilhões em receitas para o país, com o produto sendo comercializado para mais de 130 países. O setor emprega milhões de brasileiros direta e indiretamente, e é um dos pilares da balança comercial do agronegócio.

Dessa forma, garantir a fluidez nas operações logísticas de exportação é essencial para manter a competitividade do Brasil no mercado internacional e assegurar a continuidade do crescimento do setor. A superação dos desafios atuais requer planejamento estratégico, investimento em infraestrutura e uma gestão eficiente dos processos logísticos.

Os atrasos nas exportações evidenciam um problema crônico de infraestrutura e gestão nos portos brasileiros. Para que o país continue a desempenhar um papel de liderança no mercado global de café, é fundamental que sejam adotadas medidas para melhorar a eficiência logística e evitar que novos prejuízos comprometam a economia e a imagem do Brasil no cenário internacional.

Com a demanda global em alta, a capacidade do Brasil de atender a essa demanda de forma eficiente será crucial para manter sua posição de destaque no mercado. As ações tomadas agora para resolver os problemas logísticos serão determinantes para o futuro do setor cafeeiro e, consequentemente, para a economia do país.

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